Revolução Cubana completa 65 anos
Há 65 anos, em 1º de janeiro de 1959, as tropas do exército rebelde de Cuba, liderados pelo Movimento 26 de Julho, tomaram as ruas da capital cubana, Havana, obrigando que o ditador Fulgência Batista e seus aliados fugissem da ilha.
Há 65 anos, em 1º de janeiro de 1959, as tropas do exército rebelde de Cuba, liderados pelo Movimento 26 de Julho, tomaram as ruas da capital cubana, Havana, obrigando que o ditador Fulgência Batista e seus aliados fugissem da ilha. Neste dia consolidou-se a Revolução Cubana que transformou o país em uma república socialista, que segue viva até hoje.
A Revolução Cubana transformou a estrutura política e econômica da ilha, mudando radicalmente a vida de sua população e transformando o país em um exemplo para seus vizinhos latino-americanos.
Em 1958, as crianças do país frequentavam, em média, apenas até o quarto ano do ensino fundamental. Isso ocorria, porque a maioria das zonas rurais da ilha não possuíam nenhum centro educacional, impedindo que crianças camponesas pudessem frequentar escolas. Segundo a Associação de Pedagogos de Cuba, a taxa de analfabetismo atingia quase um quarto da população caribenha, com 23,59% de analfabetos em todo o país. Tal índice caiu para 3,7% já em 1961, quando Fidel Castro lançou a Campanha de Alfabetização Cubana, onde foram alfabetizados mais de 700 mil adultos em oito meses. Com uma política educacional permanente, hoje, o país apresenta uma taxa de analfabetismo de 0,2%.
Também, em 1958, a taxa de mortalidade infantil na ilha era de 60 para cada 1000 nascimentos e a expectativa de vida era de apenas 57 anos. Em 2023, a taxa de mortalidade infantil na ilha foi de apenas 4,1 para cada 1000 nascimentos, a mais baixa das Américas, e a expectativa de vida foi de 78,5 anos, sendo também o país com o maior percentual de centenários (pessoas com mais de 100 anos) do mundo. Isso se deve à erradicação de doenças associadas à pobreza como o sarampo, tuberculose, tétano, entre outras, combatidas com um sistema de saneamento universal e gratuito e grandes campanhas de vacinação que seguem até hoje.
O país tornou-se referência mundial na medicina. Possui hoje o maior número de médicos por habitantes do mundo: 9,2 por 100 mil pessoas. Desde o início da Revolução, Cuba tem emprestado médicos para diferentes países, seja para trabalhar na saúde básica deles ou para ajudar em desastres como foram os terremotos que de 1960, 1972, 1990, 2005 e 2010 que ocorreram, respectivamente, no Chile, Nicarágua, Irã, Paquistão e Haiti. Durante a pandemia do coronavírus, o país enviou 57 brigadas que atuaram em 40 países, tratando mais de 1,26 milhão de pessoas. O país também criou cinco vacinas diferentes contra a COVID-19, tendo sido o único país da América Latina a criar uma, e conseguindo vacinar 90% de sua população já em meados de 2022.
A solidariedade da Revolução Cubana não se restringiu a ajudas médico-humanitárias. Desde 1959, o país enviou diversas tropas para ajudar na libertação de diversos países como Nicarágua, Congo e Bolívia. O país ajudou também o povo árabe na guerra de Yom Kippur, em 1973, quando enviou uma tropa de tanques à Síria para combater o exército sionista israelense. A maior quantidade de tropas enviadas por Cuba foi durante a Guerra Civil Angolana quando, em 1988, enviaram 55 mil soldados para ajudar na ofensiva das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, que enfrentavam na época o exército das forças racistas da África do Sul, o sucesso de tal ofensiva resultou na tão aguardada conversação de paz entre os países.
