'Nota sobre a minha tribuna a respeito da frente popular e do PCR' (Leonardo Damasceno)
Camaradas do Norte, não se intimidem por críticas superficiais vindas de quem desconsidera seus dilemas, desafios e particularidades, escrevam mais e sobre qualquer assunto que acharem relevante de ser socializado, não deixem de escrever devido às possíveis limitações teóricas.
Por Leonardo Damasceno para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Devido à ampla repercussão de minha tribuna, sinto-me obrigado a esclarecer alguns pontos. Primeiro, a finalidade de uma Tribuna de Debates é a garantia da socialização de acúmulos e debates nacionalmente, não tendo como pré-requisitos que as pessoas escrevam rebuscadamente, com grau de fundamentação e acúmulo teórico elevados.
Segundo, foi alarmante o padrão de algumas respostas de militantes do PCB-RR, destaco uma que dizia que eu e os críticos de minha tribuna “rasa” precisávamos ‘avançar muito e que a quantidade de pancada tomada ajudaria a melhorar, mas seria uma longa tarefa’. Respostas como essa são rasas e destrutivas, pois ao invés de elevar o debate, tolhem ideias. Um posicionamento desapontador e contraditório para quem bradava por liberdade de crítica.
Indivíduos que adotam tal postura posicionam-se em uma esfera que transcende possíveis equívocos, apresentando-se como detentores de um conhecimento privilegiado e replicando comportamentos intrínsecos à realidade habitada por nossos protagonistas preponderantes (homens caucasianos pertencentes à classe média, com condições materiais propícias para o estudo aprofundado do marxismo-leninismo). Em algumas instâncias, tais figuras menosprezam o que é divergente e foge ao paradigma geográfico sul/sudeste. Não por acaso, os estados localizados na região Norte têm sido historicamente subestimados pelos Comitês Centrais do passado, os quais eram predominantemente constituídos por esses elementos. No caso de repetição dessa composição no futuro Comitê Central, é desejável que os mencionados membros, no mínimo, ampliem as discussões e as perspectivas teóricas para além do âmbito sul/sudeste, buscando nacionalizar o debate e evitando catalogar o que provém de outros estados e regiões como mera regionalidade.
Sugiro também que os ávidos críticos destrutivos deixem de olhar para o próprio umbigo e percebam que o perfil da militância do PCB mudou e não mais somos professores universitários, caso tenham esquecido. Ironicamente, me encaixo na descrição de homem branco e oriundo de classe média com formação acadêmica. No entanto, assim como a militância do Norte em peso, tenho perfil proletário (pessoas assalariadas, desempregadas e a parcela precarizada da pequena burguesia) e ainda assim, eu só pude escrever a tribuna “rasa e cheia de erros” por dispor de uma rede de apoio e de um computador, o que já me coloca à frente de inúmeras pessoas. O que significa que mesmo sabendo que inúmeras contradições da formação econômico-social brasileira só terão possibilidade de resolução no socialismo-comunismo, nunca devemos desconsiderar a disparidade entre regiões, pois o Norte teve acesso a uma das educações públicas mais precárias ao longo de décadas. Não podemos esperar o mesmo resultado vindo de regiões diferentes e definitivamente a régua não deve ser posta no eixo sul/sudeste, caso ocorra, reproduziremos novamente os quadros de homens brancos da USP do antigo PCB. Como exemplo, o Pará enviou apenas oito tribunas (que eu saiba), logicamente a experiência política da militância daqui ainda é recente, mas o fato de nossos principais quadros e comunicadores ainda serem de longe, certamente desencoraja pessoas daqui de se expressarem e de se identificarem. Significa que as nossas formulações não devam receber o mesmo critério rigoroso de crítica das de outros locais do Brasil? Muito pelo contrário! As críticas devem ser tão rigorosas quanto, mas carregadas especialmente de uma humanidade que só os comunistas expressam, fomentando ainda mais as discussões e o ganho coletivo.
Camaradas do Norte, não se intimidem por críticas superficiais vindas de quem desconsidera seus dilemas, desafios e particularidades, escrevam mais e sobre qualquer assunto que acharem relevante de ser socializado, não deixem de escrever devido às possíveis limitações teóricas. Não tenham medo de posturas elitistas de alguns camaradas do eixo sul/sudeste, no mesmo espírito de Lenin: escrevam, debatam e construam a partir daqui de forma mais ampla e ousada, mais ousada e ampla, e novamente de forma mais ampla e novamente mais ousada, sem temê-los. Devemos girar os olhos da militância e do Brasil inteiro para o que ocorre nos interiores de nossos estados, ação das mineradoras em áreas quilombolas, privatização das florestas, a farsa que será a COP 30, etc.
