‘Sairá daqui um “novo” Partido? Breves apontamentos sobre a superação da nossa crise’ (Liang Henrique)

Mas é claro, nós não seremos outra coisa se não o PCB, mas não este velho PCB sob esta direção que não quer superar sua crise, sua forma organizativa federalista e os outros tantos problemas existentes, na verdade o que essa direção só fez até agora foi agravar essa crise e aumentar os problemas.

‘Sairá daqui um “novo” Partido? Breves apontamentos sobre a superação da nossa crise’ (Liang Henrique)
"O que nós devemos e iremos procurar ser, é ser um PCB renovado, ou melhor, renascido das cinzas daquilo que já foi uma fênix um dia."

Por Liang Henrique para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

“Comunistas que não têm ilusões, que não dão espaço ao desânimo e que preservam sua força e flexibilidade “para começar do começo” de novo e de novo, lidando com uma tarefa extremamente difícil, não estão condenados (e tem toda a probabilidade de não perecer)”  
- Vladimir Lênin

Camaradas,

Essa maldita pergunta no título é o que vem nos fazendo coçar os cotovelos com a cabeça desde o aprofundamento da crise por culpa do “PCB-CC” e o surgimento do PCB-RR, seu Manifesto e essa Tribuna de Debates que finalmente veio à luz do dia, dando finalmente a oportunidade de debatermos todas essas questões de forma política, saindo do deboche e dos xingamentos para pensar seriamente tudo o que vem rolando.

A questão sobre a criação de um “novo” Partido no final dessa crise é uma questão extremamente polêmica entre os diversos lados, ver alguém afirmando isso pode causar alguns choques e espantos, porque está correto que nesse momento exato o PCB-RR não tem como se autoproclamar um “novo” Partido, até porque se analisarmos bem o tal Manifesto, notamos claramente que o objetivo do PCB-RR não nasceu se autodeclarando um “novo” Partido, mas uma espécie de plataforma para organizar o XVII Congresso Extraordinário junto com as bases, também é claro que somente um Congresso poderia “bater o martelo” pra criação de um “novo” Partido. Mas vejo que é necessário começar a apontar que o processo do aprofundamento dessa crise está levando inevitavelmente para a criação de um “novo” Partido, que não é exatamente novo, porque claramente não surgirá a partir de um primeiro congresso e também não pretende criar do zero uma história própria. Não existe sequer um(a) único(a) camarada que não reivindique mais a história do PCB, seus militantes históricos e seus acertos e seus erros desde a sua fundação em 25 de março de 1922, até porque estamos aqui pelo aprofundamento da política de reconstrução revolucionária do PCB, não para começar do zero um outro partido com uma história completamente.

Se então não estamos aqui pra criar um outro Partido com outra história a partir de um primeiro congresso, então por que falar da criação de um “novo” Partido? Estaríamos com isso confirmando que aqueles e aquelas camaradas que estão com o Comitê Central estão corretos em nos mandar criar outro Partido? Veremos abaixo.

Camaradas, todos nós concordamos que é necessário fazer um Congresso Extraordinário à revelia do atual Comitê Central, porque temos a noção que este CC não está de acordo com suas bases em chamar um Congresso Extraordinário para eles serem devidamente derrotados e substituídos pela maioria do complexo partidário na instância máxima, correto? Se é um Congresso Extraordinário à revelia do CC, quer dizer então que a cisão já ocorreu, mas ainda não foi devidamente formalizada, e com isso sabemos que o CC manterá o poder sob esta outra máquina partidária, que ainda tem seus “fiéis”(sic!) e que tem sob as mãos também a legalidade na justiça burguesa e um outro tanto de coisas - o jornal, o site oficial, etc -, e nós, o que temos? Não sei os números exatos - porque a cada dia que passa existem novas células e núcleos aderindo ao Congresso Extraordinário e ao PCB-RR-, mas aparenta termos uma boa parte do complexo partidário, puxando e construindo o terreno desde já para a realização deste XVII Congresso Extraordinário, temos uma Comissão Provisória Nacional que vem tentando ajudar a dirigir esse processo com todos os esforços ao lado dessas células e núcleos, temos algumas contas em redes sociais e um site para serem postadas as tribunas e algumas outras posições, correto? Com tudo isso que temos, pra onde vamos e como vamos continuar construindo algum trabalho político? Existe como optarmos pela via de ficar num vácuo sem eleger novas direções nacionais e regionais? Não acho que isso seja minimamente possível, seria a pior ideia de todas.

