'Que MCI queremos?' (N.P)
Se queremos mesmo organizar um bloco comunista e revolucionário no MCI, não podemos nos furtar de todas as críticas duras, necessárias e abertas a absolutamente qualquer desvio reacionário.
Por N.P para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Um dos aspectos mais notáveis de nossa cisão com o PCB-CC foi a divergência na nossa política internacional e a tendência cada vez mais centrista do CC no MCI. A guerra imperialista na Ucrânia foi um divisor de águas de maneira a polarizar o movimento comunista internacional, entre 3 posições:
A posição trotskista e maoista de defesa da Ucrânia
A posição reformista de defesa da Rússia
A posição marxista-leninista da luta anti-guerra e a compreensão da guerra como uma luta entre dois blocos monopolistas
Considerando que não existem organizações, nem maoístas, nem trotskistas no EIPCO não vale a pena analisar a posição deles, para além do que acho que para todos nós é bem evidente o erro crasso de apoiar o regime nazi-atlantista.
Portanto cabe analisar que a cisão do EIPCO se dá em dois blocos, um bloco de esquerda liderado pelo KKE e um bloco de direita liderado pelo PCFR e é de maneira geral consenso que estamos no bloco da esquerda, no entanto, com mais uma declaração homofóbica e reacionária do KKE em relação a luta LGBT surge uma questão central quais são as contradições dentro do bloco? E se são contradições antagônicas ?
Não se trata de uma aritmética simples, se uma linha tem 60% de acertos e 40% de erros ela é uma boa linha ? Evidentemente que não, portanto, um partido que tem uma linha descaradamente machista e homofóbica pode ser revolucionário ? como um partido que reconhece “ O nosso Partido considera que a parentalidade é a relação entre o progenitor e o filho, que a nível individual reflete as relações sociais existentes. A base da posição do KKE são os direitos da criança, ou seja, a sua necessidade social de ter laços com a sua mãe e o seu pai. Esta necessidade tem uma base objectiva: A relação bilateral de maternidade – paternidade, resultante da função complementar homem – mulher no processo de procriação. “
Dessa forma, como um partido que afirma a “complementariedade” entre homem e mulher pode lutar pela emancipação feminina, uma vez que pensar essa mesma lógica implica que a subordinação da mulher não é uma construção absolutamente social, mas, simplesmente, um reflexo da natureza ?
Vemos também uma concepção particularmente reacionária ao enxergar que “ O conceito de dupla parentalidade entre pessoas do mesmo sexo separa essencialmente o conceito de responsabilidade parental da sua base social e biológica objectiva.” ou seja, para nossos camaradas gregos, existe uma base imutável da família, de maneira que são incapazes de compreender como as diversas formas de filiação são produtos de relações sócio-históricas e a pior parte disso é identificar isso como um suposto risco as crianças, o que é isso se não pura histeria homofóbica?
Nesse sentido, não cabe a nós simplesmente fechar nossos olhos para essa questão em nome da “unidade”, devemos colocar abertamente o caráter reacionário desse desvio do KKE, dessa forma, cabe também a autocrítica de parte da nossa direção que em muitas ocasiões secundarizou e “ passou pano” para esses desvios.
Portanto, se queremos mesmo organizar um bloco comunista e revolucionário no MCI, não podemos nos furtar de todas as críticas duras, necessárias e abertas a absolutamente qualquer desvio reacionário.
Enfim, frente a isso se torna imperativo que a CNP elabore uma crítica pública que denuncie o caráter homofóbico dessas posições e a necessidade de expurgar a lgbtfobia e o machismo do MCI.