'Mundo multipolar e equívocos etapistas' (Gustavo Batista)
Por meio dessa tribuna pretendo fazer algumas considerações sobre os incisos 7, 8 e 9 das teses sobre o imperialismo contemporâneo. Em especial sobre o inciso 7, que trata da questão do que realmente o BRICS objetivamente representa dentro da dinâmica interimperialista atual.
Por Gustavo Batista para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.
Saudações, camaradas da reconstrução revolucionária! Por meio dessa tribuna pretendo fazer algumas considerações sobre os incisos 7, 8 e 9 das teses sobre o imperialismo contemporâneo. Em especial sobre o inciso 7, que trata da questão do que realmente o BRICS objetivamente representa dentro da dinâmica interimperialista atual. Essas considerações surgem de um processo de crítica e autocritica que tenho feito a algum tempo, já que, assim como imagino que muitos camaradas, durante um bom tempo considerava o BRICS algo avançado na luta contra o imperialismo exatamente por estar partindo da concepção hegemônica de imperialismo, que considerava apenas EUA e nações ocidentais como imperialistas, uma vez que essa concepção parte apenas da questão do poder bélico, não levando em conta que boa parte das burguesias nacionais na etapa superior do capitalismo são rentistas, ou seja, locupletam através dos dividendos de suas aplicações financeiras mediante um processo de desindustrialização a nível interno que serve para a manutenção de alguns países como dependentes dentro da cadeia imperialista, ainda que com alguma ilusão de pequeno poder causada pela condição subimperialista, como no caso do Brasil que já chegou a realizar operações em nações da américa latina ainda mais desprovidas de autonomia do que nosso pais, como no caso da intervenção no Haiti (MINUSTAH) ao lado de tropas dos Estados Unidos, que nunca mediu esforços para fazer a região caribenha e o restante da américa latina totalmente submissa aos interesses da sua burguesia nacional. No entanto, apesar do brutal imperialismo estadunidense ceifar vidas por décadas em África, América e Ásia, é equivocado pensar que os BRICS efetivamente são uma resposta concreta para as urgências das classes trabalhadoras das economias dependentes no sentido de se libertar do imperialismo. A China apresenta contradições imensas, contradições em que não pretendo me aprofundar aqui e também por ter um nível de conhecimento ainda insuficiente sobre o dito socialismo de mercado e outras problemáticas internas do pais (deixo aberto para que outros/as camaradas possam dar continuidade a esse necessário debate). Mas cito o exemplo da China pois dentro do bloco do BRICS é o país que hoje representa uma rivalidade direta aos Estados Unidos dentro das disputas interimperialistas, o que faz com que a China seja uma potencial hegemonia diante de um imperialismo estadunidense que se encontra abalado. Há algum tempo atrás, antes de não ter o importante arcabouço teórico do marxismo-leninismo, principalmente antes de não conhecer a definição leninista de imperialismo destacada por Lenin em seu ótimo texto sobre o imperialismo como uma etapa estruturante do capitalismo monopolista, provavelmente estaria vibrando com o BRICS, porém, sob a luz da teoria imortal do proletariado, julgo que consigo agora fazer observações mais críticas sobre a real natureza de alianças como essa e isso me faz levantar alguns questionamentos que esperem que gerem debates frutíferos entre a nossa militância e além: podemos mesmo dizer que a China atual é socialista partindo de uma análise superficial e idealizada de alguns fatos e dados pontuais? Não estaria a China muito mais próxima de um nacional desenvolvimentismo? E, principalmente, uma vez que a China é a economia mais desenvolvida do BRICS, não estão todos os países restantes sujeitos a ficarem presos em uma dinâmica de dependência total ou relativa do capitalismo chinês (seja lá qual for sua forma) como estão atualmente? Saudações a todos os camaradas e espero que a leitura dessas rápidas observações gere bons debates para avançarmos no movimento real. Venceremos!