'Nota sobre a luta antirracista' (Tribuna de Debates)

Quando não é na Avenida Paulista, quando é para real se posicionar sobre questões raciais, o Partido tira sua cara, pois é tarefa somente dos camaradas do Minervino de Oliveira, e não do complexo partidário como um todo.

'Nota sobre a luta antirracista' (Tribuna de Debates)
"Devemos superar nossos vícios individuais, para que o Partido assim possa retornar à sua reconstrução revolucionária"

Contribuição anônima para Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Camaradas,

Apresento formalmente minha adesão à Reconstrução Revolucionária do PCB.

Desde janeiro de 2022, venho percebendo que o partido da não dava a devida importância para a questão racial em suas fileiras. Tive essa percepção quando houve uma nota, especificamente, em que o Minervino pediu um esclarecimento, pois camaradas do Espírito Santo acharam prudente fazer uma nota elogiando o papel de policiais antifascistas, sem sequer consultar ou fazer um debate interno com os militantes do complexo partidário. Ainda por cima, colocaram tal nota em uma das redes sociais de maior alcance. A CR e o CC simplesmente ignoraram tal nota, nem sequer deram resposta ao pedido de esclarecimento.

A minha percepção sobre esse tipo de coisa só aumentou, pois sinto que, de fato, só terceirizam as tais “bandeiras identitárias”. Nós do Minervino não tivemos sequer apoio ou respaldo do Partido no 20 de novembro. Quando não é na Avenida Paulista, quando é para real se posicionar sobre questões raciais, o Partido tira sua cara, pois é tarefa somente dos camaradas do Minervino de Oliveira, e não do complexo partidário como um todo. Isso vale para todos os coletivos do complexo.
Sendo um membro do comitê de segurança, inúmeras vezes estivemos sobrecarregados em atos, ou indo em um ato onde eram poucos os que sabiam tocar a tarefa, tendo em vista que a integridade de todes deveria ser “responsabilidade” do Partido, quebrando a unidade de ação de um Partido onde o centralismo democrático deveria ser “lei”.  Assim sendo, a comissão de extrema importância era também reservada apenas aos que obedecem ao mandonismo e a somente alguns “camaradas” que não sabiam tocar a tarefa, muito menos tinham práxis, colocando em risco todo o complexo partidário.

Acredito que alguns vícios nas fileiras de todo o complexo partidário devem ser apontados como determinantes, pois nós somos o Partido, estes vícios nos trouxeram a esta conjuntura.

Portanto, minha decisão de romper com CC e aderir ao manifesto não se dá pela desistência, por querer renunciar ao projeto político no qual eu acredito ser certo, e sim pela atual conjuntura e os vícios de todo o complexo partidário — que, posteriori, posso apontar quais. Também tomo essa decisão pelo fato de o atual Comitê Central e seus tentáculos não me passarem mais um pingo de confiança, me parecendo totalmente inaptos de estarem exercendo os cargos, além de não poderem atuar como figuras públicas do Partido, já que reproduzem falas machistas, sexistas, LGBTfóbicas, tendo condutas de abuso e desvios liberais sebosos. E não podendo esquecer a tentativa de dar um cala boca nos coletivos em específico às camaradas do Ana Montenegro, e a Juventude do Partido, mesmo que com inúmeros erros e acertos são eles que levam o Partido onde esses burocratas não têm coragem de pisar, muito menos pisaram.

Encerro, camaradas, com um adendo, pois devemos superar nossos vícios individuais, para que o Partido assim possa retornar à sua reconstrução revolucionária e libertar nosso povo do jugo do capitalismo tardio e desta burguesia parasitária.

PELO FIM DA BUROCRACIA, PELO FIM DO MANDONISMO!