Nota de adesão da UJC em Sobral (CE) ao PCBR junto com ex-militantes do PCB

Tornamos público a adesão da UJC em Sobral (CE) ao PCBR e o início do novo período de construção partidária na cidade. [...] Nesse movimento, estaremos iniciando o trabalho do PCBR em Sobral junto com militantes que estiveram no processo de construção do PCB nos últimos anos e simpatizantes.

Nota de adesão da UJC em Sobral (CE) ao PCBR junto com ex-militantes do PCB

Camaradas,

tornamos público através desta nota a adesão da UJC em Sobral (Ceará) ao PCBR e o início do novo período de construção partidária na cidade. Escolhemos o caminho de continuar e aprofundar a reconstrução revolucionária do movimento comunista brasileiro. Fazemos isso após decisão tomada em reunião com os militantes do nosso núcleo, e de realizarmos uma conferência na cidade junto com ex-militantes do PCB e aproximados, que marca esse novo momento.

Apesar da adesão ocorrer após mais de um ano desde que tornou-se pública a crise do PCB, e alguns meses posteriormente a cisão do partido ter se consolidado, para nós que erguemos as posições revolucionárias esse momento era inevitável. Tivemos atraso em virtude da preocupação de perder nossos trabalhos, e pelos métodos burocráticos adotados pelo CC/PCB. Avaliamos o vertiginoso giro à direita que segue sendo feito no PCB como expressão do próprio resultado da conferência realizada no último período. À medida que estamos conscientes que o resultado do XVII Congresso (Extraordinário) do PCBR avançou na consolidação de um instrumento necessário para a revolução brasileira e do caminho que escolhemos trilhar.

Nosso caminho

A crise do PCB é pública desde o ano passado e é resultado de um intensa disputa entre posições revolucionárias e reformistas, se tornando pública e resultando numa cisão após a maioria do Comitê Central do PCB optar pelo caminho dos expurgos e perseguições para garantir sua hegemonia no partido e negar o congresso proposto e realizado pela ala que defende a reconstrução revolucionária. A disputa aparecia nas contradições nos métodos de trabalho, entre aqueles que defendiam o trabalho profissional dos revolucionários e aqueles que queriam continuar com os métodos artesanais e a estrutura federalista, nas posições em relação aos governos burgueses, na posição em relação a guerra interimperialista na Ucrânia, na relação com a União da Juventude Comunista, entre outras. Esse momento da crise é sintetizado pelo Manifesto de 3 de Agosto.

No Ceará, as condições de disputa interna foram rapidamente minadas e neutralizadas pelos membros do CC/PCB e as direções ligadas à eles, mesmo que isso significasse uma vitória de pirro.

Na célula do PCB em Sobral isso significou uma reunião tutelada pelo Comitê Central onde as críticas e posições da crise apareceram, mas foram impedidas de se tornarem encaminhamentos com a articulação para isolar os militantes mais críticos naquele momento. O resultado prático disso foi a quebra e afastamento da militância orgânica, e consequentemente a mortificação da célula. Portanto, retrocedendo a passos largos os trabalhos realizados, desde então, se consolidando enquanto um pequeno círculo sem perspectiva de atuação política. O silenciamento e por formas tácitas de violência política a partir da negação do debate também fizeram perder a confiança e o espírito de camaradagem, valor inestimável entre os comunistas.

Por isso ousamos lutar a partir de um outro paradigma e de um outro lugar que nos tire da letargia que toma conta do PCB e nos recoloque no caminho da revolução brasileira.

A UJC em Sobral foi impedida de debater e tomar posições, e mesmo os questionamentos legítimos que buscavam compreender o que estava acontecendo eram vetados e tratados como tabus desde o início até o presente momento. Esse processo adoeceu e quebrou vários dos nossos camaradas, principalmente aqueles que estavam mais críticos e não necessariamente só os que iriam aderir a cisão naquele momento, e isolou ainda mais a atuação do nosso núcleo, que já enfrentava esse problema.

Um exemplo é que após a tentativa de intervenção e nota em defesa do XVII Congresso Extraordinário na Coordenação Nacional da UJC, o processo de plebiscito realizado por essa sequer foi apresentado para nosso núcleo. Após a cisão também se efetivar no Ceará ficamos sob direção de uma coordenação em que a única posição permitida foi de alinhamento às do CC/PCB durante a crise e da coordenação nacional indicada pelo CC/PCB.

Esse isolamento e quebra de contatos fizeram com que o início do trabalho do PCB-RR (atual PCBR) no Ceará não ocorresse também em Sobral. Diante desse cenário e do receio de perder ainda mais trabalhos, não conseguimos romper com a estrutura ligada ao PCB, e, acreditamos que como muitos, fomos arrastados a seguir sem qualquer firmeza ou confiança política nas posições que se apresentavam.

Após esse momento, o que observamos foi o aprofundamento do giro à direita que já ocorria, e como resultado o aprofundamento das contradições. Os trabalhos sendo construídos de maneira autônoma, sem contato ou compartilhamento de acúmulos e debates, o núcleo tendo que assumir o papel de partido sem qualquer apoio dos organismos partidários, enquanto os trabalhos bem desenvolvidos localmente apareciam como grandes méritos partidários. Tudo isso era apresentado enquanto problemas colaterais, quando acreditamos que estão profundamente ligados ao caminho tortuoso que a política atual do PCB leva à militância.

O exercício de comparar as posições e trabalhos do PCB e do PCBR acentuou os questionamentos entre nós e na própria base dos locais que atuamos, que nos cobravam posições mais retas por conhecerem nosso compromisso com o trabalho de base diário e revolucionário.

Entendemos que não há mais caminhos possíveis de meio termo, para militar sem acreditar e confiar nas posições. É com esse espírito que anunciamos essa cisão completa com o PCB e adesão ao PCBR.

Nesse movimento, estaremos iniciando o trabalho do PCBR em Sobral junto com militantes que estiveram no processo de construção do PCB nos últimos anos e simpatizantes. Continuaremos não só enquanto UJC, mas também como PCBR, nos nossos locais de atuação, na inserção nos setores estratégicos, em toda luta até a vitória!