'Por uma criação coletiva de um novo nome e identidade visual para o partido' (Bi)
Estou de acordo: já não somos mais o PCB. Até mesmo a disputa pelo mesmo nome e identidade já não faz sentido. Estamos construindo outra linha política, outra forma organizativa, apesar de termos objetivos em comum e um extremo respeito à história que foi construída até aqui.
Por Bi para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Camaradas, venho por meio dessa tribuna responder à tribuna de Thali e Bérnie (25/11/23 - “Somos um novo partido”) para complementar o que foi trazido pelas camaradas, mas pensar em como podemos pensar esse nome e identidade visual coletivamente.
Estou de acordo: já não somos mais o PCB. Até mesmo a disputa pelo mesmo nome e identidade já não faz sentido. Estamos construindo outra linha política, outra forma organizativa, apesar de termos objetivos em comum e um extremo respeito à história que foi construída até aqui.
Sobre as propostas de quais nomes ou identidade visual, eu acredito que precisamos dar passo atrás e pensarmos nisso coletivamente, tendo uma visão clara de onde queremos chegar. Se não, corremos o risco de cair em armadilhas estéticas voltadas somente para o mesmo público já impactado antes (citando como exemplo a discussão que ocorreu sobre estética muito puxada pelo Galo de Luta).
Por isso, acredito que possamos nos apropriar de criações coletivas que acontecem em marcas e, novamente, adaptar à nossa realidade, somando outros possíveis meios dessa criação.
Uma sugestão metodológica: Brand Sprint
O Brand Sprint é uma metodologia de criação coletiva de marcas criada pela Google Ventures muito baseada na própria metodologia deles Design Sprint (que busca resolver um problema em uma semana). A ideia do Brand Sprint é que se possa chegar a uma concepção do que é a fundação da marca em 3 horas, discutindo coletivamente.
No meu aprendizado, a única problemática que existe no método é dar pouco espaço para o pensamento assíncrono, para que as pessoas já tenham refletido antes sobre alguns pontos e já possam trazer um debate mais organizado, mas ainda assim acho que ele tem ferramentas úteis para aplicarmos aqui.
Aplicando a nossa realidade, acredito que poderíamos aplicar esse modelo primeiro em cada célula ou zona, criar uma visão centralizada delas, e aprofundar e debater dentro do partido. Na minha visão, esses pontos ficarão mais claros pós-congresso também, mas fica aberto o questionamento.
1.Roadmap por anos
Para sabermos o que somos, precisamos ter uma visão de onde queremos chegar. Com isso, assim como nas próximas etapas:
- cada pessoa escreve sua própria visão para cada ano
- cada pessoa apresenta seu ponto e o porquê, complementando o que foi escrito
- todas as pessoas olham de novo tudo que foi falado
- todas as pessoas discutem sobre o que foi levantado
- todas as pessoas votam, e o que foi mais votado pode virar espaço para discussão ou não novamente ser for necessário.
E por que pensar numa visão de futuro: a ideia é que essa identidade verbal e visual consiga viver ao longo do tempo sem precisar passar por grandes reformulações. Por isso, construir essa visão pode até mesmo nos alinhar expectativas em relação ao tempo que queremos fazer as coisas.
2.O quê, como e porquê
A expectativa aqui é que a gente consiga chegar na raiz do que fazemos escrevendo:
- O que fazemos
- O importante aqui é de fato estar mais próximo ao nosso momento atual. Por exemplo: "realizamos trabalho de base"
- Como fazemos
- O que a gente de fato faz na realidade. Por exemplo: "Atuamos em locais estratégicos sobre x e y"
- Por que fazemos
- Aqui é o passo mais importante, saber o porquê de fazer é a razão de existirmos em essência. Por exemplo: "fazer a revolução comunista"
3. Três principais valores
Esse passo é um dos mais importantes quando formos definir o nome e identidade, pois esses valores ou pilares, como prefirirmos chamar, nos ajudarão em pesquisas de nomes e referências visuais.
Exemplos que poderiam surgir: Revolucionário, acessível, teórico etc.
4.Três principais públicos
Aqui é um passo que precisamos aprofundar em como vamos fazer acontecer aqui dentro. Na minha visão, precisamos atingir a classe trabalhadora como um todo, mas ao mesmo tempo precisamos ter horizonte de que classe é essa, como ela se subdivide, e como isso impacta na nossa identidade e nome.
