'Por teses que dialoguem com as juventudes brasileiras' (Valen)

Essa colocação se colocada de maneira mecânica na realidade de países da periferia do capitalismo [...] nos faz pensar que a juventude brasileira tem como dinâmica de vida principal o estudo, [...] concepção pequeno-burguesa de juventude.

'Por teses que dialoguem com as juventudes brasileiras' (Valen)
Fotografia: Rodrigo Ladeira (@ladeirra)

Por Valen para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Camaradas, escrevo essa tribuna para questionar a construção ideológica sobre o que o que se configura a juventude brasileira e por consequência sua inserção político-organizativa dentro do Partido Comunista, a concepção vinda da miragem da social democracia europeia “§80 É difícil precisar, historicamente, uma unidade na análise movimento de juventude considerado como tal. Apesar de termos critérios etários relativamente bem estabelecidos hoje, a própria noção de juventude está ligada ao desenvolvimento do capitalismo e das lutas do proletariado para retardar a inclusão de seus filhos na produção, garantindo-lhes um mínimo da educação formal que já era conferida às classes dominantes e à pequena-burguesia. Ainda no início do século XX, os operários ingressaram no mundo do trabalho muito antes de completarem 18 anos.”, essa colocação se colocada de maneira mecânica na realidade de países da periferia do capitalismo internacional, como o Brasil, nos faz pensar que a juventude brasileira tem como dinâmica de vida principal o estudo, essa concepção pequeno-burguesa de juventude é continuado com limitada de que “movimentos de juventude se confundem com o movimento estudantil”. A realidade de países periféricos é de uma inserção substancial de parcelas da juventude  desde anos antes de completar a maioridade de já estar inserido na força de trabalho (majoritariamente informal) como complemento de renda e quando completa a maioridade ai com certeza vemos um contraste de classe gigantesco,de acordo com o Censo da Educação Superior de 2022 realizado pelo INEP e MEC, no Brasil, 76% da população entre 18 e 24 anos nunca ingressou em uma universidade e dos 24% que ingressou, apenas metade tem a faculdade como esfera principal de vida. Nessa mesma faixa etária 21%, não concluiu o Ensino Médio e não o frequenta mais. Evidentemente que, ao menos depois dos 18 anos, o estudo formal não é presente para a maioria da juventude.

Os pontos seguintes trazem a categoria “jovens trabalhadores”, categoria muito usada pela a UJC em seus últimos congressos, mesmo que eu considere que está nos documentos da UJC seja usada com uma vulgarização imensa de “jovens que trabalham”. Nas pré-teses, parece que a parte de jovens trabalhadores é uma coisa a parte do começo da caracterização de juventude, até como se fossem concepções diferentes da realidade brasileira e que no final para abraçar a todos, colocando “que não pode menosprezar a importância do trabalho entre a juventude no geral, e em especial em meio às suas camadas proletarizadas; ou menosprezar a importância das lutas estudantis”. Uma fala muito infeliz que nunca me esquecerei de um membro da Coordenação Nacional da UJC que ficou com o PCB-CC era de que Uma pessoa com 14 anos, caso seja trabalhador de um setor sindicalizado, deve se organizar via UC.“, o ex-camarada colocava uma concepção xula sobre o que seriam jovens trabalhadores, como se a juventude proletária não tivesse especificidades na inserção no mundo do trabalho e afirmando que só é jovem se estiver só estudando (infelizmente não sou jovem desde os 15 então rs).  Não é sobre menosprezar as lutas dos estudantes, mas a partir de uma análise qualificada, que leve em conta empregabilidade, renda, opressões, encarceramento, mortalidade, espaços de organização e lutas das juventudes. A partir disso tirar as bandeiras, lutas e formas de organização que consiga organizar num sentido revolucionário as juventudes, que em muitos momentos de nossa história demonstraram um potencial insurrecional importante, que por falta de uma organização de vanguarda capaz de dar respostas e direcionamentos claros e eficazes para estes, iam em direção ao autonomismo em primeiro momento e muitos para a extrema direita, que foi capaz de dar “respostas” imediatas.

