'São os profissionais da educação uma das categorias prioritárias (setores estratégicos)?' (Pedro Nunes)
Esse papel da educação no imaginário popular, faz com que a educação esteja no centro do debate em muitos momentos, devemos pensar e propor formas de nos aproveitarmos dessa condição da educação de maneira a apresentar os reais motivos das mazelas do povo brasileiro, e depois organizar essa revolta.
Por Pedro Nunes para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Como já deve ter dado para perceber este artigo busca discutir se os profissionais da educação deveriam ser ou não um dos setores estratégicos. Portanto de certa maneira busco com este artigo, discutir o papel de tal categoria do proletariado brasileiro na luta de classes, e não a concepção de setores estratégicos em si. De certo modo estou a falar que se existirem setores estratégicos deveriam ser os profissionais da educação um deles.
Uma segunda observação a ser pontuada, e de extrema importância a meu ver é a evolução em nossa concepção acerca de quem compõem tal grupo. Antes do racha o que existia era uma fração UC APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) de modo a somente conter em seus meios professores da rede estadual de ensino (havia também creio eu uma com os professores da rede privada, além de recentemente ainda este ano, um grupo criado contendo todos os professores, contudo todos abarcavam ainda somente professores esquecendo-se que grande parte da escola é feita pelos agentes de organização, merendeiras, funcionárias da limpeza e etc.).
Os problemas com relação a essa abordagem do PCB-CC (Me referirei como PCB ao partido antes do raça que congregava toda a militância, como PCB-CC ao grupo que ficou no partido em apoio ao comité central ou aos militantes que apesar do racha compreendem que é possível lutar pelo rumos do partido por dentro e como PCB-RR a tentativa que estamos empregando de correção dos rumos do partido de modo a deixar que está importante arma da classe trabalhadora não se perca em um processo reformista) são principalmente o enfraquecimento de nossa força de mobilização em lutas fundamentais e a maior dificuldade de externalização de nossas lutas. Falarei mais em detalhes desses pontos mais à frente.
Para dizermos se um determinado setor do proletariado em nossa concepção revolucionária é ou não um setor estratégico, devemos todos pensar o que significa ser um setor estratégico. Podemos dizer que os setores estratégicos são setores que por conta de alguma característica qualquer, tem um papel central na consolidação da estratégia revolucionária do partido.
Isso significa, primeiro de tudo que os setores estratégicos detêm tal condição de acordo com a conjuntura e as táticas estabelecidas para um determinado momento, não sendo está uma definição separada do tempo e que por sua vez, não passível de revisão. Muito pelo contrário a escolha de setores estratégicos deve estar sempre subordinada aos caminhos táticos do momento.
Devendo esta indicação estar bem fundamenta, o que significa dizer: qual será o papel, como este determinado setor atuará, quais serão os objetivos dessas ações e como isso será central dentro da tática proposta pelo partido para fazer avançar os ganhos e pautas da classe trabalhadora como um todo. Se não levarmos estes pontos em consideração quando estivermos debatendo a noção de setores estratégicos, e principalmente os escolhendo, corremos o risco de elencar setores que ainda que importantes, não fação o partido e a classe avançar em sua luta de maneira significativa como deve ser.
O papel dos trabalhadores da educação na construção e consolidação do movimento comunista.
O atual momento que o movimento comunista brasileiro como um todo passa, é o de construção e reconstrução, apesar de infeliz é inegável que o movimento comunista não somente não é hegemônico na sociedade brasileira como também mesmo dentro das esquerdas, somos um grupo ainda minoritário apesar de um recente crescimento. Um exemplo disso é o fato de não haver nenhum deputado que represente um partido comunista revolucionário (aqui retiro o PCdoB pois não considero este como um partido que busque a revolução brasileira, embora ainda que tenha alguns quadros que se dizem comunistas em sua militância).
Portanto devemos a meu ver, ao pensarmos sobre os setores estratégicos, ter em mente o objetivo tático da reconstrução revolucionário do movimento comunista de organização do partido e o crescimento quantitativo e qualitativo dos quadros. Tendo estas tarefas como centrais acho que os trabalhadores da educação constituem sim um dos setores estratégicos.
