Milhares de trabalhadores do petróleo declaram greve no Irã
As principais demandas dos terceirizados contratados por projeto incluem o fim da terceirização, implementação de uma “escala 14-14” e o aumento de salário por experiência, atribuições, educação, técnica e região de trabalho.
Por Partido Tudeh do Irã
Segundo confiáveis relatórios recebidos de grupos ligados ao trabalho e militantes de movimentos populares do Irã, uma nova e poderosa greve foi iniciada por trabalhadores terceirizados contratados para projetos nos setores de óleo e gás, complexos petroquímicos, usinas de energia e projetos industriais na região sul do país. Até agora, cerca de 20.000 trabalhadores juntaram-se à greve.
A chamada “Campanha 14-14”, que acontece neste ano, é parte de uma série de ações grevistas de trabalhadores terceirizados contratados por projeto que começou há quatro anos. Mais de 110.000 trabalhadores terceirizados participaram das greves no segundo ano, forçando o governo e os empregadores a atenderem às suas demandas. O governo até concordou em restringir e brecar a operação de empresas terceirizadas. No entanto, devido às limitações políticas e jurídicas à presença e funcionamento efetivos de sindicatos impostas pelo regime político iraniano, nenhuma das demandas dos trabalhadores foram realizadas até agora. O Ministério do Trabalho e as autoridades estatais praticamente fugiram da implementação desses acordos.
A greve planejada de trabalhadores terceirizados contratados por projeto, sobre a qual vinha se falando há semanas, despontou em 20 de junho [de 2024], seguindo um plano preciso e calculado desenhado por ativistas do trabalho experientes e sindicalistas, e assim as demandas centrais dos trabalhadores que operam em instalações petrolíferas críticas e projetos industriais chave foram estabelecidas. De acordo com relatórios divulgados por sindicalistas, 3.000 trabalhadores de 30 companhias e projetos diferentes juntaram-se à greve, de várias fases dos projetos Asaluyeh a Dasht-e Abbas, de Bandas Jask às refinarias em Isfahan. Isso inclui soldadores contratados pela empresa Steam na usina petroquímica de Islamabad Gharb até soldadores e trabalhadores de montagem da empresa Sadra em Bandar Jask, todos unidos sob a bandeira da greve.
As principais demandas dos terceirizados contratados por projeto nas refinarias, plantas petroquímicas, usinas hidrelétricas e outros complexos de óleo e gás incluem a eliminação das agências terceirizadas de emprego que agem como empresas de recursos humanos especializadas em gerir contratos temporários entre trabalhadores e empresas do óleo e gás, implementação de uma escala de 14 dias trabalhando seguidas de 14 dias de descanso (similar ao que é estabelecido para empregados efetivos contratados diretamente pelas empresas de óleo e gás), aumento de salário consistente com a experiência de trabalho, complexidade das tarefas, nível de educação, habilidades técnicas e região de trabalho [conforme disponibilizado nas tabelas da Campanha pelas Demandas dos Trabalhadores Terceirizados]. Os trabalhadores também demandam melhorias nas condições de vida, maior limpeza e saneamento dos dormitórios, melhor qualidade de alimentação nos refeitórios e melhores serviços de transporte aos locais de trabalho, tanto em termos de segurança quanto em relação à instalação de sistemas de ar-condicionado e ventilação em lugares onde a temperatura atinge os 50ºC.
De acordo com relatórios divulgados na manhã do dia 25 de junho, impressionantes 19.000 trabalhadores de 86 empresas das indústrias de óleo, gás e petroquímica juntaram-se à greve. Ainda é esperado que mais milhares se juntem nos próximos dias. Os relatórios sugerem que as greves estão ganhando força e antecipa-se que mais trabalhadores de outras partes da indústria de óleo e gás se juntem às fileiras unificadas das ações grevistas. No dia 22 de junho, um sábado, o Conselho pela Organização de Protestos de Trabalhadores do Óleo Não-Permanentes afirmou sua unidade e solidariedade com a Campanha pelas Demandas dos Trabalhadores Terceirizados e convocou os trabalhadores do setor, junto aos trabalhadores de outros setores a se juntar aos protestos nacionais. Esse pedido é feito em meio a múltiplos relatos detalhando que trabalhadores estão sendo ameaçados de demissão e de entrarem em “listas negras”. Empregadores estão tentando dissuadir trabalhadores de participar das greves usando ameaças, intimidações e falsas ofertas. Sob a situação política complexa em que hoje se encontra o Irã, é imperativo que o regime opressivo e os empregadores não sejam autorizados a ignorar e destratar as demandas legais e legítimas dos trabalhadores exercendo sobre eles pressão e privação.
O Partido Tudeh do Irã apoia a greve legítima dos trabalhadores terceirizados “de projetos” das indústrias iranianas de óleo e gás. O Partido Tudeh do Irã clama que partidos comunistas e proletários, bem como organizações sindicais internacionais de todo o mundo apoiem ativamente os trabalhadores e o povo trabalhador do Irã e a expressarem solidariedade pela sua justa luta pela paz, diretos legítimos, liberdades sindicais e justiça social.