Nota Conjunta da Oposição sobre o episódio do Congresso do SINPEEM: uma reação a falta de democracia sindical
Convidamos aos colegas da educação municipal a subscrever conosco essa nota, pois como bem disse Brecht, a violência não está no rio. Violentas são as condições materiais que vivemos em nossas unidades de trabalho sem regalias de qualquer espécie.

"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem" ~Brecht
Em vídeo que circula nas redes sociais vemos Diogo, membro da direção majoritária, agredindo com um soco um professor que protestava contra a manobra do presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (SINPEEM). O episódio aconteceu depois de mais um ato de desrespeito à democracia sindical que iniciou uma onda de revolta no plenário.
O presidente Cláudio Fonseca não acatou a decisão da maioria do plenário que havia votado em uma proposta contrária àquela defendida por ele, na qual a oposição defendia que o sindicato tinha o dever de fornecer materiais e recursos para a mobilização contínua nas regiões. Ele ignorou o pedido de recontagem de votos da plenária. Diante disso, a oposição começou a se levantar e se posicionar aos pés do palco, solicitando por “Recontagem!”. Cada vez mais pessoas começaram a se levantar, nas fileiras ou junto ao pé do palco, gritando palavras de ordem e solicitando a recontagem. Fonseca continuou lendo sem parar as resoluções e aprovando-as sumariamente, ignorando a plenária, até que subiram ao palco as forças que exigiam ser ouvidas, organizações da oposição e independentes, onde seguiram com as palavras de ordem, pedindo apenas para ter seus direitos de participação atendidos e fosse realizada a recontagem de uma votação onde claramente haviam vencido por contraste.

Com a oposição subindo ao palco, começaram as ofensas e difamações, chamando aqueles que exigiam seu direito de “baderneiros”, “bolsonaristas”, questionando se eram realmente professores, além de absurdas ameaças de expulsão do sindicato. A oposição em momento algum agrediu membros da direção, e rapidamente seguranças apareceram para afastar aqueles que protestavam.
Para acabar com o impasse, foi proposto à Direção que a desocupação do palco se daria sob a garantia de que o Plano de Lutas seria debatido e votado, o que foi aceito e todos começaram descer do palco. Na sequência, no meio da confusão, uma diretora da direção do sindicato passou mal e CF usou o fato para, mais uma vez, atacar a oposição, acusando falsamente de agredirem membros da mesa e anunciando que os expulsaria do sindicato. Assim que a situação foi controlada, porém, o presidente seguiu, de forma ilegítima, com a aprovação sumária do texto, em uma plenária cada vez mais esvaziada.

Também é importante destacar que já no dia anterior, durante a primeira plenária, os educadores no plenário já demonstravam disposição de passar por cima do autoritarismo de Claudio Fonseca e a direção majoritária. A maioria dos educadores no plenário escolheu iniciar os trabalhos a partir do Plano de Lutas, atropelando a direção. Esse fato já mostrava o quanto a maioria do plenário entendia a urgência desse tema o que só torna mais absurdo que em um Congresso com 4 mil educadores não se tenha preparado, de fato, um plano de lutas em meio a ataques como o SP Integral, as ameaças de interventores nas escolas, o ataque ao direito de greve com a reposição punitiva e o reajuste de fome que recebemos.
Essa não é a primeira vez que ele não acata a decisão de Plenário ou a deliberação de congresso. Um exemplo disso é a não implementação das subsedes nas regiões como fora aprovado no Congresso de 2019. Um instrumento como esse pode em muito potenciar a luta em cada DRE. Porém, o que acontece com essa ausência é o fortalecimento dos ataques do Nunes, pois, ao não dispor de estrutura para combater suas mentiras junto à comunidade escolar, perdemos boa parte desse apoio. Uma greve seria muito melhor organizada através das subsedes regionais. As ações da direção majoritária do sindicato que enfraquecem e afastam suas bases diminuem o potencial de luta dos trabalhadores, servindo aos interesses de Nunes e da burguesia que ele representa.
Da boca para fora, a direção do sindicato se coloca contra a prefeitura, mas se recusa a fazer um balanço do fracasso das greves nos últimos anos, repensar as suas táticas e refletir porque cada vez mais a base da categoria desconfia do sindicato - e o faz com razão, uma vez que são quase 40 anos sem nenhuma renovação efetiva na diretoria e na presidência, também diante do fato de que a base é filiada há um sindicato que se quer realiza prestações de contas. A essa realidade se soma o fato de que o Conselho que deveria ter eleições bienais já não tem eleição há 10 anos.

Não é novidade alguma a forma autoritária de como a direção majoritária conduz o sindicato. Nas várias instâncias, desde as reuniões de RE (Representante Escolar), passando pela reunião do Conselho Geral e até mesmo nas poucas reuniões de Diretoria, reina o mais alto burocratismo e desrespeito, com uma postura debochada e muitas vezes machistas, distorcendo falas daqueles que se opõem a Fonseca, reduzindo os espaços de debate e constrangendo muitos professores.
Fechados em seus gabinetes, essas direções desconhecem o "chão da escola" e os desafios que enfrentamos todos os dias; falam do adoecimento dos professores sem pensar porque estamos adoecendo, com a piora cotidiana das condições de trabalho e a ausência de perspectiva do futuro. As poucas mobilizações puxadas pela direção do sindicato têm um programa cada vez mais rebaixado, restrito a reivindicações de parcos aumentos, sem discutir as condições de trabalho e o programa econômico neoliberal, implementado a nível municipal, estadual e federal que leva ao sucateamento da educação pública.
Nada disso aparece na narrativa do SINPEEM, que tenta colocar aqueles que se levantaram contra esse absurdo como “violentos”, sem olharem a violência que sofremos todos os dias - quando nossa categoria poderia estar atuante e lutando pela manutenção e ampliação de seus direitos, assim como de nossas comunidades escolares numa realidade de tantos ataques há tantos anos. Convidamos aos colegas da educação municipal a subscrever conosco essa nota, pois como bem disse Brecht, a violência não está no rio. Violentas são as condições materiais que vivemos em nossas unidades de trabalho sem regalias de qualquer espécie. Elas que nos oprimem! Os que abaixo assinam entendem a urgência em derrotar Nunes e seus ataques através de um sindicato classista, independente e combativo.
Abaixo a privatização da Educação!
Fora Nunes! Fora Tarcísio!
ASSINAM:
PCBR
Vozes da Base
Professores Comunistas
Nossa Classe Educação
Reviravolta na Educação - CSP Conlutas