Lembremo-nos de que o PCB em toda sua história não foi feito para reter o proletariado precarizado de hoje, para pessoas desempregadas, mães, negros, população LGBTQIA+, PCDs, indígenas, especialmente do Norte, não os acolhendo e ainda os moendo. O PCB-RR está se nacionalizando e unificando, e certamente esse é um passo enorme na direção correta, mas de nada servirá se nós do Norte não ocuparmos espaços em pé de igualdade com camaradas do resto do Brasil no Órgão Central e no Comitê Central em nosso XVII Congresso! O momento é agora, camaradas da região Norte, caso contrário, estaremos errando igual e não diferente. Que debatemos, analisemos soluções e as coloquemos em prática, entendendo que os resultados demorarão a vir (se vierem) e tem coisas que só serão resolvidas com o tempo e o avançar da luta de classes, conforme aumentarmos nossa inserção. E aqueles que se consideram superiores, doutores em Marx, Engels e Lenin, de nada lhes serve seu infinito conhecimento se ficar preso com vocês no alto de suas torres. Fiquem à vontade para vir (e serão muito bem recebidos) compartilhar sua sabedoria em nosso Ciclo de Palestras do Extremo Norte, assunto que abordarei na tribuna a seguir.
Acerca do Ciclo de Palestras do Extremo Norte
Por Leonardo Damasceno
Camaradas,
Sob o risco de soar individualista, mas fazendo desta introdução um momento catártico, trato de uma iniciativa que surgiu durante um momento de declínio de minhas condições materiais, enquanto branco, formado, pai e passando por um luto, durante a conjuntura do 08 de janeiro e ameaça de greve pela categoria dos entregadores por aplicativo. À época, busquei, mesmo com minhas limitações teóricas e políticas, aglutinar pessoas favoráveis a um movimento grevista em minha cidade e preencher minhas lacunas teóricas estudando todo tipo de materiais possíveis sobre o chamado Capitalismo de Plataforma. Porém, a greve nunca ocorreu, sob o pretexto de que fortaleceria o fascismo e era tempo de proteger a democracia.
Todavia, um dos materiais estudados foi o minicurso Neoliberalismo, uberização e sofrimento psíquico[1](e merece uma atualização) por Gustavo Gaiofato, que considero conter muito mais acertos do que erros por dialogar com o dito proletariado digital. E como havia me organizado recentemente na Unidade Classista, meu secretariado acolheu minhas demandas e sabiamente deu vazão a elas, sugerindo que fizéssemos formações internas sobre o tema e para nossa surpresa, o próprio camarada Gaiofato se dispôs a palestrar presencialmente. Surgiu assim, por espontaneidade, a primeira palestra de um ciclo de formações abertas ao público, mais tarde batizado pelas direções de Ciclo de Palestras do Extremo Norte. Espontaneísmo que devemos debater, por atravessar problemas organizativos como difusão de tarefas e a imobilidade que existe em nossas fileiras na forma de espera constante sobre a próxima ordem que virá das direções.
Atualmente, o referido Ciclo realizou quatro palestras públicas — Gaiofato, Gabriel Landi, Jones Manoel e Ivan Pinheiro — e tem agenda aberta para o próximo ano. Com esta tribuna, almejo socializar minha experiência na construção dessas atividades para serem usadas em um futuro balanço, que apesar de terem tido um pontapé espontâneo, provaram-se como um leque de possibilidades que abarca desde formação, profissionalização de segurança, AgitProp, finanças e recrutamento.
Por que Ciclo de Palestras do Extremo Norte?
Uma alusão ao conjunto de romances O Ciclo do Extremo-Norte do camarada Dalcídio Jurandir, escritor paraense e militante comunista histórico, cuja obra retrata as diversas facetas femininas, seus dramas e contexto socioeconômico na Amazônia do início do século passado. Eu não sou a pessoa mais indicada para analisar sua obra, mas destaco que adiante abordarei que o nosso Ciclo não representou essa parte do legado do camarada sobre o papel da mulher amazônida.
