Nota política: Hilton e Hamilton ficam! Em defesa dos mandatos populares, da luta contra o racismo estrutural e da resistência da classe trabalhadora

A ofensiva em curso é coordenada por setores da direita tradicional e da extrema-direita, com apoio de parte da grande mídia e de estruturas conservadoras do Estado, que buscam impor um cerco a mandatos populares.

Nota política: Hilton e Hamilton ficam! Em defesa dos mandatos populares, da luta contra o racismo estrutural e da resistência da classe trabalhadora

Nota política do PCBR na Bahia

O Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) manifesta seu veemente repúdio à ofensiva política articulada contra os mandatos do vereador Hamilton Assis e do deputado estadual Hilton Coelho, ambos do PSOL, conduzida por setores da base aliada do prefeito Bruno Reis (União Brasil) e grupos conservadores que atuam para silenciar vozes críticas, comprometidas com a denúncia de privilégios, esquemas de corrupção e o alinhamento da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa com os interesses das elites oligárquicas.

Essa tentativa de silenciamento não é um caso isolado, mas parte de um processo mais amplo que busca excluir do espaço institucional representantes oriundos da classe trabalhadora, da população negra e das periferias. Em Salvador, essa ofensiva se manifesta através da distorção da legítima mobilização dos professores da rede municipal, assim como da criminalização dos parlamentares que estiveram ao lado da categoria, promovendo debates, escutando as demandas e defendendo direitos básicos como o cumprimento do piso salarial.

No dia 22 de maio, quando os professores foram impedidos de participar da votação do reajuste salarial na Câmara Municipal, houve uma reação legítima da categoria diante do cerceamento de sua participação. Esse episódio, no entanto, foi distorcido para justificar uma campanha de ataques contra os mandatos do PSOL. Entre as acusações falsas, destaca-se a absurda insinuação de que Hamilton Borges estaria armado, acusação ainda mais escandalosa por ele sequer estar presente no local naquele momento.

O racismo estrutural é elemento central nessa perseguição. A tentativa de associar Hamilton a estereótipos violentos não é apenas um ataque pessoal, mas expressão de uma lógica institucional que criminaliza corpos negros em espaços de poder. A declaração de um vereador afirmando “ter medo de sentar ao lado” de Hamilton é sintomática: revela como o racismo atravessa o funcionamento da política e busca desqualificar, pela via do medo e da desumanização, o trabalho de parlamentares negros comprometidos com a luta popular. Não por acaso, Hamilton também foi publicamente chamado de “mentiroso”, “drogado” e outras ofensas que tentam reduzir sua atuação política à caricatura racista construída historicamente para silenciar lideranças negras. Ressaltamos: Hamilton é professor e ativista histórico dos direitos humanos. Sua presença na Câmara representa justamente o oposto dessas acusações, um compromisso firme com a educação e a justiça social.

Os ataques a Hamilton estão conectados a uma investida mais ampla aos representantes mais combativos do PSOL. O deputado estadual Hilton Coelho também vem sendo alvo de tentativas de deslegitimação. Sua atuação durante a mobilização do magistério municipal, prestando solidariedade à categoria e cobrando soluções da Prefeitura, tem gerado reações por parte de parlamentares alinhados ao governo Bruno Reis, que agora cogitam levá-lo ao Conselho de Ética da ALBA. Hilton cumpria seu papel como membro da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, marcando presença em assembleias, manifestações e espaços de negociação.

Tanto no caso de Hamilton quanto no de Hilton, observa-se o mesmo padrão: desloca-se o debate sobre os direitos das categorias envolvidas, professores, servidores municipais, para uma tentativa de responsabilizar e criminalizar os parlamentares que se mantêm ao lado das lutas sociais. Essa é uma estratégia política antiga, que visa desmobilizar e deslegitimar mandatos que rompem com a lógica da subserviência às elites econômicas.

Essa disputa não se limita ao campo local. A nível nacional, parlamentares como Glauber Braga (PSOL-RJ) também enfrentam perseguições semelhantes por sua postura combativa frente aos interesses do centrão, do agronegócio, da corrupção institucionalizada e das políticas de austeridade, tanto do governo federal quanto da oposição de direita. Glauber tem sido uma das poucas vozes que denunciam de forma consequente o orçamento secreto, os privilégios da elite política e os ataques aos direitos sociais, e por isso vem sendo alvo de ameaças de cassação e campanhas difamatórias.

A ofensiva em curso é coordenada por setores da direita tradicional e da extrema-direita, com apoio de parte da grande mídia e de estruturas conservadoras do Estado, que buscam impor um cerco a mandatos populares. Essa coalizão reacionária tenta calar vozes que não se curvam aos pactos da política institucional e que denunciam, com clareza, os mecanismos que sustentam a desigualdade no país.

O Partido Comunista Brasileiro Revolucionário reafirma seu compromisso inegociável com a defesa dos mandatos de Hamilton Assis, Hilton Coelho e Glauber Braga. Defender esses mandatos é defender o direito de resistência da classe trabalhadora, da população negra e dos setores historicamente oprimidos a ocupar os espaços institucionais sem abrir mão de seus princípios e de sua autonomia política.

Seguiremos somando forças para enfrentar o racismo, o autoritarismo e o projeto neoliberal que ameaça destruir os direitos sociais no Brasil. A verdadeira transformação virá da organização popular, da mobilização coletiva e da construção de uma democracia radicalmente participativa, com o povo e para o povo.