'Sobre Os Amigos do Partido' (Thiago)
Não pretendo trazer soluções para todas as demandas que temos em relação a essa pauta. Na verdade, neste momento, gostaria de apontar as nossas debilidades com os amigos do Partido.
Por Thiago para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Escrevo essa tribuna com o intuito de refletirmos sobre como qualificar a atuação do que consideramos como amigos do Partido, ou seja, aqueles indivíduos que não fazem parte do Partido, mas que se comprometem a auxiliar a nossa luta socialista de alguma forma, por entenderem a nossa linha partidária como a correta.
Não pretendo trazer soluções para todas as demandas que temos em relação a essa pauta. Na verdade, neste momento, gostaria de apontar as nossas debilidades com os amigos do Partido. Gostaria que levassem em consideração também o fato de eu militar no Movimento Estudantil de São Paulo.
Um Partido que possui uma linha correta e uma atuação qualificada, naturalmente começará a ser procurado por indivíduos que sentem a necessidade de atuar pela Revolução Brasileira, mas que, seja por falta de tempo, por questões psicológicas ou até mesmo por serem neurodivergentes, possuem obstáculos reais para atuar cotidianamente em um Partido. Atualmente, quando isso ocorre, parece que não sabemos muito bem como reagir. Testemunhei casos de camaradas neurodivergentes ou vítimas de algum problema psicológico terem que pedir afastamento ou desligamento do Partido, e mesmo explicando que não gostariam de encerrar ali sua atuação militante, atuando de alguma outra forma no seu espaço de atuação, acabaram sendo totalmente ignorados depois de terem saído das nossas fileiras. Embora um dos motivos desse apartamento total que o Partido teve com esses militantes seja a incompetência organizativa, também acredito que seja por incompetência política: com exceção de pedir financiamento para esses amigos do Partido, não sabemos muito bem o que fazer com eles.
O Movimento Por Uma Universidade Popular, apesar de suas debilidades organizativas e políticas que prefiro não expor em polêmica pública, nos deu um salto qualitativo para atuar com esses aproximados. Indivíduos que concordavam em linhas gerais com nossa atuação no movimento estudantil se uniram a um movimento em que podiam atuar exclusivamente em seu local de estudo (ao invés das atuações estaduais que um militante do Partido tem) e construir uma prática política na universidade democraticamente junto dos militantes do Partido.
É importante investirmos um momento de nossas reflexões para a nossa forma de atuação e organização com os aproximados, porque é exatamente tendo essa prática de camaradagem e companheirismo entre militantes partidários e amigos do Partido que conseguimos construir uma organização que se insira de fato nas bases de nossos locais de atuação, receba a confiança dos trabalhadores e construa concreto e duradouro. Nossos aproximados não devem ser somente espectadores de nossas ações.
Conheço colegas e amigos lutadores de artes marciais, artistas, atuantes na licenciatura, no T.I e na área da saúde e que são comunistas e tem acordo no geral com as ações do nosso Partido, mas que pelos motivos listados acima não conseguem ter uma atuação “profissional” na nossa organização. Literalmente todos esses indivíduos podem construir algo incrível conosco. Por isso, se torna imperativo a criação de espaços em que esses companheiros participem e construam conosco uma atuação eficiente na realidade. Nossos amigos e aproximados possuem potencial demais para serem chamados somente quando precisamos vender rifa.