'Por uma plenária nacional ampla de discussão sobre as violências de sexualidade e gênero' (Célula LGBT-SP)

Camaradas, nós da Célula LGBT da capital de São Paulo, tomamos a iniciativa de escrever essa tribuna com o intuito de expor algumas críticas que estamos nutrindo ao tratamento que nossa organização tem dado à questão LGBT e às solicitações feitas por militantes da célula.

'Por uma plenária nacional ampla de discussão sobre as violências de sexualidade e gênero' (Célula LGBT-SP)
"Camaradas, acreditamos que ambas - a plenária com ex-militantes do LGBT Comunista; e a plenária aberta a todes com o intuito de debater sobre a questão LGBT para o nosso XVII Congresso Extraordinário - devem existir para garantir que os debates das etapas de nosso congresso e que as teses neles aprovadas reflitam, de fato, tanto os acúmulos dos camaradas do LGBT Comunista que racharam quanto dos camaradas vindos dos demais coletivos, juventude e Partido."

Por Célula LGBT-SP para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Camaradas, nós da Célula LGBT da capital de São Paulo, tomamos a iniciativa de escrever essa tribuna com o intuito de expor algumas críticas que estamos nutrindo ao tratamento que nossa organização tem dado à questão LGBT e às solicitações feitas por militantes da célula.

A QUESTÃO DAS PLENÁRIAS

No início de Novembro nossa célula deliberou por solicitar à Comissão Política Nacional a realização de duas plenárias: uma exclusiva para ex-militantes do Coletivo LGBT Comunista para que fizéssemos um balanço do trabalho do Coletivo e mapeássemos como estão organizados os ex-militantes pelo país; a segunda seria uma plenária LGBT aberta para todo o Partido com o intuito de socializar acúmulos e debater a nível nacional a questão da opressão de gênero e sexualidade. Entretanto, mesmo com cobranças frequentes via assistência, a nossa solicitação demorou mais de um mês para ser respondida. Após esse período de espera desceu uma circular do Comitê Nacional Provisório (CNP) convocando a militância para a plenária de ex-militantes que irá ocorrer no dia 17.12. Contudo, ao questionarmos se a circular estava sendo enviada para todo o país, recebemos a resposta que apenas os ex-militantes do LGBT Comunista receberam. A circular desceu cerca de uma semana antes do dia 17, o que consideramos um atropelo por parte da direção.

Com essa informação, resolvemos contatar ex-militantes do Coletivo que residem em outros estados para acompanhar se as circulares realmente estavam chegando e ficamos profundamente aflitos quando descobrimos que não. Afinal, se não há um mapeamento nacional de em quais organismos estão os ex-militantes, como garantir a entrega das circulares? Questionamos a CNP sobre essa questão e o porquê da circular não ter sido enviada para todo o Partido, assim como aconteceu com a convocatória para a plenária de ex-militantes do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro (CFCAM). A resposta que recebemos é que isso causaria confusão pois haveria um número grande de militantes que não eram do Coletivo querendo participar da plenária. Mas camaradas, a segunda plenária, aberta para todes, também foi solicitada por esse motivo e até agora não tivemos resposta sobre ela.

Nós tememos que o método de divulgação escolhido deixará diversos militantes advindos do LGBT Comunista fora da plenária, além de parecer para outros militantes que estamos fazendo algo escondido, por debaixo dos panos. Este último receio nos deixa particularmente inquietos, visto que acreditamos que com a Reconstrução Revolucionária do PCB o combate à violência de gênero e sexualidade e as formulações políticas sobre tais pautas devem ser tarefa coletiva de todes do partido. Para isso, espaços como a plenária geral sobre a questão LGBT, que solicitamos e ainda não obtivemos resposta, são muito importantes. O que também não anula a importância de fazermos um balanço coletivo entre os ex-militantes do que foi a experiência nacional do LGBT Comunista até o racha.

Camaradas, acreditamos que ambas - a plenária com ex-militantes do LGBT Comunista; e a plenária aberta a todes com o intuito de debater sobre a questão LGBT para o nosso XVII Congresso Extraordinário - devem existir para garantir que os debates das etapas de nosso congresso e que as teses neles aprovadas reflitam, de fato, tanto os acúmulos dos camaradas do LGBT Comunista que racharam quanto dos camaradas vindos dos demais coletivos, juventude e Partido.

Para superarmos uma conjuntura como a que vivíamos no PCB-CC, onde o trabalho relacionado aos movimentos sociais e às opressões de gênero, sexualidade e raça eram boicotados e escanteados, é imprescindível que iniciativas como estas duas solicitações sejam multiplicadas. Que espaços de socialização da discussão sobre tais violências sejam multiplicados e que possamos cada vez mais romper as barreiras advindas do antigo PCB. É por isso, camaradas, que tecemos esta crítica no formato de tribuna para o nosso XVII Congresso Extraordinário. Consideramos urgente que haja espaços nacionais de socialização dos acúmulos sobre a questão LGBT em nossa organização. Acreditamos que espaços como os solicitados irão contribuir imensamente para nossas formulações congressuais, e gostaríamos de apresentar essa compreensão para o restante do partido no objetivo de confirmar se há ou não esta demanda por parte do restante dos nossos camaradas de todo o Brasil.

Pedimos para que os ex-militantes do LGBT Comunista que estejam lendo essa tribuna e ainda não receberam a circular referente a plenária, cobrem-a de suas assitência, para que, com o maior número de militantes, possamos fazer um balanço do Coletivo e debater com qualidade os próximos passos da nossa luta.