Saudação do Ruptura ao XVII Congresso do PCB-RR

Desejamos aos camaradas presentes votos de um bom congresso, que a luta seja travada de forma informada e qualificada, ao nível necessário para o avanço da revolução.

Saudação do Ruptura ao XVII Congresso do PCB-RR

Saudações camaradas,

Nós, do Coletivo Ruptura, saudamos o XVII Congresso Extraordinário do PCB-RR. A cisão entre as alas do PCB, uma pelo oportunismo e outra pelo aprofundamento da Reconstrução Revolucionária, marcou um ponto de viragem na luta de classes no Brasil e no mundo neste processo que vivemos de reorganização dos comunistas contra erros passados que assombram o proletariado há, pelo menos, quase um século.

Será necessário aos comunistas, quando terminado este congresso, dedicarem-se a estudar este processo de cisão que dura quase um ano, suas consequências políticas e programáticas, para podermos apurar, de forma informada e qualificada, os avanços que foram feitos, e, mais importante, os avanços que ficaram por fazer.

Com esta cisão, os camaradas do PCB-RR deram um passo na defesa do princípio da independência de classe como fazem cada vez mais comunistas pelo mundo fora - no plano nacional, contra qualquer conciliação com os governos da burguesia, e no plano internacional, contra qualquer conciliação com o imperialismo “multipolar”. Mas temos de ser claros que esta luta, contra o oportunismo, nunca se dá por terminada - dado que estas tendências não resultam de “más ideias”, mas da luta no seio da classe revolucionária.

Enquanto houver burguesia a influência burguesa e pequeno-burguesa no movimento comunista será uma constante, e os comunistas nunca se podem contentar ao pensar que, ao declarar-se pela independência e contra a conciliação, essa declaração se irá traduzir automaticamente num programa comunista e em estratégias e táticas revolucionárias que sejam realmente capazes de agregar o proletariado e prepará-lo para a revolução.

Porque se esta cisão também foi contra uma direção oportunista contrabandear o etapismo para a tática partidária de forma consciente, nós, revolucionários, temos de estar sempre vigilantes para não o contrabandear de forma inconsciente e sempre depurar os oportunistas que vão surgindo e ressurgindo no nosso meio – afinal, sabemos que há neste congresso delegados que simpatizam com a burguesia chinesa.

É uma tarefa imprescindível para os tempos que sucedem a este congresso, no qual deverá ser alcançado um programa unificador, pensar numa estratégia e táticas unificadores capazes de avançar a revolução mundial no Brasil informadas pela intervenção militante do partido no seio do proletariado. Para isto, o avanço que os camaradas fizeram em reafirmar o princípio da liberdade de crítica será imprescindível. Aqui, de Portugal, ficaremos ansiosamente atentos às formas como os camaradas irão organizar a polémica franca e aberta, para retirar lições, como já fizemos anteriormente e continuaremos a fazer. Afirmamos, mais uma vez, que a vigilância dos revolucionários aqui também é imprescindível, para se certificarem que, quando uma crítica é impedida de circular, se isso se sucedeu pelo princípio imprescindível de Unidade de Ação, ou pelas ambições burocratas e monolíticas do oportunismo.

Para terminar, sobre questões internacionais, será também necessário os comunistas no Brasil, agora que irão atingir uma nova etapa de coesão a nível nacional, dedicarem-se à coesão a nível internacional. O PCB-RR fala da existência de uma “Ala Revolucionária do MCI”, nós não somos tão apressados em categorizar essa ala como revolucionária. É verdade que existe uma forte clivagem no MCI, uma ala que nos atrasa e uma que tem feito avanços. Mas há ainda demasiado por apurar, demasiado por depurar, demasiadas contradições por revelar e resolver para nos declararmos, já, a ala revolucionária. Para chegarmos a esse estado de maturidade é necessário que os partidos desta ala se critiquem impiedosamente, é necessário que os seus militantes tenham acesso e participem nessas críticas, é necessário também que todos esses partidos apliquem o princípio de Liberdade de Crítica. É necessário, portanto, que os comunistas que já aplicam o princípio de Liberdade e Crítica e Unidade de Ação agitarem os comunistas de outros países a aplicarem também esse princípio.

É necessário agitar esses partidos para cederem aos seus militantes a liberdade de criticar as suas direções e, caso essas direções não cedam esse direito, agitar os seus militantes para o fazerem à sua revelia, dedicando-lhes espaços e recursos para esse efeito, nunca adotando uma postura diplomática com partidos que achamos nossos “aliados”. Para isso é imprescindível assumirmos a tarefa de criarmos espaços de crítica ao nível internacional, só assim o MCI poderá atingir o nível de unidade teórica, ideológica e política necessária à criação de uma Internacional Comunista, uma Internacional que obedeça aos princípios do centralismo, em que cada partido funcione apenas como uma instância a nível nacional e que possa realmente organizar o proletariado, a única classe internacionalista com um programa internacionalista, para a revolução comunista mundial.

Desejamos aos camaradas presentes votos de um bom congresso, que a luta seja travada de forma informada e qualificada, ao nível necessário para o avanço da revolução. Que todas as questões em cima da mesa sejam resolvidas e que sejam apuradas as novas, para que um ciclo de luta possa terminar e outro se abrir.

VIVA A ÚNICA CLASSE REVOLUCIONÁRIA, O PROLETARIADO

VIVA O SEU PARTIDO, SÓ SEU E DE NENHUMA OUTRA CLASSE, O PARTIDO COMUNISTA

VIVA A REVOLUÇÃO MUNDIAL