Manifestação de extrema-direita resgata o debate sobre o fascismo na Itália
Nos últimos dias, circularam pelas redes sociais vídeos em que dezenas de fascistas italianos, enfileirados e vestindo camisas pretas em meio a uma manifestação, realizavam uma saudação fascista.
Nos últimos dias, circularam pelas redes sociais vídeos em que dezenas de fascistas italianos, enfileirados e vestindo camisas pretas em meio a uma manifestação, realizavam uma saudação fascista. A “saudação romana” realizada remonta aos tempos do ditador fascista Benito Mussolini e ocorreu em frente a antiga sede do extinto Movimento Social Italiano (MSI), partido que foi ao mesmo tempo um sucessor político para dirigentes do regime da Itália fascista se abrigarem e também serviu como origem do partido de extrema-direita Irmãos de Itália, que tinha militantes presentes na manifestação e do qual é membra a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.
O evento que abrigou a passeata fascista vem sendo realizado anualmente em homenagem a três fascistas que foram mortos em um enfrentamento com militantes comunistas no ano de 1978. À primeira vista pode parecer estranho que a institucionalidade e a mídia burguesas se surpreendam que ao tratarem com naturalidade a existência de homenagens a fascistas, acabem essas mesmas se tornando manifestações fascistas. Porém, parece ainda ter certa força a crença ingênua, que finca raízes também em movimentos de esquerda, de que a mera criminalização de símbolos, ou da existência legal, de um partido fascista agiria como forma de combate efetivo à existência de organizações fascistas. Essa ilusão segue também ignorando a ascensão recente de movimentos fascistas e a eleição de uma apoiadora de Mussolini como primeira-ministra do país.
Meloni é uma reconhecida apoiadora da guerra imperialista na Ucrânia e do imperialismo sionista que opera um genocídio contra o povo palestino, além de ser uma das principais agitadoras das políticas anti-imigração na União Europeia. Ao submeter o povo trabalhador da Itália a todas as políticas impostas pelo bloco imperialista euro-atlântico, dirigido militarmente através da OTAN e política e economicamente por organizações multilaterais hegemonizadas pelo capital dos EUA e UE, Giorgia Meloni ganha, na prática, abertura para fazer avançar os movimentos fascistas que a apoiam na Itália. Seu silêncio no caso mais recente da saudação ocorrida rua Acca Lorentia, retratado por alguns veículos burgueses de mídia como gerador de indignação entre a oposição no parlamento, demonstra que seu apoio e de seu partido aos fascistas, seja nos casos mais explícitos, seja nos casos em que lhes é dado um passe livre para que atuem sem maiores incômodos, não é um empecilho para seu bom trânsito entre os círculos que atendem os interesses da burguesia imperialista. Quem segura a coleira sabe bem os cães de guarda que servem a seus interesses.
Resgatando o histórico dos partigiani na Itália, os comunistas, atualmente em busca de reorganização das lutas classistas no Fronte Comunista, vêm apontando que o caminho para a derrota da extrema-direita em seu país não pode estar descolada da luta contra o capitalismo e contra os monopólios da UE e dos países associados à OTAN. A resposta dos comunistas italianos, empenhados em responder às necessidades dos trabalhadores e das camadas populares, é rejeitar qualquer forma de gestão burguesa do Estado, seja liberal ou social-democrata, e apostar na luta de massas sob a liderança do proletariado e na construção do socialismo-comunismo.