Além disso, o Ciclo também cumpre a função descrita por Lenin em seus círculos de propagandistas[2] e tem até paralelos com a Rússia Czarista, pois como naquele contexto, o público atingido em Belém foi majoritariamente estudantil, intelectual e autônomo — em decorrência da inserção incipiente dos comunistas brasileiros no seio da classe trabalhadora. E tal qual Lenin fazia com sua militância propagandista, nossos palestrantes ensinaram categorias marxistas ao mesmo tempo que colheram informações sobre a realidade local.
O perfil do público atingido
Infelizmente, atuei apenas em duas palestras e uma das tarefas que peguei foi organizar os dados para um futuro balanço. Abaixo compartilho uma breve análise que fiz do público da primeira palestra:
- 79% do público relatou não ter experiências em movimentos ou organizações sociais. O que pode refletir uma busca crescente por organização.
- Em relação a profissão, tivemos um número alto (65%) de pessoas que não quiseram informar e dos informados, 22% eram estudantes (secundário e superior). No entanto, no evento, comprovou-se um público majoritariamente jovem, tal qual a audiência do comunicador e camarada Gustavo, precarizado e pouquíssimas pessoas com empregos considerados “estáveis” (segundo os dados).
- Já sobre região, 91% são provenientes das três maiores cidades da região metropolitana (Belém e seu distrito de Icoaraci, Ananindeua e Marituba), com o restante não informado e pouquíssimas pessoas de Benevides, Santa Izabel, Bragança e Barcarena (localizada a 1h30 de carro de Belém, palco de desastres ambientais provocados pela Norsk Hydro).
Esmiuçando a composição demográfica das duas maiores cidades, Belém e Ananindeua, percebeu-se que os bairros mais populosos de Belém (segundo censo de 2022 do IBGE[3] são Guamá, Pedreira, Marambaia, Jurunas, Terra Firme e Tapanã) somaram 34% do público. No entanto, bairros pouco populosos, embora mais próximos do local do evento, como São Brás, Marco, Umarizal e Batista, somaram 20% do público. Infelizmente não é possível cruzar esses dados com profissões, devido ao grande número de não informados, mas áreas menos populosas concentram os centros comerciais e um maior IDH, refletindo a franja mais abastada da pequena burguesia.
Em Ananindeua, bairros vizinhos como Cidade Nova, Coqueiro e Atalaia concentraram 42% do público da cidade e o percentual restante ficou disperso por todo o município.
Ressalto que atingimos majoritariamente áreas periféricas da região metropolitana, onde moram o proletariado e a porção da pequena burguesia com piores condições de vida. E por pequena burguesia me refiro aos que trabalham para si, contratando outras pessoas ou não, independente de sua renda.
Um dos motivos para não esmiuçar os dados da segunda palestra, Fascismo e Poder Popular: rumos da política brasileira por Gabriel Landi, é que o perfil do público mudou para um público ainda mais nichado, diminuindo consideravelmente de tamanho (redução de 40%), que residia próximo a um local de difícil acesso.
Onde erramos
Considero que falhamos principalmente em planejamento estratégico. Mesmo após quatro eventos e a Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba (CONASOL), vejo que ainda não elaboramos um planejamento estratégico eficiente a longo prazo, sempre trabalhando com pouquíssimo tempo hábil, embora seja necessário apontar, debater e identificar quais problemas advêm de questões organizativas e inexperiência política.
Por exemplo, a espontaneidade da criação do Ciclo e a falta de debate aberto entre várias instâncias do complexo partidário desde as etapas de escopo do projeto, ocasionou que decisões partissem do topo (algumas considero apressadas) e impediu que variáveis como ganho político, capacidade de mobilização e custo benefício fossem considerados pelo conjunto da militância. Aliada a decisões rápidas também há a apatia nas fileiras, descrita por Lenin, quando esperamos pelos direcionamentos vindos de cima e quando vêm, ainda os questionamos. Tal prática antileninista compromete obviamente o Centralismo Democrático, facilitando o surgimento de boicotes, que por sua vez levam ao pessoalismo.
Assim, outro problema que não podemos ignorar na realização do Ciclo e na vida partidária são os boicotes, que comprometeram e muito a realização das atividades, causando sobrecarga em várias pessoas e atropelo do planejamento. E ainda hoje, não temos protocolos para lidar com a cultura do boicote, desde como identificar e combate-lo.
