PCTR, "comunistas do MAGA" e a guerra imperialista
A colaboração entre "marxistas" e forças de extrema-direita ganhou contornos transatlânticos com a mais nova correspondência entre apoiadores de Trump nos EUA e o Partido Comunista dos Trabalhadores da Rússia (PCTR)
O seguinte artigo foi publicado no portal 902 (Η στήριξη του ιμπεριαλιστικού πολέμου και η «τρικυμία στο κρανί ο»), o portal oficial de notícias do Partido Comunista da Grécia (KKE), em 31 de março de 2023.
Recentemente, o site do Partido Comunista dos Trabalhadores da Rússia (PCTR) publicou uma entrevista com Haz Al-Din, cidadão estadunidense de origem árabe, que junto com outros criou um “coletivo online” conhecido como “Infravermelho”. Essa pessoa se considera um “marxista-leninista” e, como o site PCTR nos informa na introdução, ele “se infiltra” no Partido Republicano dos EUA. Aparentemente, isso é algo interessante para o PCTR, que decidiu apresentar seus pontos de vista na Rússia.
Haz Al-Din, que afirma pretender levar as ideias comunistas à "ala saudável" dos republicanos, declara-se um seguidor do "socialismo patriótico" e uma das principais figuras do chamado movimento "comunista MAGA" nos Estados Unidos Unidos, que deriva do slogan principal de Donald Trump, "Make America Great Again".
De acordo com o raciocínio de Al-Din, "de longe o movimento da classe trabalhadora mais significativo nas últimas três décadas nos Estados Unidos foi o movimento MAGA de Trump" e, portanto, "os comunistas americanos deveriam 'ir até o povo' em vez de permanecerem confortáveis em suas bolhas” e isso porque... “os republicanos do MAGA são a verdadeira força dissidente e contra-hegemônica. Eles se opõem ao status quo e têm uma base popular autêntica”!
Recordemos que o PCTR alinhou-se com os partidários da guerra imperialista, sob o pretexto do “antifascismo” e da suposta “salvação do povo de Donbass”. Isso levou muitos de seus quadros e jovens a abandonar o partido. Como consequência desses desenvolvimentos, o PCTR realizou reuniões com russos de extrema-direita, o grupo fascista de “Nacional-Bolcheviques” e políticos burgueses que apoiam a guerra imperialista, visando uma participação conjunta nas próximas eleições.
Parece, portanto, que essa “tendência” de colaboração com as forças de extrema-direita, com vista ao seu “esclarecimento” e à luta comum contra o “fascismo” do outro lado, tem efeitos transatlânticos. Assim, é característico que, ao elogiar Trump, Haz Al-Din rotule a agenda do Partido Democrata como "hitleriana".
Claro, sabe-se que, há anos, o Partido Comunista dos EUA segue uma política alinhada com o Partido Democrata, que é o outro “pilar” sistema político burguês dos EUA . No entanto, a questão não pode ser a escolha entre as duas formas de gestão do capitalismo nos EUA (Republicanos ou Democratas), nem a escolha de um ou outro lado da guerra imperialista.
O que é necessário é a linha independente do Movimento Comunista contra os monopólios, o capitalismo, as classes burguesas, pela derrubada da barbárie capitalista e a construção da sociedade socialista-comunista.
Os desdobramentos mostram que o apoio à guerra imperialista por parte de alguns partidos comunistas, sob os diversos pretextos utilizados pelas classes burguesas, não é apenas uma decisão errônea, mas uma postura que traz desequilíbrios e mutações generalizados de sua linha política e posições teóricas.