Sindicatos de São Paulo iniciam plebiscito contra a privatização de serviços essenciais à classe trabalhadora
O Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) pretende privatizar o Metrô, a CPTM e a Sabesp. Trabalhadores de diversas categorias trabalham com a perspectiva de greve unificada.
Por Lígia Orlandin
Os sindicatos dos Ferroviários, Metroviários e Empresas de Água e Esgoto, como a Sabesp e a EMAE, lançaram na última terça-feira (05 de agosto) o plebiscito para referendar a opinião popular sobre a privatização dos serviços essenciais em São Paulo. A atividade organizada na quadra do Sindicato dos Bancários contou com a participação de trabalhadores de diversas categorias, partidos políticos e movimentos sociais, marcando o que pode ser o início de uma rearticulação do movimento sindical ao nível estadual.
Entre as falas dos presentes, houve consenso sobre as privatizações defendidas pelo governador Tarcísio de Freitas e sua base aliada na Assembleia Legislativa de São Paulo significarem o aumento das tarifas e piora dos serviços prestados à população.
A avaliação é que a estatal mais próxima de ser privatizada é a Sabesp - promessa de campanha do governador, que já busca aliados entre os prefeitos para concretizar a medida, uma vez que poucos desejariam associar seu nome à privatização total da empresa no próximo ano, que será marcado pelas eleições municipais. Hoje a Sabesp já possui boa parte de seu capital privado, totalizando 49,7%.
Um exemplo dado pelos presentes sobre como a privatização da Sabesp afetaria diretamente à vida da população é a do Rio de Janeiro: A Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgoto), privatizada em 2021, a partir de um plano do BNDS do governo do Rio, já demitiu 1,8 mil trabalhadores, elevou a tarifa da água (donos de estabelecimentos como restaurantes e bares denunciaram um aumento de até 800% nas contas), além de ter implementado uma “tarifa social” às famílias em situação de vulnerabilidade, que segundo José Antonio Faggian, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, totaliza mais de R$90,00.
O transporte sobre trilhos também já evidencia a precarização resultante das privatizações, como ressaltado por Camila Lisboa e Altino Prazeres, ambos do Sindicato dos Metroviários. A Linha 4-Amarela do Metrô e as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, privatizadas, apresentaram só neste ano o triplo de falhas. Dentre os 16 episódios ocorreram, inclusive, descarrilamentos. Enquanto isso, trabalhadores que atuam na construção da Linha 6-Laranja, que assim como a Linha 4-Amarela também é gerida pela empresa Via Quatro, atravessam dias de paralisações há meses para reivindicar direitos trabalhistas básicos previstos em lei, como assistência médica e vale-alimentação.
Para Mariana Amaral, secretária geral do Sindicato dos Médicos de São Paulo (SIMESP) e militante do PCB-RR, as privatizações também afetam diretamente a saúde da classe trabalhadora, através do saneamento público e das condições mínimas para assegurar uma jornada digna para a população, que perpassa também pelo seu deslocamento aos locais de trabalho. A categoria se junta à luta dos demais setores no esforço de unificar o movimento sindical, sobretudo do funcionalismo público de São Paulo.
Representantes do movimento estudantil também se fizeram presentes no ato de lançamento e reforçaram que os estudantes estarão na linha de frente contra as privatizações e organizando o plebiscito: “As privatizações são uma movimentação do grande capital que enfrentamos cotidianamente em São Paulo. Nós que estudamos e trabalhamos, lidamos com as ameaças de privatização das universidades públicas, cobranças de mensalidades, além da terceirização dos serviços.” disse Gabriel Tavares, diretor de Políticas Educacionais da União Nacional dos Estudantes e militante da União da Juventude Comunista.
Outras categorias de trabalhadores devem se somar à mobilização para uma greve geral. É o caso dos professores do Estado de São Paulo, assim como dos profissionais da enfermagem, que nacionalmente se encontram em luta pelo piso salarial da profissão, tendo articulado uma forte e importante paralisação em junho.
O Plebiscito ocorrerá até o dia 05/10, e contará com o engajamento dos comunistas na tarefa. Urnas serão abertas em diversas localidades - como estações de metrô e trens, além de escolas, universidades e bairros. Para organizar a campanha, votar ou abrir uma urna, basta entrar em contato nas redes sociais do PCB-RR.