Devemos alinhar a pauta de diminuição para 30 horas semanais com dois dias mínimos de descanso com a luta anti-privatista, revertendo todas as privatizações das últimas décadas, estatizando as grandes empresas de transporte e energia, limpeza, saúde e construção com a bandeira de ter o estado como empregador em última instância, buscando tirar camadas da nossa classe do trabalho informal e/ou precarizado (traço central do trabalho entre a juventude). Mesmo a educação não sendo um setor prioritário, vejo como uma pauta essencial a ser construída para arrastar os estudantes juntos a luta da classe a luta pela estatização dos grandes conglomerados de educação superior, com perdão das dívidas de todes os estudantes dessas instituições com elas e com o FIES.

A luta contra a guerra às drogas, violência policial e encarceramento em massa tem que ser também uma luta central em nossa agitação de denúncia ao estado burguês, na UJC tivemos a campanha “As armas de Israel matam jovens na Palestina”, essencial colocarmos como o lucro é central na guerra às drogas, desde os contratos bilionários na compra de equipamentos bélicos para o corpo policial e nos contratos de gestão dos presídios em condições desumanas, o quão maior o número de presos maior são os contratos, na disputa pelo controle de mercados e territórios e na desmobilização da classe trabalhadora, em especial a juventude negra que é grande parte das abordagens e mortes por policiais. Devemos então denunciar o genocídio da população negra pelo estado burguês, colocando como não só que o lucro vem antes da vida humana, mas como o genocídio é lucrativo para a burguesia internacional.

Camaradas, gostaria de apresentar aqui as teses que escrevi e apresentei da minha etapa de base no núcleo da União da Juventude Comunista na Zona Leste da Cidade de São Paulo, feitas para substituir totalmente a base que será debatida o movimento de juventude, essas teses foram escritas através dos debates que fiz parte tanto no meu núcleo como na CR-UJC. 

Sobre o Movimento de Juventude:

A juventude da classe trabalhadora no Brasil, que tem como perfil social ser majoritariamente negra, não homem e periférica, pode ser caracterizada por a fase da vida de maior exploração e precarização do trabalho. Com a juventude no Brasil e na América Latina em geral sendo o laboratório do neoliberalismo de novas formas de exploração e desmobilização popular e sindical.

A realidade de países periféricos é de uma inserção substancial de parcelas da juventude desde anos antes de completar a maioridade de já estar inserido na força de trabalho (majoritariamente informal) como complemento de renda e quando completa a maioridade ai com certeza vemos um contraste de classe gigantesco,de acordo com o Censo da Educação Superior de 2022 realizado pelo INEP e MEC, no Brasil, 76% da população entre 18 e 24 anos nunca ingressou em uma universidade e dos 24% que ingressou, apenas metade tem a faculdade como esfera principal de vida. Nessa mesma faixa etária 21%, não concluiu o Ensino Médio e não o frequenta mais. Evidentemente que, ao menos depois dos 18 anos, o estudo formal não é presente para a maioria da juventude.

A maior parte da juventude se encontra em empregos de alta rotatividade, baixa remuneração e baixa complexidade, com o telemarketing e setor de serviços ou em trabalhos informais como os de aplicativo e construção civil essa dinâmica é feita como forma de maximizar a desestruturação dos espaços sindicais pela alta rotatividade e um imenso exército industrial de reserva,

A dinâmica de vida da juventude é atravessada pela guerra às drogas e violência policial também muito presente na repressão dos espaços culturais da juventude periférica como bailes funks, batalhas de rima, slams e etc, com a maioria dos assassinatos policiais sendo sobre a juventude negra. Essas repressões são mais uma forma de desmobilização da juventude trabalhadora como reflexo de uma política higienista e racista do estado burguês brasileiro, sendo muitas vezes o crime organizado como única organização que se apresenta como capaz de ser um polo de autodefesa contra a opressão policial, empregabilidade e ascensão econômica da juventude.

O Partido em conjunto com a UJC irá empenhar esforços na organização da juventude trabalhadora brasileira como sujeito de potencial revolucionária como visto nas jornadas de 2013 e em menor grau recentemente com o Breque dos Aplicativos, através dos temas de maior centralidade: Precarização do trabalho através do fortalecimento de espaços sindicais, mesmo que autônomos em primeiro momento pautando as 30 horas semanais com a fundação de cooperativas de trabalho e o estado como empregador em última instância e o fim do 6 por 1, a,organização e defesa de espaços culturais de socialização e expressão da juventude buscando a criação de comitês populares contra a violência policial, buscando tanto dar apoio jurídico, financeiro e psicológico para a juventude encarcerada quanto a organização popular dos bairros periféricos para autodefesa, sempre com pauta principal sendo a legalização de todas as drogas e o fim da polícia militar.