'O trabalho clandestino deve ser debatido' (S.E)
As tarefas de clandestinidade, assim como sabemos, são inevitáveis se nos propormos a pensar em uma revolução armada. Porém, é importante que tenhamos noção de que tarefas clandestinas não se resumem a apenas pegar em armas e derrubar o Estado burguês, existem várias coisas clandestinas a se fazer.
Por S.E para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Camaradas,
Me proponho nessa tribuna a tocar em um assunto que, assim como diverses camaradas, vejo como de grande importância para nossa atuação. As tarefas de clandestinidade, assim como sabemos, são inevitáveis se nos propormos a pensar em uma revolução armada. Porém, é importante que tenhamos noção de que tarefas clandestinas não se resumem a apenas pegar em armas e derrubar o Estado burguês, existem várias coisas clandestinas a se fazer.
Existem diversas tribunas preparatórias para o XVII Congresso Extraordinário que tratam muito bem acerca do legalismo do velho PCB, do Pecebismo, da luta institucional, no entanto, não são coisas que tratarei nesse texto. Enxergo como um sintoma desse legalismo o fato de não sabermos tocar tarefas clandestinas. Alguns quadros da nossa militância – seja do Partido ou da Juventude – não sabem nem que atividades clandestinas podem ser tocadas. Gostaria de atentar os camaradas ao trabalho de pixação que o PCR e organizações vinculadas a este fazem. Recentemente, estourou uma polêmica no X (finado Twitter) sobre um pixo do PCR que foi feito em cima de outros pixos de outras pessoas. Isso, é claro, para mim que pertenço a essa cultura periférica, é um enorme desrespeito, porém, ainda assim, a frase “PALESTINA LIVRE PCR” foi vista por milhares de pessoas nas redes sociais e também na vida cotidiana. Existe uma discussão muito candente em nossas fileiras acerca de como nos inserir nas periferias, e eu acredito que com tarefas de pixo podemos nos fazer presentes nas periferias em que atuamos e queremos nos inserir (desde que isso, claro, não entre em conflito com a ordem vigente de periferias que têm presença do crime organizado, por exemplo, acima de tudo priorizando a segurança de nosses militantes). Outra tarefa que sei que dá certo é a venda de “brisadeiros”, em festas organizadas pela UJC. É uma tarefa financeira lucrativa, que se executada sob circunstâncias adequadas, com consciência e disciplina revolucionária, trás retornos palpáveis ao caixa do núcleo/célula.
Camaradas, é necessário ter em nossa compreensão que a clandestinidade é uma modalidade de atuação baseada em um conceito imposto pelo aparato jurídico burguês, devemos ir contra essa concepção da ideologia dominante, porém, nosso planejamento e organização devem se dar de forma muito consciente e responsável. É candente a necessidade de uma forma de comunicação interna e plenamente segura, para que militantes em nossas fileiras possam se comunicar sem os perigos da justiça burguesa. É válido omitir uma informação ilegal de atas de reunião, porém esse registro, e acima de tudo, esse acúmulo, deve ser socializado com a militância. É preciso que militantes saibam tocar uma tarefa de pixo, uma ação direta tão popular e relativamente segura, dentro das análises dês camaradas (digo isso pois, como é uma tarefa clandestina, e portanto, pode acarretar problemas para ês militantes envolvides e para a organização, essa tarefa não pode ser realizada ao léu, e sim mediante a necessidade e/ou o potencial de gerar saldo político para nossa organização).
Em minha compreensão, vivemos em uma época em que a materialidade não nos permite ou pede que tomemos ações mais radicais, porém é importante pensar que, se tudo o que queremos se concretize, em uma realidade teremos que tomar essas ações. Teremos sim, a depender da realidade, que realizar ações ilegais e julgadas criminosas pela ordem burguesa mesmo antes da insurreição armada, esse debate deve ser feito. Sejamos revolucionáries.
Tenhamos decisão, camaradas.