'Proposta de criação de um Protocolo Nacional Digital de Recursos Humanos' (Matheus Schiffer)
"Esse é o tipo de facilidade que quero trazer à situação de desemprego, que já é um período de extrema insegurança e dificuldade por si só, quanto mais facilitarmos e iniciarmos este processo, mais produtivo seremos como nação."
Por Matheus Schiffer para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Salve camaradas, gostaria de trazer à luz das tribunas uma ideia recente que tive, acredito que tenha serventia para a causa maior.
Vou dar uma introdução antes de detalhar mais sobre o projeto. Como foi muito bem pontuado pelo camarada Daniel Barba em sua tribuna 'Tecnologia: Uma questão de classe', a tecnologia está em disputa e devemos projetar, desenvolver e aplicar soluções práticas e eficazes para soluções da vida cotidiana da classe trabalhadora, se possível, soluções rápidas e visíveis de quais são as perspectivas e os procederes que temos e adotaremos ao longo do caminho da reconstrução revolucionária. Sem adotar uma posição etapista, mas demonstrando à classe trabalhadora à que estamos nos propondo, infelizmente nossa realidade atual é que vivemos num governo conciliador que só entrega sem tomar nada em troca; e reformista que não propõe nenhuma reforma. É nós por nós ou cada um por si..
Penso muito sobre como utilizar a tecnologia em nosso favor e trago um bom exemplo de outro ponto mencionado pelo camarada Daniel Barba, de que a tecnologia no momento não é utilizada ao nosso favor, temos óbvios exemplos nos apps de serviço de entrega e taxiamento, mas também podemos notar no processo de recrutamento online, a imensa parte das vagas encontradas por plataformas online, sites de vagas, redes sociais corporativas e etc. como é evidente que nosso futuro como classe trabalhadora é a de alimentadores de parâmetros para inteligências artificiais. Hoje é o processo de recrutamento de RH online que funciona assim, mas muito em breve a maioria dos empregos de colarinho azul (escritório) serão assim.
Então qual é a problemática em questão?
Atualmente, à cada vaga de emprego que se busca é necessário o cadastro de um novo curriculum, quando se tem sorte a empresa é pequena o suficiente para pedir apenas o documento pdf ou docx, ou se trata de alguma plataforma específica de RH que pode-se reaproveitar o mesmo curriculum para algumas vagas, mas não é a sorte que se tem todo dia.
É impossível manter tudo sincronizado e atualizado, de maneira que cada trabalhador tem por aí centenas de versões de curriculum diferentes em tantas ferramentas diferentes. À não ser que você se submeta (seja forçado à), atualizar durante horas do seu dia a mesma informação ad infinitum, o que se torna uma tarefa impossivel, além de cognitivamente taxativa, considerando que a pessoa já está desempregada e que na prática é uma externalização do trabalho da empresa de RH que ela delega ao usuário, ela recebe por isso e você alimenta o ‘robô da IA’ deles de graça o dia inteiro.
A ideia é reformular este processo para que o indivíduo não fique com esta carga extra de trabalho em seu desemprego e sim as empresas se adequem ao protocolo/normativa apresentado, com uma adaptação que não se mostra tão complexa, por se tratar de uma simples API.
E se ficar complicado pela terminologia, o que mais funciona como uma ‘simples API’? O Pix, por exemplo. Você atualiza lá na loja ou recebe uma conta com o valor e o produto, o recebedor da quantia e com estas informações a loja faz uma requisição à API do Pix no banco central, que retorna o Código QR e o copia e cola, fora outros dados de rastreio, e a loja te entrega isto para você realizar o pagamento.
Esse é o tipo de facilidade que quero trazer à situação de desemprego, que já é um período de extrema insegurança e dificuldade por si só, quanto mais facilitarmos e iniciarmos este processo, mais produtivo seremos como nação, em questão de esforço, tempo, energia despendida para a mera conexão entre contratante e empregado e que não está sendo aplicado na produção de um objeto ou serviço de valor material.
Isso é algo que deveria ser feito pelo ministério do trabalho, aplicado nos PATs de todo o país, disponibilizado por estes aplicativos gov.br entre outros, de forma que o trabalhador tenha que preencher e atualizar apenas um curriculum, no formato desenvolvido (e com programação pode-se desenvolver o que quiser e como quiser), definindo um protocolo nacional de recrutamento online, e seja quem busque, uma empresa específica ou um portal de RH, faz a solicitação desta informação no repositório nacional via internet. Se parar para pensar mesmo, isso é até uma questão de otimização elétrica/energética, já que é mil vezes mais fácil desenvolver uma API para buscar estes dados no repositório nacional, que pode ser por CPF, e realizar uma requisição http por curriculum, ou por lista de diversos CPFs do que rodar milhares de curriculum em centenas de sistemas diferentes para um mesmo propósito. Assim a aplicação online de emprego só vai precisar pedir o CPF do candidato, se houver alguma restrição de privacidade, pode-se fazer um sistema de requisição de autorização para acesso, ou dar a opção ao candidato de declarar seus dados como públicos.
Para o projeto comunista, um mapeamento e a manutenção destes dados é o primeiro passo necessário se houver qualquer ambição de planificar a economia. No mínimo é necessário saber quem faz o quê para poder se planejar de maneira eficaz qualquer projeto posterior. Assim que existe ao menos um argumento para afastar receios de etapismo.
Mencionando também outra vez o potencial de agitprop que a execução de um projeto como este, uma ferramenta pública, de âmbito nacional e com implicações diretas na vida da classe trabalhadora possui.
Eu pessoalmente sou desenvolvedor e poderia fazer um protótipo disso facilmente em uns 3 meses, chutando alto, em 1 semana se meu hiperfoco bater.. Difícil é ter as condições materiais e emocionais de colocar o tempo e esforço necessário em cima disso ao mesmo tempo que se não pagar a fatura da internet esse mês não tem como dar prosseguimento, quanto mais o aluguel e mantimentos básicos, por isso criei um projeto numa plataforma de apoio coletivo, mas não obtive resultados por lá ainda. Sou melhor pra ter as ideias e desenvolver do que no marketing e propagação das ideias em si..
Outras áreas tecnológicas que podemos atuar são os apps, fazer um clone de aplicativo de entrega e taxiamento, colocar uma taxa ínfima para custeio da operação (10% já é ⅓ do que essas plataformas costumam cobrar), que como não temos intenção comercial, mesmo se a iniciativa obrigar as plataformas predominantes do mercado à competir com estes valores, já é vitória total da nossa classe. Mas aí já é um projeto um pouco mais complexo e demandará ainda mais tempo, assim como infraestrutura para rodagem, ou seja, é um compromisso cotidiano de longo prazo.
Já que falamos de marketing, se me permitirem fazer um auto-jabazinho no final, tenho alguns outros textos mais complexos e controversos no meu blog pessoal (https://mschiffer.com/blog), principalmente a defesa da urgência nessa revolução, para combater essa ideia de afobação ou pressa que está rondando ultimamente nas redes. Lá também vou postar este documento da tribuna e já postei a anterior que foi acatada à algum tempo na questão dos militares.
Obrigado pela atenção e força pra correria de cada um que ainda estamos em tempos difíceis.