Quanto à questão da igualdade de gênero, em 1958, apenas uma a cada oito trabalhadores eram mulheres, 85% das mulheres em idade ativa trabalhavam como donas de casa, encarregadas de serviços domésticos e cuidado com as crianças. A ilha tinha uma das menores taxas de inserção laboral de mulheres do continente. Com anos de um forte processo de políticas de inclusão e educação política com a população, hoje, as mulheres representam 49% dos funcionários do setor civil estadual, 65% das matrículas universitárias, 66% do corpo docente do Ensino Superior e 55% das deputadas no parlamento. Além disso, desde 1965 o aborto é livre e gratuito na ilha sem qualquer condição ou restrição até a 12ª semana de gestação.
A falta de garantia de direitos para a população LGBT no início da Revolução Cubana serve para nos lembrar que toda revolução é fruto de seu tempo. Como afirmou Mariela Castro, filha do ex-presidente Raul Castro: “O Partido Comunista Cubano era reflexo da sociedade cubano, isto é, machista e homofóbico”. Porém, o erro em não garantir os direitos dessa população foram reparados ao longo dos anos. Em 1990 o país aboliu a criminalização da homossexualidade, desde 2007 a ilha comemora, anualmente, o dia de luta contra a homofobia, desde 2008 o Estado cubano realiza gratuitamente cirurgias de redesignação sexual de pessoas transgêneros e com a aprovação do novo Código de Famílias, o casamento homoafetivo, assim como a adoção de crianças por casais homoafetivos foi legalizada. Cuba é uma nação que reconhece seu passado LGBTfóbico e que vem, a um passo cada vez mais rápido, adotando medidas políticas para assegurar os direitos dessa população.
Essas e muitas outras vitórias do povo cubano foram conquistadas em meio ao mais longo embargo da história moderna. Após a Revolução Cubana nacionalizar todas as refinarias de petróleo do país, em 1962, o governo dos Estados Unidos da América sancionou a lei que proibia a exportação de toda mercadoria estadunidense à ilha. Tal bloqueio econômico é uma tática de guerra aplicada pelo imperialismo ianque para sufocar a ilha e destruir seu modelo socialista de nação. Hoje, o embargo impede até mesmo que subsidiárias de empresas estadunidenses façam negociações com o país. Desde 1992, o governo de Cuba apresenta anualmente resoluções na assembleia-geral da ONU para pedir o fim do bloqueio. Em novembro de 2023, o fim do bloqueio foi aprovado pela assembleia por 138 países, tendo apenas os votos contrários dos EUA e Israel e a abstenção da Ucrânia. O governo cubano calcula que esses mais de 60 anos de embargo resultaram em uma perda de 159 bilhões de dólares, sendo 4,68 bilhões apenas no último ano.
Ao completar 65 anos, a Revolução Cubana não é apenas uma história de resistência, mas uma manifestação duradoura do espírito revolucionário que transcende fronteiras e gerações. A Revolução Cubana demonstrou que os trabalhadores, por meio de sua luta, possuem o poder de superar a barbárie capitalista, sendo inspiração para a luta dos oprimidos e explorados em todo o mundo.
Ao celebrarmos os 65 anos da Revolução Cubana, é crucial ressaltar o papel da solidariedade internacionalista como força vital na manutenção e construção do socialismo em Cuba. Isso se manifesta tanto no caráter propagandístico que têm as brigadas de solidariedade à Cuba, quanto no fortalecimento dos laços revolucionários entre o povo cubano e os trabalhadores ao redor do mundo nos comitês de solidariedade.
Enquanto reconhecemos os feitos extraordinários alcançados pela Revolução Cubana, devemos destacar também a luta da classe trabalhadora cubana, cujo empenho diário sustenta a chama revolucionária. Assim como a Revolução Cubana é um farol de esperança, devemos aspirar à vitória do proletariado brasileiro, unindo-nos na luta por um mundo livre da exploração humana!
Viva a Solidariedade Internacionalista!
Viva Cuba Socialista!