Servidores da EBC em greve contra ataques aos direitos trabalhistas
A paralisação já conta com a adesão de 90% dos jornalistas, impactando veículos como a TV Brasil, Agência Brasil, Rádio Nacional, entre outros. Os servidores denunciam a tentativa de estabelecer um modelo de remuneração por hora, que fere o direito histórico da categoria de jornalistas.
Por Redação
Os servidores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) entraram em greve nesta terça-feira (03/09) em resposta à tentativa da empresa de reduzir salários e desrespeitar direitos trabalhistas. A paralisação já conta com a adesão de 90% dos jornalistas, impactando veículos como a TV Brasil, Agência Brasil, Rádio Nacional, entre outros. A mobilização surge em um momento de ataque direto à categoria, com a proposta da direção da EBC de alterar o Plano de Cargos e Remunerações (PCR), reduzindo os salários em até 12% e desrespeitando a jornada especial de trabalho prevista na CLT desde 1943. Os servidores denunciam a tentativa de estabelecer um modelo de remuneração por hora, que fere o direito histórico da categoria de jornalistas e abre um perigoso precedente que pode ser seguido por outras empresas públicas e privadas.
Na quarta-feira (04/09), os trabalhadores vão fazer um ato em frente ao Palácio do Planalto, buscando pressionar o governo federal a intervir na direção da EBC e garantir um tratamento isonômico entre as carreiras de nível superior da empresa, como acontece atualmente. Eles exigem que o novo PCR não seja usado como instrumento para precarizar o trabalho, mas que sirva para melhorar as condições de todos os trabalhadores da comunicação pública. É necessário destacar que a luta dos jornalistas da EBC não se limita a uma questão salarial. Trata-se de uma luta contra a tentativa de enfraquecer os direitos trabalhistas conquistados com anos de mobilização e resistência. A proposta da empresa pública de comunicação nacional ameaça não apenas os direitos dos jornalistas da EBC, mas de toda a categoria, ao propor um modelo que reduz salários e desvaloriza a profissão.
A EBC é uma peça fundamental na luta por uma comunicação pública que sirva aos interesses do povo, e não aos de uma elite econômica ou política. A EBC tem o potencial de ser um espaço de produção e difusão de conteúdos que reflitam a diversidade cultural e social do país, rompendo com a lógica mercadológica que domina as grandes corporações de mídia. No entanto, a própria existência da EBC está constantemente ameaçada por políticas de desmonte, corte de verbas e precarização das condições de trabalho, que refletem uma tentativa de enfraquecer a comunicação pública e mantê-la submissa a interesses governamentais e empresariais.
É crucial que a luta dos trabalhadores da EBC por melhores condições de trabalho e contra o rebaixamento salarial seja compreendida como parte de uma batalha maior pela defesa de uma comunicação pública forte, democrática e independente. Não basta apenas garantir a existência da EBC; é necessário que ela funcione plenamente, com trabalhadores valorizados e livres para cumprir sua missão social.
A greve dos servidores da EBC é justa e necessária, e é fundamental que a greve não se restrinja às negociações por cima, lideradas por dirigentes que historicamente têm se mostrado conciliadores com os governos petistas. Para que essa luta seja realmente eficaz, é necessário que ela parta da organização autônoma dos trabalhadores da base, rejeitando as tendências conciliatórias e denunciando as manobras que buscam esvaziar o caráter combativo e independente da mobilização.
É preciso que essas mobilizações não caiam em uma postura muitas vezes contraditória, que oscila entre apoiar mobilizações pontuais e manter uma posição de acomodação frente ao governo federal, do qual a EBC é uma empresa estatal. É essencial que a luta dos servidores não seja capturada por interesses burocráticos que visem apenas a uma negociação limitada, sem enfrentar os ataques mais profundos aos direitos trabalhistas. A greve deve ser uma oportunidade para reforçar a independência e a radicalidade do movimento sindical, rompendo com o imobilismo e construindo uma verdadeira frente de combate contra a precarização do trabalho e os ataques ao serviço público.