Planificar o trabalho de reforçamento e criação das células de empresa

Para consolidar organicamente o Partido é necessário realizar um trabalho planificado de organização, de construção de células, tendo em vista, principalmente, enraizar o Partido nas empresas e nas grandes concentrações de assalariados agrícolas e de camponeses trabalhadores.

Planificar o trabalho de reforçamento e criação das células de empresa

Publicado em A Classe Operária, n. 400,  em 01 de Maio de 1951.


Na decisiva tarefa em que estamos empenhados de fortalecer e construir o Partido, o trabalho de organização desempenha um papel primordial.

Por essa razão, todo o Partido deve considerar a sua construção orgânica como uma atividade essencial e permanente, sendo para cada organismo uma das preocupações fundamentais.

Para consolidar organicamente o Partido é necessário realizar um trabalho planificado de organização, de construção de células, tendo em vista, principalmente, enraizar o Partido nas empresas e nas grandes concentrações de assalariados agrícolas e de camponeses trabalhadores.

A Consolidação dos organismos de base do Partido é tarefa imperiosa e urgente, afim de que eles possam realizar satisfatoriamente o seu trabalho, funcionar normalmente, se orientar acertadamente diante dos acontecimentos e tomar a tempo decisões justas no âmbito de sua ação.

As células, particularmente as das grandes empresas, do ponto de vista orgânico, são o centro do fortalecimento do Partido e devem, por isso, contar com a máxima ajuda.

Esse trabalho de fortalecimento e construção orgânica do Partido exige de todos os organismos, sem exceção, providências no sentido de reforçar as células existentes e criar novas.

O trabalho celular é dos mais importantes na atividade partidária, pois as células são o centro de gravidade do Partido, constituem a sua espinha dorsal, e é, fundamentalmente, através das células que o Partido põe em prática a sua linha política.

O reforçamento e a criação de novas células de empresa constituem uma tarefa fundamental, uma vez que esses organismos de base são os alicerces de toda estrutura do Partido e o mais profundo e poderoso vínculo entre o Partido e a classe operária. Este é o motivo porque é necessário realizar um trabalho planificado e organizado para fortalecer e criar células de empresa, determinando-se concretamente quais os organismos de base de empresa a reforçar e quais as empresas onde se deve criar novas células.

Sem abandonar os outros setores, é necessário concentrar o trabalho de consolidação orgânica do Partido no reforçamento e criação das células de empresa, começando desde já pelos atuais organismos de empresa existentes, ajudando-os a se ampliar  e se desenvolver.

Os organismos de base, dentro da orientação política do Partido, precisam ser cada vez mais, organismos vivos que tomem resoluções, tenham iniciativa na esfera de sua atividade, editem e divulguem materiais de agitação e propaganda e trabalhem organizadamente. Para que as células sejam efetivamente organismos dessa natureza devem realizar uma reviravolta em todos os terrenos de sua atividade – política, orgânica e ideológica – tendo sempre em consideração a situação real em que se encontram atualmente.

Na presente situação em que se encontra o Partido, não se pode exigir da célula de empresa o mesmo funcionamento da época da legalidade, com grandes assembléias e reuniões em pequenos intervalos de tempo. É necessário trabalhar de maneira completamente diferente. Na realização das tarefas do Partido nas empresas é necessário levar em conta as condições particulares de cada uma delas, a repressão patronal e policial, a força que a célula dispõe na empresa, o nível político da célula, o grau de organização da massa e o estado de espírito dos operários da empresa, não se exigindo da célula esforços superiores às suas possibilidades. É indispensável ter sempre a preocupação de ajudar as células das grandes empresas, reforçando-as com quadros de certo nível, apresentando solução prática para seus problemas e educando constante e pacientemente os seus membros. O essencial para o fortalecimento e ampliação das células de empresa é a intensificação de sua vida política, na base da assimilação da orientação política do Manifesto de Agosto[1], sempre em função do trabalho e das lutas de massa.

As células devem funcionar com regularidade, viver politicamente, cumprir suas tarefas diárias e trabalhar ativa e permanentemente entre as massas.

Neste sentido, os organismos de base para satisfazer a essas exigências precisam reunir periodicamente. A reunião desempenha importante papel na vida da célula. As discussões travadas nas reuniões de células, desde que ligadas à aplicação da linha política do Partido, contribuem imensamente para educar os militantes e abrir-lhes perspectivas para o cumprimento de suas tarefas.

Por essa razão, é necessário combater nas células o burocratismo e as discussões fora da realidade onde atua a célula. É indispensável organizar cuidadosamente as reuniões das células e as suas ordens do dia, de maneira a despertar o máximo de interesse do militante pela reunião, devendo constar sempre da discussão problemas relacionados com as reivindicações e aspirações das massas do setor onde o organismo de base desenvolve a sua atividade.

É preciso assegurar condições materiais para o bom funcionamento da célula de empresa, pois as reuniões das células de empresa se tornam difíceis de serem realizadas por falta de locais apropriados. A reunião dos membros da célula na empresa é cada vez mais dificultada devido a reação patronal.

Em grande número de fábricas os militantes do Partido residem em bairros os mais diversos, o que torna difícil a reunião normal e periódica, sendo nesse caso indispensável encontrar local que possibilite a participação de todos os militantes ou da sua maioria nas reuniões.

Ao mesmo tempo, é necessário tornar a reunião da célula mais viva e menos monótona, mais prática e menos geral, levantando-se sempre nas discussões problemas concretos da empresa em ligaçao com a aplicação prática da linha política do Partido, tendo-se sempre em conta o nível dos militantes que, além das tarefas do Partido que tem a executar, são ligados à produção sob um regime de dura exploração e opressão.

Para se iniciar o trabalho de criação de novas células de empresa deve-se aproveitar as chamadas “ligações”, isto é, membros do Partido nas empresas ligados diretamente ao Comitê Distrital ou ao Comitê Municipal, estabelecendo-se todo um plano para transformar as atuais “ligações” em células.

As células como organismos políticos, se fortalecerão e serão criadas no curso da atividade permanente pela aplicação da linha política do Partido.

Por isso, devem não só intensificar a sua ação em defesa das reivindicações imediatas das grandes massas trabalhadoras, mas também lutar persistentemente pela paz, pela execução do programa da F.D.L.N. e pela organização e unidade da classe operária. Cabe, assim, aos organismos de base fortalecer-se política, ideológica e organicamente, procurando sempre tomar decisões coletivas, cuja execução exige que todo membro da célula receba tarefas concretas e seja educado no espírito de responsabilidade e da iniciativa pessoais.


[1] Publicado em 1950, o Manifesto de Agosto demarca a linha política do PCB naquele momento, combatendo o governo Vargas e incentivando a luta de massas. Após o XX Congresso do PCUS e a disputa pelo poder na organização durante o giro à direita, o Manifesto será designado como obra de sectarismo e esquerdismo. O centro da linha política era a construção da Frente Democrática de Libertação Nacional, que teria como objetivo a tomada do poder e a construção de um governo popular e antiimperialista.