Nota política: Gravataí e a mentira verde da Prefeitura
Não podemos ver essa patética programação para a semana do meio ambiente e esquecer, nem por um segundo, que os verdadeiros problemas do meio ambiente na cidade estão escondidos e a culpa por eles é da prefeitura vendida e da elite parasita.

Nota política do PCBR em Gravataí (RS)
Frente às mudanças climáticas e crescentes catástrofes ecológicas, a pauta ambiental tem recebido cada vez mais atenção. Com isso, a burguesia se vê forçada a recorrer, com cada vez mais frequência, à política do “greenwashing”. “Greenwashing”, traduzido do inglês em algo como “cobrir de verde”, se refere ao artifício das grandes corporações e agentes da burguesia de esconder suas responsabilidades na atual crise ambiental com uma fantasia de “ecologicamente correto”, promovendo “campanhas” de conscientização ou pequenas mudanças em seus produtos para “ajudar o meio ambiente”.
O grande problema dessa política é que, ao esconder o impacto de suas condutas, potencializam uma lógica capitalista de “solução” ambiental, culpabilizando práticas individuais, enquanto continuam sua forma destruidora de produção, dificultando que a classe trabalhadora entenda as reais causas da crise ambiental. Vemos essa mesma lógica em eventos internacionais, onde os grandes imperialistas vestem seus interesses de verde, como nas COP's, reuniões internacionais entre representantes das diferentes burguesias nacionais, evento que acontecerá no Pará neste ano.
Nesta semana, do dia 02 ao dia 08 de junho, estamos na chamada “semana do meio ambiente”. Apesar de algumas poucas informações importantes que correm nas campanhas públicas que perpassam esse período, o cerne do debate nestes dias gira em torno da individualização liberal do problema ambiental como forma de esconder a responsabilidade do mercado pelos diversos prejuízos causados à classe trabalhadora. Enquanto o agronegócio envenena as terras e polui os rios, o discurso adotado é que o problema são banhos demorados; enquanto o mercado imobiliário não se compromete nem sequer com os limites legais para expandir seus empreendimentos, dizem que a solução serão alternativas sustentáveis de consumo. Apesar de medidas válidas, falar em atos individuais sem falar do problema sistêmico do capital e sua cruzada contra o meio ambiente é, somente, esconder as verdadeiras causas e possibilidades de mudança.
Em Gravataí, Denner Gelinger, titular da Secretaria do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Bem-estar Animal (Sema), aplica toda a lógica liberal na defesa dos interesses da burguesia na semana do meio ambiente municipal. Com o lema “o futuro se planta no presente”, a Sema promoverá atividades como “distribuição de mudas” e “exposição de fotos de animais silvestres”. Gellinger declara: “[...]Nosso tema busca a conscientização de que o futuro se planta no presente. Esta frase fala um pouco sobre o momento que estamos vivendo. Alterações climáticas, razoabilidade no trato ambiental, bem estar animal diferente do convencional, mais construtivo. Queremos um meio ambiente que converse com a inovação, com a agricultura e principalmente com o desenvolvimento de nossa cidade”.
Essa campanha promovida pela Sema possui inúmeras contradições: enquanto distribui mudas, a Sema é uma grande facilitadora da burguesia local no seu empreendimento de destruir a flora e matar a fauna local para construir condomínios de especulação imobiliária, já visivelmente notável pela acelerada mudança na paisagem da cidade, que tem todo seu verde aniquilado. Não se pode esperar que a distribuição de mudas possa combater o desmatamento causado por grandes capitalistas com o aval da prefeitura.
Ao menos, algo de honesto no mar de cinismo de Denner Gellinger: o meio ambiente é aquele que precisa conversar com a inovação, agricultura e desenvolvimento, não o contrário! Gellinger pensa uma cidade onde, caso o meio ambiente queira sobreviver, tem que se submeter à “inovação”, “desenvolvimento” e agricultura. Claro, essas palavras escondem os verdadeiros significados, como praxe da politicagem burguesa; “inovação” é, na realidade, entregar todo o dinheiro público pro bolso da elite local, “desenvolvimento” é entregar toda a cidade na mão de poucos capitalistas e, por fim, a agricultura que, na verdade, se trata do agronegócio, muito bem conhecido por aniquilar a fauna e flora por meio de incêndios ilegais e outras práticas destrutivas.
Tanto é falso o discurso de Denner que, para aqueles e aquelas que vivem na Gravataí real e não na inventada pela prefeitura, sabem que os problemas ambientais são muito mais profundos e estruturais; ou não é verdade que no bairro Rincão diversos moradores sofrem com falta de saneamento básico? Ou ainda que o acesso à coleta seletiva é focado no centro da cidade enquanto diversas regiões são esquecidas? Enquanto a Sema faz ação simbólica atrás de ação simbólica para “conscientizar” a população, a mesma esquece que os gravataienses não moram no seu mundinho de símbolos bonitos, mas na realidade precarizada que eles fingem não ver.
Condenamos completamente o cinismo da prefeitura entreguista de Gravataí. Não podemos ver essa patética programação para a semana do meio ambiente e esquecer, nem por um segundo, que os verdadeiros problemas do meio ambiente na cidade estão escondidos e a culpa por eles é da prefeitura vendida e da elite parasita. Nada será resolvido com mudas distribuídas em praça pública ou fotos de animais no Centro de Cultura, enquanto o modo de produção capitalista colocar o lucro acima do meio ambiente e de nossas vidas.
Para salvar o mundo da hecatombe climática, precisamos abandonar o liberalismo individualista e partir para a luta revolucionária, construindo socialismo-comunismo.