Manifesto da Alternativa Bancária DF – Reconstrução pela base
É por isso que surge a Alternativa Bancária DF – Reconstrução pela base: formada por bancários de diferentes gerações, indignados e decididos a recolocar o sindicato nas mãos da classe.
Caros colegas bancários,
Nos últimos anos, nossa categoria tem sido alvo de uma avalanche de derrotas: achatamento salarial, terceirização, metas cada vez mais desumanas, perdas em planos de saúde, demissões em massa, reajustes pífios e uma crescente institucionalização do assédio moral com um efeito impactante na saúde da categoria. Como resultado, nossa categoria perdeu mais de 200 mil trabalhadores desde a década de 90. Enquanto isso, o suor de nosso trabalho se transformou em R$108,2 bilhões em lucros apenas nos quatro maiores bancos em 2024.
Com o custo de vida disparando muito acima das nossas remunerações, especialmente em uma cidade tão cara quanto Brasília, muitos colegas apostam na ascensão de carreira como saída para seus problemas. Mas logo se deparam com a realidade: provimentos lentos, critérios obscuros e a conclusão inevitável de que nem todos serão salvos. Essa lógica perversa alimenta a competição, dividindo a categoria e nos empurrando ao limite do adoecimento.
A história já nos ensinou: isolados, somos frágeis; organizados, somos gigantes. É por isso que nasceram os sindicatos: para transformar a indignação em força coletiva, a exploração em luta e a luta em conquista.
Nós, bancários, somos uma categoria historicamente combativa. Foi nossa força que arrancou direitos como a jornada de 30 horas semanais, razão pela qual muitos colegas escolheram o ramo bancário para trabalhar. Mas nos últimos anos, o espírito de luta foi sequestrado. Em vez de instrumentos da classe, os sindicatos se transformaram em gestores do conflito, administrando a paz social em favor dos patrões. Com o modelo de acordo bianual, a cada campanha salarial a CONTRAF-CUT empurra a categoria para amargar maiores derrotas e frustrações e menor mobilização.
Esse problema vai muito além de Brasília. O último Acordo Coletivo, em 2024, escancarou isso: a maioria das direções sindicais pelo Brasil desmobilizou as bases, dizendo que “não tínhamos força suficiente para um enfrentamento”. Uma profecia auto-realizável! Pois são essas mesmas direções que deveriam organizar as massas, mas não demonstraram qualquer interesse nisso, adotando uma estratégia política de espalhar pânico e medo. Fecharam-se em gabinetes e ainda tiveram a ousadia de reclamar da “dureza” dos banqueiros. Que surpresa!
Não trata-se apenas de insuficiência pessoal de dirigentes, é resultado de décadas de burocratização e submissão política. A maioria das direções sindicais — especialmente os atrelados à CONTRAF-CUT, que dirige mais de 90% da categoria — se tornaram correias de transmissão de governos e partidos, deixando de lado a independência política que sempre caracterizou a categoria bancária. Hoje, nossas lutas estão amarradas a calendários eleitorais e à quem senta na cadeira do Executivo, quando deveriam estar ligadas às nossas reais necessidades coletivas.
Mas a base resiste. E dessa resistência nascem as Oposições Sindicais: trabalhadores que exigem que os sindicatos voltem a ser armas de luta. Enfrentamos a máquina da burocracia e sua política do medo, que tenta nos calar com ameaças e difamações. Temos obtido bons resultados, mobilizando Brasil afora uma base cada vez mais disposta a votar contra as direções e exigir radicalização.
Em Brasília, está claro: o sindicato perdeu a capacidade de mobilizar a sua base. Muitos ainda se mantêm filiados por entender a importância da manutenção de um sindicato - postura que endossamos! - mas sabem que isso não basta. Se nada mudar, a tendência é o enfraquecimento da estrutura sindical e, com ele, o desfalecimento total da capacidade de luta e mobilização da categoria. É por isso que surge a Alternativa Bancária DF – Reconstrução pela base: formada por bancários de diferentes gerações, indignados e decididos a recolocar o sindicato nas mãos da classe.
Em 2026 teremos eleições sindicais, congressos regionais e nacionais e novo Acordo Coletivo de Trabalho. Não vamos esperar passivamente: desde já, vamos construir uma oposição forte, enraizada e capaz de romper o marasmo.
Lutamos por um sindicato que:
- Debata e decida com as bases, e não em gabinetes;
- Preste contas e publique todas as negociações com os banqueiros com máxima transparência;
- Reorganize os conselhos nos locais de trabalho, dando poder real aos delegados sindicais.
As demandas da base estão claras. O que falta é organização para transformá-las em conquistas. Defendemos como bandeiras prioritárias:
- Isonomia salarial: mesmo cargo, mesmo salário, nivelado pelo maior valor;
- Reajuste real e líquido de R$ 1.000,00 para todos os bancários;
- Regulamentação do trabalho remoto em Acordo Coletivo;
- Garantia da contribuição patronal em planos de saúde para aposentados.
Colegas, vamos à luta! Em breve, divulgaremos a realização de diversas atividades para construir esse movimento junto com vocês. Pedimos que este texto circule de mão em mão. Que todos saibam: ainda existem bancários dispostos a lutar.
Se eles lucram bilhões, nós não aceitaremos migalhas!
Ousar lutar, ousar vencer!