Metroviários de São Paulo preparam nova greve após demissões ilegais
Na manhã da última quarta-feira, 25 de outubro, o Metrô de São Paulo efetuou a suspensão de um trabalhador e a demissão de outros 8 como retaliação às greves realizadas pela categoria no último mês.
Na manhã da última quarta-feira, 25 de outubro, o Metrô de São Paulo efetuou a suspensão de um trabalhador e a demissão de outros 8 como retaliação às greves realizadas pela categoria no último mês. Em resposta, os metroviários realizaram uma assembleia no fim da tarde do mesmo dia onde aprovaram um indicativo de greve para a próxima terça-feira, dia 31 de outubro.
No dia 03 outubro, os metroviários realizaram uma greve unificada com os trabalhadores da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) reivindicando o cancelamento da privatização das três empresas e a realização de um plebiscito oficial do governo do estado de São Paulo para aferir a posição da população frente a essas privatizações.
A greve teve forte adesão das três categorias e grande apoio da população que, apesar dos transtornos que enfrentavam, culparam o governador e não os trabalhadores pela paralisação. Nesse dia, os trabalhadores da Sabesp paralisaram mantendo apenas os serviços essenciais de água, esgoto e coleta. As categorias dos metroviários e ferroviários tentaram negociar o funcionamento dos transportes com liberação das catracas, o que não foi aceito pelo governo do estado. Assim, os trabalhadores paralisaram e nenhuma das quatro linhas do Metrô entrou em operação e apenas duas das cinco linhas da CPTM abriram com funcionamento parcial, as outras três mantiveram-se fechadas. Além disso, a linha 9-Esmeralda, privatizada no ano de 2022, teve falha em seu sistema elétrico e também operou apenas parcialmente.
Em represália, o governo Tarcísio de Freitas, através da direção do Metrô, na madrugada do feriado do dia 12 de outubro, começou a aplicar advertências de forma intempestiva a todos os trabalhadores que participaram da greve. Em reação a isso, os metroviários novamente se mobilizaram e paralisaram suas atividades no mesmo dia. O presidente da empresa se recusou a receber os representantes do sindicato o que fez com que a paralisação se estendesse ao longo de todo o dia, acarretando na paralisação total das linhas 1-azul, 3-vermelha e 15-prata, e no funcionamento com velocidade reduzida da linha 2-verde.
Apesar de legítimas, o governador Tarcísio de Freitas, que quer seguir com seu projeto de privatização das três empresas, declarou que as greves eram ilegais. Para isso, baseou-se na determinação do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) que determinou, a fim de impedir a greve das categorias, que, no dia 03 de outubro, os trabalhadores Sabesp mantivessem 85% de seu contingente trabalhando e nos transportes fosse mantido 100% nos horários de pico e 80% nos demais horários.
As greves colocaram a pauta das privatizações das três empresas estratégicas na discussão pública, o que atrapalhou os planos do governo de seguir com o projeto às portas fechadas dos gabinetes. Por isso, o governo Tarcísio de Freitas partiu novamente para a ofensiva, demitindo ilegalmente cinco metroviários no dia 24 de outubro e outros três, que faziam parte da direção do sindicato, com o aval do TRT, no dia 25 de outubro além da suspensão por 29 dias, sem remuneração, de um nono metroviário.
A categoria, então, convocou uma assembleia para o fim da tarde do dia 25 de outubro onde foi debatida a ilegalidade das demissões e os novos rumos que a luta seguiria. Para os metroviários, as demissões fazem parte de uma estratégia política para o enfraquecimento da categoria. “Ele [Tarcísio de Freitas] quer quebrar as pernas da nossa categoria porque a gente está demonstrando bastante disposição de luta para derrubar esse projeto [de privatizações do governo]. E no dia 3 de outubro [última greve], nós demos uma demonstração categórica desta disposição. Eles não acreditavam que poderia ter uma greve com a envergadura que teve neste dia, uma greve histórica” afirmou Camila Lisboa, presidente do sindicato dos metroviários, durante a assembleia.
A categoria encaminhou um indicativo de greve para a próxima terça-feira, 31 de outubro, em protesto contra as demissões arbitrárias. Para encaminhá-la, foi criada uma votação online onde todos os metroviários deverão votar em duas questões: realização de uma nova assembleia na segunda-feira dia 30 de outubro e realização da greve no dia 31 de outubro.
Além disso, a categoria planeja realizar uma nova greve unificada no dia 31 de novembro. Nessa greve teremos a adesão dos trabalhadores da CPTM, Sabesp e também da categoria dos professores do estado de São Paulo cuja adesão foi confirmada pelos representantes da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) que estavam presentes na última assembleia dos metroviários. Essa é uma categoria que também vêm sofrendo diversos ataques desde o início do governo Tarcísio de Freitas. Na semana passada, o governador enviou para a ALESP (Assembleia Legislativa de São Paulo) uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que reduz o investimento mínimo para Educação de 30% para 25% das receitas do estado, o que resultaria em um corte de mais de 9 bilhões de reais.