'Para construir um partido nacional!' (Gabriel Illitch)
Para a revolução e a superação do capitalismo no Brasil avançar devemos primeiramente entende-lo, não seremos capaz de entender o capitalismo Brasileiro e o perfil da classe trabalhadora no Brasil sem um esforço de nacionalizar o partido
Por Gabriel Illitch para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Camaradas, escrevo essa tribuna não com a intenção de pautar questões teóricas ou fraseologicas ( que não deixam de ser importantes), e sim pautar questões políticas e metodológicas que impedem o avanço e a massificação do movimento comunista no Brasil, será uma tribuna curta e direta devido a falta de disponibilidade para escreve-la de melhor forma.
Atualmente somos um partido sem expressão e quase que imóveis e incapazes de hegemonizar quaisquer luta do proletariado Brasileiro e busco traçar algumas reflexões sobre o que leva esse cenário pelos fatores internos de nossa organização.
Começo falando sobre o último congresso da UJC onde aprovamos por aclamação a monção organizada e escrita por Estados do norte e nordeste reivindicando de nossas direções um planejamento de nacionalização da juventude, essa monção, citada por diversas vezes no racha com o PCB-CNPJ, não parece ter sido tratada com a importância que teve como argumentos para a fundação do RR na nossa construção cotidiana, cito de exemplo o Amapá onde atuo na base e na direção, temos o mesmo problema que tinhamos com o velho PCB, a falta de assistência, da CNP a assistência é autogerida por mim é mais uma camarada do Amapá pois o assistente do CNP não consegue disponíbilidade para acompanhar os debates, um gravíssimo desvio de auto assistência, me questiono como seria essa situação se não tivessemos eleitos para CNP, que inclusive tiveram revelias de alguns camaradas, principalmente de São Paulo. Ora camaradas, a monção só serviu de agitação para o racha? Devemos ignorar que os primeiros estados a aderirem ao RR tenham vindo do norte e do nordeste? Nosso comitê central DEVE se propor a nacionalizar os trabalhos, nem que para isso devemos novamente reunir os nordestinos e nortistas do partido e construirmos novamente a monção.
Para a revolução e a superação do capitalismo no Brasil avançar devemos primeiramente entende-lo, não seremos capaz de entender o capitalismo Brasileiro e o perfil da classe trabalhadora no Brasil sem um esforço de nacionalizar o partido, hoje não temos qualquer noção e capacidade de diferenciar como a dinamica de trabalho funciona de norte a sul, tendo isso em mente trago uma reflexão, como poderemos traçar uma política de combate a esses desvios se na organização de nosso congresso não conseguimos superar a fórmula liberal que favorece o Estado de São Paulo a hegemonizar nossa política, o Estado de São Paulo agrupa 30% da população brasileira por ter em seu território a maior concentração de capital do país, considerando isso, a proposta menos problemática de porcentagem de delegados por região foi usar essa matemática e dar para o Estado 30% de toda a delegação do congresso, como conseguiremos em um congresso desenvolver teses sobre o capitalismo brasileiro se a delegação de uma região inteira corresponde a apenas metade da delegação de SP? O que acontecerá na prática será o mesmo que aconteceu no IXCONUJC, um atropelo de debates que so faziam sentido no sudeste e quase nenhum debate de como organizar o partido fora de la. Vamos para um congresso onde mudar o nome do jornal de “PALMARES” para “O FUTURO” (argumento meramente ilustrativo) vai ter mais importância do que avançarmos na nossa concepção de como a dinâmica de trabalho no campo funciona. Sairemos de um congresso onde não iremos ter a menor capacidade de entender como o capitalismo brasileiro se desenvolveu de formas distintas em cada região do pais.
Hoje não somos um partido com o potencial de organizar a revolução no Brasil mas acredito que possa se criar esse potencial caso haja esforço de todos os cantos do pais para superar esse sudestecentrismo e que os camaradas paulistas sejam capaz de enxergar o Brasil fora dos muros cinzas de SP.
Deixo aqui a monção citada no texto e aclamada no IXCONUJC como forma de rememorar a luta dos comunistas nortistas e nordestinos.
Camaradas,
A União da Juventude Comunista enquanto uma juventude revolucionária, marxista-leninista, que constrói a revolução brasileira a cada dia, tem o dever de nacionalizar seus trabalhos políticos em todo o Brasil, considerando todas as particularidades de nosso país.
No entanto, percebe-se uma alta concentração das formulações políticas e organizativas voltadas para as realidades das regiões sul e sudeste como se estas fossem a realidade a nível nacional.
As demandas da região norte não significam um tipo de regionalismo, mas sim parte da construção da verdadeira nacionalização da União da Juventude Comunista. Por isso, o IX Congresso Nacional da União da Juventude Comunista compromete a militância a
- o estudo do capitalismo brasileiro que leva em consideração as relações de produção próprias da Amazônia e o estudo do imperialismo sobre a Amazônia;
- o combate a todas formas de opressões sobre a população ribeirinha, sobre os povos indígenas, sobre quilombolas, com destaque às violências de invasão de terras, machismo e estupros sistêmicos em localidades distantes, escravidão e aviamento etc.;
- a recepção e consideração de nossas experiências político - organizativas, que não são iguais a de todos Estados (lembrando que a formalidade da possibilidade de uma socialização de nossas demandas por meio de tribunas de debates não garante que isso seja feito de fato);
- que a construção dos processos congressuais leve em conta as especificidades das delegações de todos os Territórios nacionais, combatendo a reprodução do federalismo.
Pra combater concentração local, e construir a juventude nacional!