Nota política: Pela criação do Centro de Memória e Verdade em Petrópolis (RJ)

Em Petrópolis está uma das feridas abertas pelo regime. O imóvel conhecido como "Casa da Morte” foi cedido para a repressão pelo espião nazista Ricardo Lodders e utilizado para a prática de tortura e assassinato de presos políticos.

Nota política: Pela criação do Centro de Memória e Verdade em Petrópolis (RJ)

Nota política do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) na Região Serrana do Rio de Janeiro

A prisão de Bolsonaro e seus asseclas golpistas não é somente uma demanda de todo o campo progressista - e até de alguns setores da burguesia brasileira - como já é provável que aconteça no âmbito do STF (o mesmo que em 2010 manteve a validade da Lei da Anistia de 1979 no sentido contrário do entendimento da Corte Interamericana de Direitos Humanos).

Portanto, nesta data em que se relembra os 61 anos do golpe empresarial-militar, nós do PCBR resolvemos tratar de um tema menos falado quando se pensa em ditadura e redemocratização do Brasil: o pacto de esquecimento.

Contando com apoio massivo do empresariado e organizações patronais, a ditadura empresarial-militar atacou a classe trabalhadora de várias formas: passou a permitir a demissão sem justa-causa, impôs políticas de arrocho salarial (limitando reajustes em valores abaixo da inflação), flexibilizou leis trabalhistas, proibiu greves, perseguiu lideranças sindicais, puniu com prisão e tortura quem se manifestava, afrouxou a fiscalização permitindo assim condições degradantes de trabalho e trabalho infantil, entre muitas outras medidas que agradaram a grande burguesia à quem a ditadura sempre serviu.

O fim da ditadura não foi marcado, como em outros países da América Latina, por uma justiça de transição. Ao contrário, a redemocratização foi negociada entre os militares e a burguesia, o que resultou em um espírito de “virar a página” e absurdos como a Lei da Anistia. Apenas em 2011 foi criada a Comissão da Verdade, encerrada sem operar quaisquer efeitos jurídicos.

O atual governo se posicionou ao lado do pacto de esquecimento quando determinou o cancelamento de todos os atos de condenação da ditadura em 2023, 2024 e 2025. Além disso, escolhe todos os dias manter um de seus ministérios estratégicos na mão de um fantoche do partido fardado - José Múcio. Nunca debateu, por exemplo, a revogação de ferramentas repressivas como a Lei de Segurança Nacional.

Em Petrópolis está uma das feridas abertas pelo regime. O imóvel conhecido como "Casa da Morte” foi cedido para a repressão pelo espião nazista Ricardo Lodders e utilizado para a prática de tortura e assassinato de presos políticos. A história só foi descoberta graças aos relatos da única sobrevivente, Inês Etienne Romeu.

Depois de quase 100 anos desde que o imóvel foi utilizado, primeiro por nazistas e depois pela ditadura, parece que a desapropriação avança. A transformação da “Casa da Morte” em centro de memória e justiça é um passo pequeno, mas fundamental no resgate da história da classe trabalhadora.