Rodoviários enfrentam salários atrasados e más condições de trabalho em vários locais do Brasil
Empresários do transporte visam apenas o lucro e aumentam as tarifas mesmo com os subsídios públicos, enquanto os salários dos trabalhadores rodoviários seguem estagnados e, por vezes, atrasados.
Por Redação
Com a virada do ano, já se espera que haja um aumento significativo das tarifas dos transportes públicos, deixando os trabalhadores e trabalhadoras com o peso da inflação no bolso e os empresários cada vez mais enriquecidos. Foi o que aconteceu, por exemplo, em Salvador, neste início de 2025, onde a população convive com a quinta tarifa mais cara das capitais do país, no valor de R$ 5,60.
A classe trabalhadora, que necessita desse tipo de transporte para se locomover, sabe muito bem que a subida no preço não significa melhoria no serviço. Na verdade, muito pelo contrário. Enquanto os subsídios públicos destinados às empresas privadas de transporte crescem de forma contínua, os salários dos trabalhadores rodoviários seguem estagnados e, por vezes, atrasados. Para poder lucrar às custas da população, essas empresas passam a não só comprar ônibus antigos já datados e a diminuir as rotas, principalmente nas áreas periféricas, mas a cortar o número de funcionários, fazendo com que os trabalhadores restantes assumam a dupla-função de motorista-cobrador e sejam reféns da escala 6x1.
Nesses últimos tempos, acompanhamos várias denúncias referentes ao atraso no pagamento do salário, como é o caso de Guarulhos (SP), na segunda semana de janeiro, onde foi comunicado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários no Transporte de Passageiros de Guarulhos e Arujá (SINCOVERG), através de um ultimato, a realização de uma possível greve caso as empresas locais não pagassem o valor referente ao mês de dezembro. Por terem feito o pagamento no dia anterior, a greve não se concretizou na cidade paulistana.
Diferentes deste caso, nos últimos meses, em Recife (PE), na Grande Natal (RN), em Sorocaba e Região (SP), em Manaus (AM), Rio Branco (AC), na região metropolitana de Porto Alegre (RS) e em São Luís (MA); houveram mobilizações, paralisações e greves especialmente por salários atrasados, não pagamento de tickets de alimentação e descontos indevidos na folha de pagamento!
Em todo o Brasil, as más condições de trabalho somadas às diversas violências que essa categoria está propensa a sofrer nas cidades mais à precarização do próprio serviço para a população se transformam em uma verdadeira bola de neve. Por haver o controle da mobilização urbana por parte dessas empresas privadas, quando há alguma paralisação ou greve dos rodoviários, toda a cidade sente o impacto, e as mídias, por sua vez, passam a nos colocar contra esses trabalhadores.
Nos terminais, ouvimos o quanto a consequência do descaso é o motivo de atrapalhar a locomoção de toda a população, não a causa, como se os rodoviários não fossem também trabalhadores que precisassem levar o sustento para casa. E é essa a desumanização que o trabalho na lógica do capital estimula. Está mais do que na hora de estarmos ao lado dessa categoria que faz a cidade se mover e, com urgência, lutarmos contra o fim da maldita jornada 6x1 que aflige não apenas os(as) motoristas, mas também os(as) passageiros(as).