Camaradas, no XVII Congresso Extraordinário nós seremos obrigados [!!!] a eleger um novo Comitê Central e um Órgão Central, para centralizarmos nossa agitação e propaganda por meio de um novo jornal, centralizar também os grandes canais dos nossos militantes, centralizar também as editoras, os cursos, etc., e também elegermos novas direções regionais, é assim e só assim que teremos a capacidade de continuar se construindo enquanto Partido, continuando e aprofundando a política de reconstrução revolucionária sob a bandeira do marxismo-leninismo. O que é isso se não a criação de um “novo” Partido, camaradas? O ponto em questão é que não existe a possibilidade de “tomar o Partido de assalto” como dizem alguns, porque isso seria se o CC chamasse o Congresso e perdesse pra maioria e fossem substituídos, mas o CC não vai convocar e a ajudar a construir esse Congresso, por isso o Congresso será à revelia dessa instância.

Mas é claro, nós não seremos outra coisa se não o PCB, mas não este velho PCB sob esta direção que não quer superar sua crise, sua forma organizativa federalista e os outros tantos problemas existentes, na verdade o que essa direção só fez até agora foi agravar essa crise e aumentar os problemas. O que nós devemos e iremos procurar ser, é ser um PCB renovado, ou melhor, renascido das cinzas daquilo que já foi uma fênix um dia.

Camaradas, tenham em mente que a cisão já ocorreu e estamos no processo para formalizar isso de vez com o Congresso, não vamos ficar mentindo para nós mesmos, sabemos que é inevitável, teremos que fundar um “novo” Partido para continuarmos nosso trabalho político e para disputar e construir a história do Partido Comunista Brasileiro, demonstrando na prática quem realmente quer aprofundar sua reconstrução revolucionária, demonstrando qual terá a melhor linha política tanto sobre as questões nacionais quanto sobre as questões internacionais, demonstrando também qual terá a melhor forma de organização, um Partido Comunista revolucionário e verdadeiramente fundado no centralismo democrático, na liberdade de crítica e na unidade de ação. A fundação de um “‘novo” Partido se transformou numa questão imediata para a construção do nosso futuro e a superação dos nossos problemas atuais, mas pode ser que num futuro talvez próximo ou quem sabe até longínquo, termos a opção de nos fundirmos a esse PCB que estamos deixando para trás nesse momento da história, mas que poderá estar diferente positivamente no futuro. Mas isso só o tempo nos dirá, existe também a chance disso não acontecer.

Deixem que gritem aos ventos os tais “fiéis”, que irão gritar com todas as forças que estavam corretos sobre que os “fracionistas” estavam sempre a procura da criação de um “novo” Partido, que irão gritar que a posição deles “envelheceu que nem vinho”, esses gritos contra nós não deve gerar incômodos pra nossos ouvidos, porque enquanto eles se vangloriam de suas supostas certezas e verdades amarrando os próprios pés e mãos e se jogando no pântano, estaremos rompendo nossas amarras e procurando construir um novo caminho para atravessá-lo.

Camaradas, não tenho qualquer certeza se esse “novo” Partido terá realmente o nome com o adicionamento da “Reconstrução Revolucionária” ao final, sendo assim sua sigla PCB-RR, mas essa é uma decisão que devemos tomar no XVII Congresso Extraordinário com a aprovação da maioria da militância, mas é certo que como apontei, é uma situação inevitável, teremos que criar um “novo” Partido para continuar nosso trabalho revolucionário.

Mas não tenham medo e muito menos se deixem abalar, camaradas! Se mantenham firmes, acreditem na reconstrução revolucionária do nosso Partido, mantenham vivos seus sonhos revolucionários e com toda a energia vamos procurar superar essa crise e dar enormes saltos rumo à revolução brasileira!

VIVA O MARXISMO-LENINISMO!

VIVA O SOCIALISMO-COMUNISMO!

RUMO AO XVII CONGRESSO EXTRAORDINÁRIO!