Sobre agitação e propaganda, a leitura que faço é que apesar do trabalho primoroso de camaradas designers, acertamos na primeira palestra, mas gradualmente reduzimos o alcance nas palestras restantes, o que pode ter relação com a queda do consumo de conteúdos da esquerda radical em decorrência da mudança de conjuntura nacional. Percebi que realizamos agitação física na palestra de Jones Manoel (lambes e panfletagem), mas vejo que poderíamos ter tido maior divulgação nas redes (incluindo as dos nossos principais propagandistas) e a divulgação do evento de Ivan Pinheiro foi quase nula. Levem minha leitura com um grão de sal, pois não tenho acesso às estatísticas de nossas redes, mas considero essencial o debate de elaborar formas de profissionalização de nossos propagandistas (especialmente da região Norte) para aumentar nosso alcance.
Desde a primeira palestra, negligenciamos e não debatemos atitudes aparentemente inofensivas de outras forças que escalaram ao longo dos meses, transformando-se em problemas graves como assédio e possivelmente cooptação. O que poderia ter sido evitado, caso existisse em nosso partido a cultura de crítica aberta a outras organizações, de forma que teríamos identificado em um estágio inicial as posturas sectárias de tais forças, pois esse acúmulo já teria sido socializado. Logo, atento à necessidade de prosseguirmos ainda mais no debate sobre segurança, incluindo diretrizes claras contra táticas de cooptação.
Outro ponto bastante deficiente em nosso planejamento, provocado por rapidez na tomada de decisão e baixa aderência da militância, foi a reprodução da ordem do capital e no fim das contas, tarefas de cuidado foram delegadas às mães, os eventos não foram acolhedores para as mães e seus filhos (militância e público) e no geral, a parte mais engajada da militância foi a que dispõe de condições materiais como rede de apoio, moradia e renda próprias. Considero essa deficiência bastante contraditória, ainda mais quando o “patrono” do Ciclo deu destaque em sua obra para a mulher amazônica e precisamos focar neste ponto em nosso balanço. Eu, principalmente, sou culpado por reproduzir tal comportamento em dois eventos seguidos porque eu era um dos que coordenavam a parte de infraestrutura e alimentação do Ciclo. Agravando o meu quadro, meu afastamento repentino da militância às vésperas de um evento grande como a palestra de Jones contribuiu para o desarranjo na organização e sobrecarga de pessoas — o que traz à tona nossa falta de planejamento e falha na distribuição de tarefas. Faço uma autocrítica da reprodução do machismo e afirmo que de minha parte haverá total comprometimento para transformar as atividades em ambientes acolhedores. Porém, a organização inteira do Ciclo também precisa realizar a mesma autocrítica para chegarmos na raiz do problema, que em minha opinião, além do trabalho artesanal, é a dificuldade da inclusão de variados pontos de vista no processo de tomada de decisão, pois as decisões são tomadas sob a ótica da parte mais engajada da militância, que majoritariamente não é composta por pais e mães. Ainda sobre a reprodução do patriarcado e do racismo estrutural, dos quatro palestrantes, três foram homens brancos e apenas um foi homem negro, a camarada Maria Carol (à época, Secretária Política da UJC Nacional) seria a última palestrante do ano, mas ficou impossibilitada de vir e foi substituída por Ivan. São desafios estruturais que devem estar na ordem do dia das mudanças no PCB-RR.
Atento que todos esses erros ocorreram em vias de um processo de racha, que por sua vez explodiu enquanto a militância do Pará passava por dois desgastes seguidos, CONASOL e CONUNE, crise interna entre CR e UJC, impossibilitando a realização de um balanço apropriado, dificultando as ações de AgitProp e a realização de um planejamento além de estratégico, executivo a longo prazo. Porém, acrescento que mesmo sob várias dificuldades, os acertos foram inúmeros.
Onde acertamos
Peço que os camaradas do restante do Brasil, que frequentemente realizam formações e palestras públicas com quadros do partido, entendam que isso nunca havia ocorrido no Pará e havia uma verdadeira ânsia da juventude trabalhadora paraense em conhecer os responsáveis pelo processo de radicalização de milhares de pessoas. As inscrições para a palestra de Gustavo Gaiofato se esgotaram em 30 min, obrigando-nos a conseguir um local maior em pouco tempo (um desafio enorme para nós na época) que também esgotou as vagas em poucas horas. Aquele evento foi um marco na história recente do PCB Pará, ao mostrar que o partido não estava morto e que havia uma militância jovem engajada em sua reconstrução revolucionária, demonstrando profissionalismo e disciplina na preparação de um evento para 400 pessoas. Assim, como primeiro grande acerto destaco o excelente trabalho e visão de dirigentes para utilizarem da melhor forma possível uma demanda espontânea.
