Rede Confiança Supermercados acumula denúncias trabalhistas em Sorocaba (SP)
Assédios, falta de condições adequadas para o trabalho e jornadas acima do permitido por lei são algumas delas. A rede possui 15 lojas em cidades do interior de São Paulo.
Por Redação
A Rede Confiança de Supermercados acumula denúncias, mas segue praticando irregularidades para aumentar a exploração de seus trabalhadores. Assédios, falta de condições adequadas para o trabalho e jornadas acima do permitido por lei são algumas delas. Entre as consequências dessa exploração desenfreada estão acidentes constantes e altos índices de adoecimento, como em alguns casos relatados para nossa redação que sequer receberam atendimento adequado ou foram encaminhados com a responsabilização devida.
A rede possui 15 lojas em cidades do interior de São Paulo. Nas unidades de Sorocaba, por exemplo, se destacam os casos de aumento irregular das jornadas, que chegam a mais de 12 horas de trabalhadas diárias. Apesar do absurdo, esses casos não são excepcionais. Os contratos que estipulam 7 horas e 20 minutos na escala 6x1, como se já não fossem suficientemente exploratórios, são desrespeitados. É rotina esses funcionários atingirem 10 horas trabalhadas por dia. Soma-se a isso uma política interna de compra e venda de descanso semanal remunerado, chegando a situação de trabalhadores ficarem 21 dias seguidos sem folga.
Essa alta exploração tem como uma das bases a alta rotatividade dos funcionários na rede. A política econômica neoliberal dos governos em todas as esferas cria postos de trabalho cada vez mais precários. Os funcionários são pressionados pelos patrões e suas gestões a cumprirem suas ordens, mesmo com ilegalidades, por medo do desemprego.
Péssimas condições de trabalho e irregularidades
Entre as denúncias constam atrasos e erros no pagamento de salários constantemente, enquanto as reposições demoram dias para acontecer enquanto os trabalhadores ficam desassistidos. Também constam situações de coação, com advertências injustificadas, pressão para realizar trabalho extra devido quadro insuficiente de funcionários, para que não tenha faltas mesmo com atestado médico, além da constante vigilância exercida sobre os trabalhadores criando embaraços.
Os trabalhadores também relatam que as condições de trabalho são péssimas. Armários com insetos, comidas impróprias servidas no refeitório, falta de itens básicos de higiene, como sabonetes e papel higiênico, nos vestiários. E que não são poucos os casos de funcionários que passam mal e não recebem atendimento adequado.
Uma das unidades na cidade de Sorocaba foi alvo de uma fiscalização em julho de 2023, após denúncias do Sindicato do Comércio Varejista de Sorocaba. Esse caso foi registrado no jornal do sindicato e a empresa foi multada por infringir pelo menos três artigos da CLT: por excesso de jornada de trabalho, por descumprir o intervalo entre as jornadas e por infrações no descanso semanal remunerado.
Risco de vida
Entre os acidentes relatados à nossa redação, está a queda de um açougueiro ocasionada pela bota fornecida estar danificada e o piso escorregadio. Na queda o trabalhador bateu a cabeça, desmaiou, teve convulsões e foi hospitalizado.
Na denúncia consta que, mesmo após essa tragédia, há outros relatos de pessoas escorregando e caindo nesse mesmo local, e falta de EPI adequado é rotina. Esse cenário faz com que os funcionários sejam obrigados a colocarem suas vidas em risco durante suas horas de trabalho.
Histórico de violência
Esse ano, a mesma rede de supermercados foi condenada a pagar R$20 mil reais de indenização a um cliente que foi agredido por seguranças de uma unidade em Bauru. Outros casos de violência nesses mercados são conhecidos, como de um vídeo que viralizou de seguranças agredindo um homem, supostamente em situação de rua, em 2021.
Essas situações reforçam que os donos dos supermercados colocam seus altos lucros acima da vida e da segurança dos clientes das lojas e trabalhadores.
Luta dos trabalhadores
Os meios de comunicação oficiais da Rede Confiança de Supermercados afirmam que buscam um crescimento sustentável, mas a verdade é que esse crescimento é construído em cima da alta exploração de seus trabalhadores, não cumprimento de direitos e assédios constantes. A rede se prepara para construir uma nova loja na cidade de Sorocaba, de onde vem as denúncias de aumento abusivo da jornada de trabalho e acidentes causados pela falta de EPI.
Ao total são mais de 4.500 trabalhadores que mantêm a rede funcionando sem direitos e condições mínimas, além da ameaça constante de desemprego. Muitos desses trabalhadores sofrem as humilhações promovidas pelos patrões sem sequer saber seus direitos, e, muitas vezes, os sindicatos deixam a desejar, abandonando os trabalhadores à própria sorte quando não os organizam para acolher e lutar por suas demandas.
Denunciar e ecoar as irregularidades promovidas pela burguesia para aumentar os seus lucros é um dos momentos da luta. Os trabalhadores devem ser esclarecidos de seus direitos e organizados para lutar contra qualquer arbitrariedade, pela garantia de seus postos de trabalho, com a proibição das demissões sem justa causa, pelo fim das jornadas de trabalho exaustivas, pela jornada de no máximo 30 horas semanais, com descanso semanal de no mínimo 3 dias, com direito a salários dignos e reajustes acima da inflação.