Segue para o senado projeto que promove terceirizações no serviço público
Câmara aprovou projeto que exclui da Lei de Responsabilidade Fiscal as despesas com contratações terceirizadas que passem do limite de gastos com pessoal.
Por Redação
Em um movimento que aprofunda a precarização do trabalho e a desvalorização do serviço público, a Câmara dos Deputados aprovou, no final de agosto, com 370 votos favoráveis e apenas 15 contrários, um projeto de lei que altera a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para excluir as despesas com contratações terceirizadas do limite de gastos com pessoal. A proposta, que tramita agora no Senado, representa uma grave ameaça ao fortalecimento do serviço público e aos direitos dos trabalhadores.
Ao ampliar a categoria de “Outras Despesas de Pessoal” — que engloba contratos com empresas privadas, organizações sociais, cooperativas e entidades do terceiro setor —, o texto aprovado permite que União, estados e municípios ampliem a terceirização de serviços essenciais sem enfrentar as restrições orçamentárias impostas pela LRF. Na prática, esta mudança autoriza uma "folha de pagamentos paralela" que favorece a contratação de trabalhadores sem direitos garantidos, como estabilidade, salários dignos, e condições adequadas de trabalho.
Essa manobra escancara as portas para a exploração de trabalhadores terceirizados, geralmente submetidos a salários mais baixos, vínculos instáveis e condições de trabalho precárias. A proposta reforça a tendência de substituição de concursos públicos e contratações diretas por acordos com empresas privadas e entidades que oferecem serviços a custos mais baixos à custa da qualidade e da dignidade do trabalho. O resultado é a transformação de áreas fundamentais como saúde, educação, segurança, e saneamento em negócios lucrativos, em detrimento do interesse público.
Trata-se, portanto, de uma "reforma pelas beiradas", visando a efetivação de mudanças gradativas para o serviço público e colocando em risco sua eficiência, qualidade e os direitos dos trabalhadores, ampliando a tendência nacional de terceirização irrestrita.
A exclusão das despesas com terceirizados dos limites da LRF não é um ajuste técnico, mas sim uma brecha deliberada para a expansão descontrolada da terceirização. Ao mesmo tempo em que impõe limites rígidos aos investimentos diretos no serviço público, o projeto concede um cheque em branco para a privatização e a terceirização, sem garantias de transparência e controle.
Além disso, a aprovação do projeto ocorre em um contexto de severas restrições fiscais impostas pelo teto de gastos, que limita o aumento de despesas públicas, incluindo aquelas destinadas ao serviço público. Dessa forma, o projeto incentiva uma desvalorização estrutural do setor público e abre caminho para interesses privados que buscam lucrar com a precarização e o desmantelamento de direitos.