Não somente estes podem ajudar na construção e execução de uma solida política de formações de quadros para a tarefa militante (prática e teórica) como também podemos elencar mais algumas coisas, hoje não somente a APEOESP constitui-se como maior sindicato do Brasil, como também estamos falando de uma das categorias com o maior número de trabalhadores junto com os trabalhadores da saúde contendo somente entre docentes e diretoria mais de 2,3 milhões de profissionais somente na educação básica segundo pesquisa do INEP (sem contar com os demais profissionais como faxineiras e etc.) como também se trata de uma área com um potencial de mobilização ímpar.
A respeito de sua capacidade de dialogo com a classe trabalhadora e juventude à 2 pontos a serem observados, o primeiro diz a respeito da capacidade de diálogo com os próprios alunos, e aqui uso uma experiência minha enquanto profissional desta categoria que não pode ser de maneira automática entendida como fato, pois trata-se de uma experiência anedótica, mas que talvez possa ser sim um indicativo, em minha experiência escolar enquanto aluno nunca havia tido contato com o comunismo para além das alunas de história quando falávamos do século XX, entretanto nos últimos anos tenho visto cada vez mais alunos/jovens comunistas (este ano tenho 3 alunas que se declaram abertamente comunistas).
Obvio que se percebe ainda uma falta de domínio sobre a história do socialismo ou da teoria do marxismo-leninismo (estamos falando de jovens de 13, 14 anos), contudo é justamente o papel da organização comunista ao receber estes novos camaradas dar-lhes o ferramental necessário para atuarem na juventude UJC-RR e posteriormente dentro do partido.
O segundo e mais importante pois não parte de uma experiência pessoal que pode não se confirmar como representação do fenômeno como um todo. A educação apresenta-se no ideário popular como uma das grandes pautas (representada por essa ideia de que a educação é a chave para a transformação) tanto é que costuma ficar sempre entre os principais temas nos períodos eleitorais segundo as mais diversas pesquisas.
Esse papel da educação no imaginário popular, faz com que a educação esteja no centro do debate em muitos momentos, devemos pensar e propor formas de nos aproveitarmos dessa condição da educação de maneira a apresentar os reais motivos das mazelas do povo brasileiro, e depois organizar essa revolta e vontade de melhora das condições materiais. Os trabalhadores da educação são essenciais neste processo, como aqueles que estão a frente e são, portanto, o rosto da educação em seus bairros, nos entornos das escolas, com quem os país conversão durante a reunião sobre seus filhos.
Sobre os pontos que deixei para discorrer depois vão algumas observações. A separação dos profissionais que atuam na escola só tende a favorecer o capital, há exemplo de quando há por exemplo uma paralisação dos agentes de organização os professores e a escola trabalham/funciona normalmente, ou quando as funcionárias da limpeza (grupo compostos em sua maioria absoluta de mulheres) fica sem salário, situação recorrente desde que esse serviço foi terceirizado a várias empresas locais, com inúmeros problemas em sua atuação, não há uma solidariedade de luta por parte dos demais trabalhadores ( não estou dizendo que os demais trabalhadores não se solidarizem em seus sentimentos pessoas, mas sim na ação política). Essa separação dos funcionários da educação vem dando tão certo ao capital que o governo do estado de São Paulo por exemplo vem cada vez mais buscando dividir a classe inclusive por divisões internais entre os educadores da rede, em diversas categorias.
Sobre a externalização deve-se ao fato de ser extremamente mais complexo esse processo de aproximação com a comunidade escolar se até os funcionários da escola não conseguem tocar as lutas de maneira conjunta, isto também vale para os sindicatos (mas creio que este tema mereça uma coluna por si só).
Espero ter me feito entender, e principalmente ter ajudar no debate sobre os setores estratégicos com minhas contribuições pois este será sem dúvida um dos principais debates que teremos de ter em nossos debates de realização do XVII congresso extraordinário.