'Sobre o nome do partido e nossa simbologia' (Camarada Gestohlen)

Minha crítica não é sobre buscarmos uma imagem própria de movimento revolucionário brasileiro tal como os símbolos que representarão o socialismo com características brasileiras, mas combater a noção de que o passado deva ser deixado para trás.

'Sobre o nome do partido e nossa simbologia' (Camarada Gestohlen)
"Nós só podemos avançar por conta dos nossos erros passados, de nossas experiências e das adaptações às condições materiais que se alteram inevitavelmente. Não se trata de glorificar um passado perdido ou de reconstruí-lo, mas ter em mente o processo histórico que levou as coisas a serem do jeito que são hoje, e tentar traçar, com base no materialismo-histórico dialético, quais serão os próximos desenvolvimentos."

Por Camarada Gestohlen para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Escrevo esta tribuna como resposta ao camarada Gabriel Andrade porque certas propostas de identidade do nosso partido vêm me incomodando bastante, principalmente por algumas apresentarem ideias que, ainda que possuam propostas destinadas a exaltar elementos nacionais como a raça, a história de resistência contra a escravidão como Palmares etc, acabam por jogar fora todo nosso passado, em um fetichismo pelo novo e moderno. Ser revolucionário não é abandonar o passado para criar algo novo ex nihilo.

Minha crítica não é sobre buscarmos uma imagem própria de movimento revolucionário brasileiro tal como os símbolos que representarão o socialismo com características brasileiras, mas combater a noção de que o passado deva ser deixado para trás. Nós só podemos avançar por conta dos nossos erros passados, de nossas experiências e das adaptações às condições materiais que se alteram inevitavelmente. Não se trata de glorificar um passado perdido ou de reconstruí-lo, mas ter em mente o processo histórico que levou as coisas a serem do jeito que são hoje, e tentar traçar, com base no materialismo-histórico dialético, quais serão os próximos desenvolvimentos.

Certamente, o movimento revolucionário comunista deve sempre buscar novas estratégias e táticas para lidar com a concretude, não obstante, há certas coisas que não podem jamais abandonar, com o risco de nos desviarmos do marxismo-leninismo. Entre essas coisas, destaco nossa ontologia/método do materialismo histórico e a forma do partido leninista, ou seja, o PARTIDO COMUNISTA. Todas as adaptações deverão ser feitas em congressos, disputas de linha etc, mas nossa forma e conteúdo deve permanecer sempre sendo o Marxismo-Leninismo. Não porque ele seja a forma final e mais bem preparada para a revolução brasileira, mas porque ele possui a base necessária para um movimento comunista exitoso: o centralismo democrático.

Todo desenvolvimento dentro da perspectiva do materialismo histórico ocorre a partir da superação das condições preexistentes; não somos nós que ditamos como a história é criada, ou como deve ocorrer nossa luta, assim como nós não determinamos as possibilidades de ação, nem podemos simplesmente idealizá-las em nossas mentes: essas coisas já estão dadas por conta de processos materiais passados que limitam nossa liberdade de escolha.

Mas o que isso tem a ver e por que escrevo essas reflexões antes de colocar meu ponto? Porque é preciso apontar para alguns fatos materiais: 1) O movimento comunista possui a foice e o martelo como símbolo que já se enraizou na história e que está sendo constantemente atacado; 2) a foice e o martelo é um símbolo forte e que gera polêmica dentro do imaginário político nacional e internacional, no sentido em que quando ele é atacado, quem está sendo atacado é justamente nós; 3) Esse símbolo representa a terceira internacional da qual surgiu nosso partido que possui sim 100 anos de derrota, fracasso e renascimento, mas cujo XVIII congresso finalmente nos dará os primeiros passos em direção ao caminho correto do Leninismo: SOMOS UMA CONTINUAÇÃO de tudo que deu certo e errado.

Mas não me entendam mal, não se trata de uma defesa para manter inalterados a foice e o martelo ou do nome Partido. Muito menos recuperar seu passado como Partido Comunista Seção Brasileira da Internacional Comunista PCSBIC/ Partido Comunista do Brasil P.C.B./ Partido Comunista Brasileiro. Trata-se de defender com unhas e dentes que qualquer que seja a mudança deverá haver o nome COMUNISTA no partido e deve haver FOICE E MARTELO com algumas adições que simbolizem nossa brasilianidade. Portanto, eu defendo que rejeitemos qualquer nome ou que retire o termo COMUNISTA do partido e ou símbolo que jogue fora a Foice e o martelo. Se há vontade de mudar, que seja a partir do que já está posto!