Sobre a reorganização editorial das Tribunas

“Naturalmente, a aplicação deste princípio na prática, por vezes, dará origem a disputas e mal-entendidos; mas somente com base neste princípio todas as disputas e todos os mal-entendidos podem ser decididos de maneira honrada para o Partido."

Sobre a reorganização editorial das Tribunas


Camaradas,

A retirada temporária do ar da tribuna “Carta de desligamento do CR RR/RS” (Daniele Mereb), publicada às 9 horas de terça-feira (15) e republicada por volta do meio dia, provocou diversos questionamentos justos. Na Comissão Política do Comitê Nacional Provisório, assim como na diretoria do Órgão Central de Imprensa, o episódio evidenciou a necessidade de estabelecer um fluxo mais adequado de informações entre essas duas instâncias, aprimorar o trabalho de imprensa e de direção política e estabelecer um método de trabalho mais eficiente de recebimento, revisão e publicação dos textos enviados como subsídios para os debates do XVII Congresso Extraordinário.

Desde o início da publicação das tribunas, esse trabalho editorial orientou-se apenas por duas restrições: por um lado, a vedação à publicação de ofensas pessoais e palavrório de baixo calão; por outro lado, a vedação relativa à exposição de processos disciplinares em andamento. Nesse sentido, mais de um texto foi revisado, quando de sua publicação, a fim de suprimir trechos ofensivos supérfluos, que desqualificavam e rebaixavam as discussões políticas de fundo por meio de meros insultos pessoais, podendo até mesmo descredibilizar nosso veículo comunicacional como um todo. Um outro exemplo digno de menção é o caso de um texto recebido que, marcado por um forte teor antissemita, foi recusado, uma vez que, para além desses dois critérios formais, nossa Tribuna não pode se eximir da sua responsabilidade em não reproduzir quaisquer formas de opressão.

No entanto, o atual método de trabalho, no tocante à revisão e publicação das tribunas de debates, tem estado excessivamente concentrado em poucos camaradas. Isso concorreu para que, no dia 15/11, fosse publicado sem revisão o texto supracitado, a despeito de o texto conter excertos que justificariam a solicitação de revisão nos termos acima indicados. Ao mesmo tempo, o título do texto ensejou dúvidas acerca da sua pertinência em nossa Tribuna. A avaliação feita pela Comissão Política do Comitê Nacional Provisório no primeiro momento foi de que se tratava de uma carta de desligamento enviada a uma instância, um documento interno, além da presença de palavras de baixo calão, que são vedadas no site. Por isso, a autora do texto deveria ser comunicada para reenviá-lo com essas duas alterações formais, que certamente não alterariam a substância política das suas críticas, totalmente permissíveis e livres em nossa imprensa partidária.

Contudo, em uma avaliação precipitada e errônea, a Comissão Política do Comitê Nacional Provisório optou pela suspensão da publicação, até que pudesse concluir seus debates acerca dessas questões. Como agora é evidente, a retirada do texto do ar teve um efeito desorganizador muito mais grave do que os males pontuais que se buscava remediar, produzindo uma aparente intenção de cerceamento das críticas. Vale frisar, nesse tocante, a fim de que não paire qualquer suspeita injusta, que essa decisão foi exclusiva da CPN, não envolvendo qualquer membro do CR-RS - alguns dos quais, inclusive, também apresentaram seu protesto à Assistência pela retirada do texto do ar, a despeito de eventuais discordâncias de mérito com o mesmo. A decisão foi tanto mais precipitada e incorreta na medida em que o conjunto da CPN conclui por unanimidade, poucas horas depois, que as questões formais apresentadas inicialmente eram irrisórias diante do significado político da publicação do referido texto.

Nesse sentido, são plenamente compreensíveis as dúvidas e os incômodos com a hipótese de censura da tribuna de debates. Reafirmamos que a liberdade de toda a crítica que não viole a unidade de ação (ou seja, a chamada “polêmica pública” nos termos definidos por Lênin) é um princípio que une o Movimento pela Reconstrução Revolucionária do PCB, e que as Tribunas de Debate ao XVII Congresso são a prova de que essa publicidade da polêmica partidária é estimulante para a formação e formulação dos militantes. Como dizia Vladímir Ilitch: “Naturalmente, a aplicação deste princípio na prática, por vezes, dará origem a disputas e mal-entendidos; mas somente com base neste princípio todas as disputas e todos os mal-entendidos podem ser decididos de maneira honrada para o Partido.

Por isso, republicamos o texto, entendendo que a repercussão da decisão formal foi sobretudo política, e que são necessários estes esclarecimentos e autocríticas aqui prestados.

As Tribunas de Debate seguem tendo por princípio editorial não restringir o debate público. Visando evitar que problemas procedimentais como o de hoje se repitam, a diretoria irá aprimorar os mecanismos de recebimento do e-mail e revisão pelos editores, para que problemas de forma possam ser resolvidos com os autores/as das tribunas em tempo hábil e antes da publicação, evitando a reincidência de mal-entendidos desse tipo. Apenas coletivizando ainda mais a responsabilidade editorial poderemos assegurar o maior profissionalismo e a mais plena democracia em nossa imprensa.

Comissão Política do Comitê Nacional Provisório