'O jornal nos fará avançar: inclusive no acúmulo sobre tecnologia' (F. Martins)
É impossível concluir a tarefa monumental de produzir e distribuir um jornal para todo o Brasil com um trabalho artesanal e amador. O jornal obriga a profissionalização do trabalho em todos os níveis da organização.
Por F. Martins para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Assim como muitos camaradas em nossa organização, sou um fervoroso defensor da necessidade primordial de criar um jornal leninista como o órgão central e estruturador de nossa organização. Já temos excelentes debates em andamento sobre o papel de um jornal em nossa organização. Cito, as tribunas "O jornal não está obsoleto: uma resposta ao camarada Bruno Franzoni," escrito pelo camarada Machado, e "Pela construção de um órgão central à altura do nosso povo," de autoria do camarada Deutério. E faço coro às palavras dos camaradas.
É óbvio que precisamos ter meios de agitação além do jornal, e que precisamos evoluir em uma produção de conteúdo profissionalizada pela internet. Temos sim que explorar todos os aparelhos possíveis para lutar contra a hegemonia da ideologia burguesa, nenhum dos camaradas que defendem o jornal argumentou que ele deveria ser o único meio que devemos usar. Porém não podemos colocar esse debate sobre meios de comunicação digital em oposição ao jornal leninista, pois o jornal cumpre um papel muito diferente para o partido.
As críticas ao jornal se focam muito em argumentar que poucas pessoas no brasil tem o hábito de ler jornal no seu dia a dia e que portanto, o jornal não tem o potencial de atingir as massas. Essa crítica está errada, pois não compreende o que de fato irá trazer as massas para o nosso movimento. O que trará as massas é uma linha política sólida e avançada, somada a um trabalho de base, profissionalizado e consciente, junto às lutas diárias da classe trabalhadora. Não adianta nada ter vídeos no youtube expondo nossa linha política com milhares de visualizações, se os trabalhadores que assistiram o vídeo não tiverem no seu local de trabalho, estudo e moradia, núcleos de base do partido, que estejam organizados e com seus trabalhos voltados a um planejamento nacional.
Independente do meio que usamos para fazer nossa agitação, ela tem de estar respaldada por um trabalho de base concreto e profissionalizado junto a classe trabalhadora. Só assim nossas palavras de ordem serão ouvidas e repetidas por todos os trabalhadores. E portanto, se conseguirmos ter esse trabalho profissional sendo tocados em todas as instâncias da organização, um trabalhador pode que nunca ter lido um jornal na vida, mas se ele reconheceu nossos militantes, como alguém que luta pelos seus interesses, esse trabalhador não perderá uma única edição do jornal do partido.
E é por isso mesmo que o jornal é tão central para a nossa organização hoje. É impossível concluir a tarefa monumental de produzir e distribuir um jornal para todo o Brasil com um trabalho artesanal e amador. O jornal obriga a profissionalização do trabalho em todos os níveis da organização. Os núcleos de base que terão de se organizar para fazer brigadas de venda do jornal e desenvolver análises da sua realidade para produzir matérias, as instâncias regionais e nacionais precisaram manter o controle da produção e envio do jornal para os núcleos, e fazer a sistematização das experiências coletivas através das matérias.
Nesse sentido o jornal irá escancarar quaisquer sinais de trabalho amador, já que qualquer falha nas cadeias regionais e nacionais irá fazer com que jornais não cheguem aos núcleos, e qualquer núcleo que não desenvolver um trabalho concreto, não conseguirá escrever matérias qualificadas. Portanto, analisar as dificuldades da realização da tarefa do jornal nacional irá nos mostrar qual o grau de organização do partido como um todo, e a cada passo que dermos para solucionar os problemas concretos do jornal estaremos avançando na profissionalização do partido.
Naturalmente, hoje temos muito mais acesso a tecnologia do que os bolcheviques tinham em sua época. E é verdade que hoje nosso partido tem um acúmulo praticamente nulo sobre como utilizar essas tecnologias em prol da revolução. Mas o jornal é um caminho concreto para avançarmos sobre o tema. O jornal será o organizador das demandas por tecnologia, ele irá permitir que tenhamos um departamento composto apenas por militantes que tenham experiência com programação e outras tecnologias, que terão como tarefa, olhar para as dificuldades práticas da construção do jornal e desenvolver soluções para esses problemas. Sendo eles simples, como automatizar planilhas de controle de venda e distribuição. Ou problemas complexos como desenvolver um canal seguro para centralizar todos os dados relacionados ao jornal.
Pensar a organização dos camaradas programadores a partir das demandas do jornal é uma forma muito mais qualificada para avançarmos nesse debate, pois a cada projeto que esses camaradas desenvolvam com sucesso estará melhorando as condições da profissionalização do partido como um todo.
Por esse motivo que me oponho a ideia de desenvolver um aplicativo ou fórum online do partido neste momento. Podemos gastar meses de trabalho dos nossos camaradas para no final termos um aplicativo que até pode ser legal, mas não avança em nada na profissionalização do nosso trabalho.
O jornal não é um item mágico que resolverá todos os problemas da organização. Teremos muito trabalho pela frente para construir um partido que seja a vanguarda da classe trabalhadora brasileira. Porém creio que o jornal é um passo concreto no sentido de profissionalizar a nossa militância rumo a revolução brasileira.