'O Tempo segue' (Paulo Pinheiro)
Os problemas a resolver são complicados, grandes, mas a exploração não para, a chibata castiga impunemente os nossos corpos. Esse grito de dor tem que se transformar em ação revolucionária.
Por Paulo Pinheiro para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Hoje o papo é sobre quem está fora, mas quer entrar. Muita coisa a ser resolvida, todas e todos que já possuem uma militância encaminhada, podem seguir o bom conselho do Paulinho da Viola de “faça como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro, leva o barco devagar”.
E aqui segue uma questão que muito me incomoda. E os que não temos essa militância bem definida, que estamos ansiosos por uma luta organizada e, acima de tudo, superior?
Dentro ou fora da sigla histórica e legalizada, esse é um dos problemas que pode estar ocorrendo. A falta de um desfecho quanto à destruição causada pelo PCB-CC está ampliando o que parece ser o projeto político deles: aprofundar a paralisia revolucionária brasileira.
Tenho acompanhado as declarações de organismos partidários publicadas nesta tribuna, vindas de todo o país. Um passo está sendo dado, importante e necessário. Mas seguiremos mais uma vez quase que paralisados pelas lutas internas?
A vida segue! Jovens, trabalhadoras e trabalhadores que por ventura possam estar animados com a possibilidade de estar em um coletivo que entenda e nos faça entender ainda mais o que nos oprime, nos reduzimos à espera de uma nebulosa decisão.
Possivelmente a um passo de uma desistência, ou de uma acomodação em outra organização qualquer que minimamente satisfaça algum critério aceitável de luta. Já não basta o mundo do trabalho para nos desanimar, nos destruir qualquer esperança, qualquer possibilidade de lutar em conjunto com pessoas e ideias mais próximas?
Os problemas a resolver são complicados, grandes, mas a exploração não para, a chibata castiga impunemente os nossos corpos. Esse grito de dor tem que se transformar em ação revolucionária.
Sou mais um que aguarda a possibilidade de discutir e de fazer parte dessas pessoas que “tramam em segredo seus planos”, pra continuar na sabedoria cantada pelo príncipe do samba. E que quer agir implacavelmente contra esse sistema que nos explora.
O próximo ano se apresenta com suas eleições municipais, e temo que não tenhamos tempo de organizar a ampla e ousada agitação frente aos problemas cotidianos mais imediatos em que prefeitos e vereadores devem ser constrangidos a agir conforme nossas necessidades e caminhos táticos e estratégicos.
Mas quais são esses caminhos? Quem somos nós? Como pode alguém se organizar com essa paralisia, que só se solidifica, imposta pelo grupo do CC?
Que venha o Congresso, que venha a ação!