Uma sugestão que o artigo traz é que pra definirmos isso precisamos pensar: "com quem você se preocupa com a opinião", como um norte, mas tenho dúvidas ainda como isso se aplica pra cá. Talvez seja alvo de discussão mesmo dentro de cada espaço.
Me questionei se é um passo necessário, mas pensando, fico aqui pensando no resultado que queremos: como por exemplo fazer que a classe lgbt se identifique com a gente?
5. Controle de personalidade
Aqui a ideia é posicionar onde estamos em cada um dos eixos dos termos. Ex: se somos divertidos ou autoritários, inovadores ou clássicos, etc.
Na minha perspectiva, para esse passo, podemos pesquisar como nos mostramos hoje para as pessoas e como podemos fazer para mostrar o que queremos de fato (da última vez na companhia que trabalhei, fizemos entrevistas qualitativas para captar essas percepções).
Também acho que para cá precisamos rever os diferentes termos usados.
Por exemplo, na minha leitura, boa parte da classe trabalhadora vê organizações comunistas como algo inacessível, ou algo "do mal". Como a gente faz para mostrar o que queremos mesmo, e como isso se aplica ao logo e nome e forma de nos comunicarmos?
6. Cenário competitivo
Dado que descobrimos onde queremos chegar, como outras organizações estão se mostrando e como nós queremos nos mostrar, com base nos outros exercícios. No exemplo, mostra-se como Philips, GE, entre outras, estão comparadas a outras marcas do mercado.
Aqui, seria legal mapearmos não somente organizações comunistas, mas também as mais social-democratas / mais populares e como a gente chega onde queremos mostrar.
Aqui novamente, precisamos pensar quais são as informações que queremos diferenciar em cada um dos eixos.
Complementando o artigo com sugestões táticas de como pensar em nome e identidade
Exercício de geração de nomes
Cada pessoa escreve nomes que acredita com base no exercício anterior que foi finalizado, faz isso utilizando momentos de ócio e de reflexão, depois traz para um mesmo espaço em comum (podemos usar a ferramenta Figma para isso), pessoas discutem sobre e votam no nome que acredita
Aqui acho legal que a gente faça resgates históricos e pesquisas de nomes de outros partidos, até mesmo para nos diferenciarmos. Um ponto que eu considero importantíssimo é como o nome consegue ser facilmente falado por qualquer pessoa a ponto de "viralizar" mais fácil.
Assim como trouxe no começo, para simplificar, acredito que cada organismo pode fazer esse exercício interno e deixar para as direções do partido a tomada de decisão final, abrindo espaço para questionamentos e discussões.
Geração de logotipos
Aqui se divide em 3 passos:
2.1 Pesquisa de referências
Aqui é o momento de pesquisar outras referências visuais que a pessoa acredita que agreguem ao resultado final. A ideia no fim é criar um painel semântico com todas essas referências e ajudar na criação coletiva.
2.2 Criação coletiva
Do mesmo modo, acredito que cada pessoa pode criar versões de identidades visuais como preferir. Tem pessoas que preferem fazer isso no papel, outras preferem já ir para alguma ferramenta, como Illustrator. Aqui vejo os mesmos pontos coletivos anteriores: trazer a proposta visual, apresentá-la, dar espaço para as pessoas refletirem, discutirem sobre e votarem na que preferem.
2.3 Construção final
Apesar daqui ser um espaço que qualquer pessoa possa trazer suas ideias, é o designer gráfico que terá capacidade de refinar e chegar a uma versão final mais redonda. Por isso, pequenas coisas pode ser que mudem, mas a ideia é de fato refinar o que foi proposto e fazer testes de aplicação.
O melhor cenário seria conseguirmos transformar em um manual de identidade visual, com todas as variações, toda a história por traz para ajudar na hora de criar outras peças.
Conclusão
Acredito que a forma que a gente se comunica com as pessoas trabalhadoras é fundamental para que consigamos chegar nos nossos objetivos. Para isso, pensar coletivamente no que somos e materializar isso em nosso nome e logotipo é fundamental para construirmos um partido que a gente acredita e que chegue aos resultados que queremos.
Assim como qualquer método, fica aberto o debate se fazem sentido ou não, se podemos pensar em outras coisas ou retirar coisas no processo, mas a ideia é que a coletividade possa construir junto.