Essa visão estratégica de nossos dirigentes foi muito importante, pois utilizamos o momento em que teríamos a atenção do público para lançar campanhas de finanças que perduram até hoje. Logo, outro ponto que destaco como positivo é a agitação e propaganda que conseguimos fazer nas redes e em produtos para venda, através do trabalho de camaradas designers.
Aproveitamos o momento para dedicar atenção ao recrutamento do público radicalizado, provando-se uma decisão correta, pois o ganho foi qualitativo e as pessoas recrutadas já constroem outros eventos e contribuem para nossa inserção em espaços de luta de formas variadas.
Um problema comum nos estados é a falta de comunicação e de proximidade entre instâncias e coletivos, algo que conseguimos combater no Ciclo, pois priorizamos a construção conjunta entre partido, juventude e coletivos, ocasionando o fortalecimento de vínculos de camaradagem entre militantes.
Sabemos que o anticomunismo permanece latente e o risco de uma intervenção bolsonarista, principalmente na primeira palestra, era real. No entanto, brilhamos na comissão de segurança ao desenvolver protocolos e estratégias que garantissem a segurança do palestrante, da militância e de 400 pessoas. Uma militância jovem, com pouca inserção e experiência política, desenvolveu um esquema de segurança que chamou atenção de todas as forças de esquerda. Foi esse esquema que detectou as atitudes aparentemente inofensivas de outra força, citadas anteriormente, em duas oportunidades distintas. Nosso acúmulo em segurança deve ser socializado nacionalmente e integrado em nosso debate.
Ganhamos uma experiência na construção de eventos que também merece ser socializada nacionalmente, pois conseguimos estimar custos e alocação de militantes. Caso nosso XVII Congresso ocorresse no Pará, afirmo tranquilamente que teríamos capacidade de executar a tarefa de organização desse evento. Devemos também socializar nossos dados para que essa experiência possa ser replicada em outros locais.
Onde podemos melhorar
Após o marco que foi a palestra de abertura, percebo que a expectativa do público diminuiu um pouco (o que é normal) mas ainda não acabou. Assim, acredito que devemos manter o Ciclo de Palestras do Extremo Norte e proletarizar-lo, trazendo até pessoas de fora da organização que se comuniquem de forma mais eficiente com nosso público e levando os locais para as áreas onde o proletariado vive.
Podemos também transformar o Ciclo em uma marca que rode por todo o Norte, em atividades tanto do partido quanto exclusivas da juventude, tornando-o flexível. Por exemplo, podemos sair do formato de formação pedagógica (na qual o público não participa ativamente) e realizar rodas de conversas ou oficinas, que têm um teor intimista e abre possibilidades de troca de aprendizado entre propagandista e classe trabalhadora. Além disso, flexibilizando o formato, podemos adequá-lo a diferentes perfis de púbico e a outros locais, evitando a sobrecarga de seções do PCB-RR na região Norte com essa tarefa e os palestrantes podem rodar por mais estados, fortalecendo os laços interestaduais e a socialização de acúmulos.
Não subestimemos o potencial de AgitProp que uma atividade dessas proporciona, assim, as oportunidades para levantar caixa são inúmeras, desde alimentação, vestuário, livraria, atividades culturais e fugindo de campanhas artesanais como rifas (boas a curto prazo, mas não geram alto retorno).
Devemos recorrer aos talentos artísticos de camaradas e investir recursos em shows musicais, atividades teatrais, saraus, etc., para abrir as palestras. Devemos usar nossa criatividade e aproveitar essas oportunidades, principalmente as que trarão palestrantes com experiência política e com um grande alcance nas redes.
Por último, sugiro vincular o Ciclo a uma possível plataforma de AgitProp nacional, de forma que quando conseguirmos catapultar o alcance de militantes propagandistas, essas pessoas estejam aptas a palestrar em diversos estados, multiplicando o aspecto proletário de nossa AgitProp.
Espero ter dado boas ideias que possam ser socializadas, mas considerando que não participei da construção das duas últimas atividades, encorajo o envio de tribunas de camaradas do Pará a fim de construirmos um balanço mais próximo da realidade.
Saudações comunistas!
Referências
[1] Gaiofato. G. Neoliberalismo, uberização e sofrimento psíquico. Classe Esquerda, 2021. Disponível em: https://classeesquerda.com/cursos/26/show
[2] Pankratova. A. Lenin como propagandista. Problemas - Revista Mensal de Cultura Política, 1950. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/tematica/rev_prob/26/lenin.htm
[3] Panorama. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2023. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/