'Por um programa marxista-leninista de saúde comunista' (Camarada Doni)
Precisamos pensar e organizar um sistema nacional de saúde comunista no âmbito partidário que supere a lógica capitalista-produtivista e acolha, a partir de uma visão marxista-leninista de saúde, nosses militantes e a sociedade em geral.
Por Camarada Doni para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
“Além de tudo, nossos espaços de militância servem para que nós possamos quebrar as lógicas que são produzidas e reproduzidas no capitalismo. Se a sociedade atual nos compele a produzir e produzir, sem nos importarmos com as consequências dessa produção, o mesmo não pode (ou não deveria) se dar nos nossos espaços organizativos.” - 'A militância enquanto espaço de socialização: diálogo com o camarada Zenem Sanchez' (Tribuna de Debates)
Camaradas, o texto “A militância enquanto espaço de socialização: diálogo com o camarada Zenem Sanchez” de ume camarada anônime expõe habilmente que além de lidarmos com as pressões da sociabilidade capitalista acabamos reproduzindo essa lógica produtivista no Partido, causando e agravando problemas físicos e psicológicos de muites militantes. Ademais, sabemos que o estado de crise vivido peles militantes do PCB-RR/PCB, que ainda está distante de uma resolução definitiva, acaba piorando essa situação na medida em que o debate entre contráries e favoráveis à reconstrução revolucionária (não por culpa des militantes) acaba descambando no personalismo, nas ofensas e no deboche.
Por isso, gostaria de contribuir à discussão de forma propositiva: precisamos pensar e organizar um sistema nacional de saúde comunista no âmbito partidário que supere a lógica capitalista-produtivista e acolha, a partir de uma visão marxista-leninista de saúde, nosses militantes e a sociedade em geral.
Isso não seria algo inédito nem impossível, pois um programa parecido já é feito por um coletivo digital no Brasil e possibilita o atendimento psicológico remoto de pessoas dessa comunidade por valores mais acessíveis. Logo, não há razão pela qual não conseguiríamos fazer o mesmo e até desenvolver esse conceito para abarcar, no que for possível, atendimentos médicos, de educadores físicos, de nutricionistas, enfermeiros, fonoaudiólogos, etc., pois sabemos que muites de nosses militantes são profissionais dessas áreas e outres muites precisam ser atendides por alguém que considere, nesse momento de cuidado, sua realidade material e as opressões com as quais convive.
As redes sociais já são uma plataforma para a divulgação de profissionais que atuam na área da saúde e fazem atendimentos à distância (tendo sempre em mente as limitações dessa modalidade), alguns deles inclusive do complexo partidário. Portanto, podemos e precisamos nos aproveitar dessa base para promover uma visão marxista-leninista de saúde e fortalecer nossa organização.
Naturalmente, dentro das condições de cada célula/núcleo, essa iniciativa pode (e deve) também ser estendida presencialmente para trabalhadores que frequentam os cursinhos populares, as ocupações, os quilombos, os centros comunitários e todos os outros espaços em que militantes do partido estejam inserides.
Quais seriam os possíveis objetivos desse programa de saúde?
i) Zelar pela saúde física e mental de nossos militantes a partir de uma visão materialista de saúde, que considere as condições de vida dos trabalhadores, suas jornadas duplas e triplas, o sofrimento de opressões como a LGBTfobia, o racismo, o machismo e a misoginia e ainda outras questões, fora do senso comum das ciências da saúde burguesas;
ii) Auxiliar ês camaradas profissionais da saúde, bastante precarizades como ês trabalhadores em geral, na busca por clientes e, consequentemente, na garantia sua subsistência;
iii) Fortalecer as finanças do partido a partir do recebimento de uma pequena porcentagem dos valores oriundos dos atendimentos (se não forem gratuitos) e/ou de doações de trabalhadores atendides e desejoses de contribuir, bem como de simpatizantes que concordem com as propostas desse programa;
iv) Servir como ferramenta de agitação e propaganda (na medida em que isso não interfira nas práticas clínicas e na relação profissional-paciente) para trabalhadores não-organizades em geral que sejam atendides e de outres profissionais da área que estão imersos em ideologia burguesa e muito ligados a uma lógica de saúde produtivista e imediatista;
v) Ser um espaço de socialização de conhecimentos e acúmulos das ciências da saúde e, possivelmente, até um espaço de formação político-científica para profissionais de nosso partido/complexo partidário e também para profissionais simpatizantes;
vi) Auxiliar na aplicação desses acúmulos obtidos na própria estrutura/funcionamento do complexo partidário, de forma a minimizar o desgaste físico e psicológico de militantes em suas atuações cotidianas e tornar mais efetivos os instrumentos de combate às opressões;
Enfim, camaradas, o objetivo do texto não é esgotar o debate sobre saúde, mas propor uma iniciativa que pode beneficiar militantes e profissionais da área e até promover um salto organizativo em nossa atuação nesse setor, que abarca milhões de trabalhadores. Nesse sentido, uma verdadeira vanguarda da classe trabalhadora deve ser também um bálsamo para seus integrantes, sendo um espaço de convivência camarada, de construção coletiva e de acolhimento profissionalizado nos momentos de necessidade, que certamente nos fortalecerá na luta pelo socialismo.
Camarada Doni, UJC/RO, 24/08/2023