Pelo menos não é o Trump, dizem os liberais
Kamala Harris, candidata do partido Democrata à presidência dos EUA, falou à ‘CNN’ na quinta-feira, dia 29 de agosto, sobre suas propostas de governo. Seria a candidata favorita dos progressistas uma verdadeira alternativa para os trabalhadores estadunidenses?
Por Redação
A vice-presidente Kamala Harris, atual candidata dos democratas à presidência dos EUA, explicou à CNN suas propostas, inclusive as suas mudanças de posição quanto ao fracking (também chamado de fraturamento hidráulico, é uma técnica utilizada para extrair combustíveis líquidos e gasosos do subsolo) e à imigração. Na entrevista, Harris ressaltou o seu foco no fortalecimento na economia, trazendo o apoio e fortalecimento da classe média como uma prioridade. A candidata alega que seus valores não mudaram, mas que o seu tempo como vice-presidente proporcionou uma nova perspectiva sobre algumas questões mais urgentes do país.
No que se refere ao apoio dos EUA à Israel, Harris afirmou que não mudará o rumo da política externa e não interromperá o fornecimento de armas ao país. Simultaneamente, a candidata reconhece que “muitos palestinos inocentes morreram” e pede por um “cessar-fogo”. Quanto à ajuda dos EUA à Guerra na Ucrânia, Harris prometeu apoio contra a Rússia no momento que aceitou oficialmente a indicação para concorrer à presidência, reafirmando o seu apoio também à OTAN.
Em entrevista à CNN, a candidata voltou a mencionar um governo acima de partidos, para todos os americanos, afirmando que seria importante ter alguém da oposição na gestão. Afirma a candidata: "eu passei minha carreira valorizando a diversidade de opinião. Acredito que é importante ter pessoas na mesa, que têm visões e experiências diferentes, quando algumas das decisões mais importantes estão sendo tomadas". Apesar da fala, Kamala não mencionou um nome republicano específico, tampouco indicou qual seria o cargo entregue para o partido adversário.
Kamala Harris antes de ser vice-presidente
Kamala Harris, filha do imigrante jamaicano Donald Harris e da imigrante indiana Shyamala Gopalan Harris, é formada pela Universidade de Howard em ciência política e economia e pela Universidade Hastings da Califórnia em direito. Da faculdade, iniciou sua carreira como promotora, em que atuou por três décadas até se tornar procuradora do distrito de São Francisco, para depois chegar à procuradoria geral do estado da Califórnia. Apenas em 2015 Harris se tornaria candidata, primeiramente ao senado, para em 2020 fazer a sua primeira campanha à presidência, durante as primárias dos democratas. Tal campanha terminaria com a proposta de Biden de unir as chapas, tornando-a vice, o que inevitavelmente ocorreu. Sucedeu, então, anos de uma vice-presidente Harris, apagada e pouco presente nos holofotes, seja pela natureza da atuação nos bastidores de seu cargo, ou pela sua atuação pouco memorável.
A carreira de Kamala Harris como promotora e depois procuradora é permeada de punitivismo penal, caraterístico direito burguês. Harris é amplamente criticada pela esquerda estadunidense pelos encarceramentos em massa que promoveu, contrariando a decisão da Suprema Corte, que previa a redução da população presa no estado da Califórnia. É importante ressaltar que Harris também perseguiu agressivamente os crimes relacionados à maconha quando procuradora-geral da Califórnia e promotora. Nesses casos, é destacável as disparidades raciais na punição desse tipo de crime nos EUA, assim como acontece no Brasil.
Vice-presidente Harris em exercício
No cargo de vice-presidente, Harris foi se tornando esquecida ao longo do mandato. Dentre as atuações que podem ser destacadas da vice-presidente, pode-se apontar o apelo vazio aos direitos reprodutivos, sem atuação real conjunta. Nos primeiros meses do governo Biden, Harris desagradou democratas e republicanos devido à sua atuação quanto à crise na fronteira entre EUA e México. Por fim, Harris também esteve à frente da missão do governo de codificar as proteções aos direitos de voto.
Senhora candidata Harris
Tendo abandonado o Green New Deal e às críticas ao fracking, tendo declarações críticas à imigração – dizendo que deve haver consequências para imigrantes ilegais –, sugerindo cogitar nomes do partido de Donald Trump para o seu governo: Kamala Harris confirma o clássico ditado estadunidense que não há nada mais republicano do que um democrata no poder. Harris não só não representa a classe trabalhadora como encarna desavergonhadamente o imperialismo estadunidense em suas propostas de política externa, em especial na promoção do genocídio palestino perpetrado pelo Estado colonialista de Israel. Todavia, segue as instituições da democracia liberal, o que o seu rival, absorto pelo fascismo, sequer o faz. Kamala Harris é a solução, uma alternativa, para um EUA melhor para os trabalhadores e trabalhadoras? Certamente não. Harris é o nome do status quo, trazendo consigo somente o tradicional neoliberalismo estadunidense e a agressão imperialista contra os povos do mundo.