Mobilizações crescem em São Carlos (SP) pautando o fim da escala 6x1 e o combate ao racismo

Centenas de pessoas participaram ativamente das mobilizações que foram realizadas nos últimos dias, em especial, o ato-panfletagem pela redução da jornada de trabalho no dia 15 (sexta) e a 2ª Marcha Pela Memória Negra no dia 20 (quarta).

Mobilizações crescem em São Carlos (SP) pautando o fim da escala 6x1 e o combate ao racismo
2ª Marcha Pela Memória Negra. Foto: Marcelo Hayashi

Matéria publicada em colaboração com o Tribuna São Carlense

As últimas semanas foram de intensificação nacional das lutas pelo fim da escala 6x1 e o combate ao racismo, e em São Carlos não foi diferente. Centenas de pessoas participaram ativamente das mobilizações que foram realizadas nos últimos dias, em especial, o ato-panfletagem pela redução da jornada de trabalho no dia 15 (sexta) e a 2ª Marcha Pela Memória Negra no dia 20 (quarta).

Após a agitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que pauta a redução da jornada de trabalho no Brasil na Câmara dos Deputados, diversas organizações, partidos, movimentos, entidades, sindicatos e coletivos pelo país endossaram a importância da pauta construindo diversas mobilizações no 1º Dia Unificado de Luta Pelo Fim da Escala 6x1. Aqui em São Carlos, o dia foi marcado por um ato-panfletagem realizado em diversos pontos da cidade, mas com foco na zona sul, região que abriga o maior contingente de trabalhadores e trabalhadoras da cidade.

A pauta tem ganhado força por conta  da possibilidade de mudança direta na realidade de milhões de trabalhadores, como, por exemplo, a diminuição do desemprego através do aumento do número de postos de trabalho. As propostas que têm sido colocadas em debate apontam para a redução da jornada semanal de trabalho para 30h, na escala de 4 dias trabalhados com 3 de descanso, sem redução salarial. A perspectiva é que mais ações sobre o tema sejam realizadas, com a possibilidade de um novo dia de lutas nacional.

Ato-Panfletagem na Praça Ronald Golias. Foto: Marcelo Hayashi

Já no Dia da Consciência Negra, o movimento negro unificado de São Carlos realizou a segunda edição da marcha, iniciada no ano passado. A marcha saiu do Centro Afro Odette dos Santos, passando por alguns locais históricos do centro e finalizando no Grêmio Recreativo Flor de Maio. O intuito foi resgatar e reforçar a representatividade desses espaços, historicamente e na atualidade, para a população negra da cidade. O Flor de Maio é um dos mais antigos espaços organizados pelas pessoas que foram escravizadas no período de fundação da cidade.

Para além da crítica e do combate ao racismo cotidiano, o ato buscou celebrar a cultura afro-brasileira, através da música, da dança e do compartilhamento das histórias com os mais antigos. Houveram apresentações ao longo de toda manhã, como o Rochedo de Ouro e a bateria do CAASO que deram ritmo à marcha, além de apresentações culturais com as crianças, dança e o Coral Afro Jazz Soul.

Houve a denúncia de uma manifestação racista nas ruas da cidade, colocada em uma das ruas por onde o trajeto do ato passaria anteriormente. Também foi realizada a leitura de um manifesto do movimento negro são-carlense, pautando as necessidades e perspectivas que a população enfrenta na cidade. As questões perpassam os ataques aos direitos, a pouca representatividade nos espaços de decisão política, o combate a desigualdade (como a salarial), a violência policial, a falta de espaços culturais, entre outras.

Ambas as mobilizações se complementam, dado que a população negra é a mais afetada pelo ataque aos direitos trabalhistas e a mais afetada pelo aumento da política reacionária de militarização, que se reflete pela falta de perspectiva, oportunidade e estabilidade financeira e social que os negros e negras enfrentam diariamente por todo território nacional. Ou seja, a redução da jornada de trabalho pode trazer benefícios para toda classe trabalhadora, mas principalmente para a população negra que é a mais afetada pela precarização do trabalho e dos aparelhos públicos de saúde, educação e cultura.