'Sobre a Religião e a liberdade religiosa' (Matheus Henrique Mattos)
Não existe democracia sem a crítica à religião. Sabemos que a religião deve ser praticada por todos, mas a crítica a ela é o princípio de todo o pensamento científico.
Por Matheus Henrique Mattos para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Vivemos em uma democracia que se diz laica, mas vemos que muitas casas legislativas ainda ostentam bíblias e crucifixos. Embora o artigo 5º da nossa constituição assegure a liberdade de consciência e de crença, na prática, esse artigo parece não existir para os burgueses. Para Marx, a alma do Estado estaria em outro plano, e isso se reflete em líderes como Bolsonaro, cuja retórica é vazia e manipuladora.
O artigo 5º, inciso VI da constituição, estabelece: "É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias."
Salguemos um pouco nossos olhos, camaradas. Sabemos que Lenin elogiava a democracia das comunidades apostólicas primitivas. No Brasil, as comunidades revolucionárias de hoje são os terreiros. Devemos olhar para a religião através do materialismo histórico-dialético e da luta de classes, a perspectiva dos oprimidos. O Brasil, um país colonizado, tem no cristianismo uma religião que perpetua o poder de líderes religiosos estoicos, que se dizem Marco Aurélio do Estoicismo, os estadistas do Brasil.
A liberdade deve existir também para a crítica. Na Alemanha, os jovens hegelianos, pautaram a maior parte de suas críticas a partir da crítica à região de Feuerbach, pois a premissa da religião seria a raiz de toda a crítica. Parte da ideologia criticada por Marx, em sua "Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”, é calcada na religião, pois Hegel era cristão e essa era sua infinitude: a crença pela alma, a alma da constituição.
Nesse livro que Marx afirma que "a religião é o ópio do povo". Mas essa crítica vai além: ‘’...a critica do céu transforma-se, assim, na critica da terra, a critica da religião, na critica do direito, a critica da teologia, na critica política.’’
Não existe democracia sem a crítica à religião. Sabemos que a religião deve ser praticada por todos, mas a crítica a ela é o princípio de todo o pensamento científico. Apesar dos defensores do desining inteligente tentarem colocar Deus acima de tudo, precisamos nos lembrar de que "o ópio, 2+2=4, =5, três é um, três poderes, a santíssima democracia" são artifícios que tentam consolidar ideologias que levam à alienação e à crença na democracia burguesa, nos três poderes, no utilitarismo que é sinônimo burocracia.
Religião é aquela brisa, que a fumaça da representação se esvai, o dual é um o um é dual. Não esqueçam que a vanguarda deve usar o método do materialismo histórico-dialético para ler a realidade. A Bíblia pode ser lida e a fé exercida, mas sempre com críticas. Sabemos das contradições, do machismo e da homofobia presentes na religião.
Lenin, em "O Estado e a Revolução", comenta sobre o cristianismo primitivo e as comunidades apostólicas, perseguidas pelo Estado, mas que exerciam uma democracia orgânica. Essas comunidades são elogiada por Lênin por terem dado o passo inicial da democracia, mesmo que em sua forma primitiva, assim como as Comunas. Esses apóstolos eram perseguidos e apedrejados pelo Estado por seu espírito de pregação e espírito democrático. Jesus também o foi pela sua própria fé perseguido e apedrejado pela Igreja. por serem perseguidos pelo Estado. Jesus também foi pela fé, pela própria igreja. A mensagem de Lênin sobre o cristianismo é enfatizar a sua não desistência da fé, mesmo que proibida pelo estado eles iam até o fim para a Revolução. A fé faz o povo acreditar em algo que não vai existir aqui, no fim precisam acreditar em algo além, vivemos uma vida miserável um além deve existir.
Quando digo em minha tribuna 'Origem do pentecostalismo, e como a religião influencia a política', lembro do pentecostalismo revolucionário de William Seymour, que surgiu como resposta à segregação racial nos EUA. As igrejas de negros, barrados das igrejas brancas, refletiam o racismo estrutural estadunidense. Nas favelas e comunidades do Brasil, as igrejas têm um papel similar, oferecendo alívio espiritual em meio à dor, embora algumas pessoas se viciem nessa "fumaça" da religião, assim como outros se viciam nas drogas
Porém, lembrequemos que Marx, no Manifesto Comunista, critica o socialismo feudal, que, ao perder espaço para a burguesia, lamenta o passado e teme o futuro, mas falha em compreender a história moderna. Como Marx disse: "Foi assim que surgiu o socialismo feudal, um misto de lamento, pasquim, eco do passado e vaticínio das ameaças futuras - por vezes, atingindo a burguesia no coração com veredictos amargos e espirituosamente dilacerantes, mas sempre causando impressão engraçada, graças à sua total incapacidade de compreender o curso da história moderna.".
Termino com isso camaradas, e bem vindos ao feudo.