Limeira-Piracicaba-Rio Claro: Sobre o rio que tudo arrasta
Camaradas, fazemos um chamado para que os comunistas e aproximados na região cerrem fileiras no movimento em defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB, e para que as organizações amigas construam ombro a ombro a frente anti-imperialista e anticapitalista que norteará a Revolução Brasileira.
Nota aos comunistas da região
Camaradas, a célula do PCB-RR de Limeira-Piracicaba-Rio Claro vem abrir um diálogo franco e fraterno com os militantes que optaram por continuar organizados no antigo PCB e seus aproximados, por meio desta nota política redigida em resposta às últimas publicações do PCB-SP, PCB-Limeira, PCB-Rio Claro e PCB-Piracicaba em suas redes sociais. Para se formular uma leitura materialista da crise partidária, devemos levar em conta a totalidade, a historicidade e a tendência de desenvolvimento das contradições que nos trouxeram até a inevitabilidade da ruptura ainda em curso. Neste momento, o partido encontra-se disputado por duas frações com divergências profundas e inconciliáveis: uma à direita e outra à esquerda; uma agarrada à sigla e ao partido formal, outra mirando a hegemonia proletária e a reconstrução do partido histórico. À luz do modo leninista de organização da luta interna e sem personalismos, essa disputa ideológica deve ser tratada em termos de programa, tática e estratégia socialista, organização partidária, concepções de centralismo democrático, internacionalismo proletário, política de alianças e nossa postura frente ao social-liberalismo e à reascenção do fascismo.
Nossa crise abarca todo o complexo partidário e vem sendo arrastada às últimas consequências por uma fração direitista que se instrumentalizou das instâncias de direção, especialmente do CC, cujo mandonismo é respaldado e reproduzido de forma irresponsável pelo CR do PCB-SP. De forma autodestrutiva, levando à cabo a maior ruptura recente no movimento comunista brasileiro, essa fração proibiu a UJC e os coletivos de debaterem ao deflagrar da crise, cerceiam os espaços de luta interna, fecham os olhos diante de nossas debilidades e contradições, sentem-se contrariados com a publicação de uma coletânea de textos de Lenin polemizando contra os mencheviques (“O centralismo democrático de Lenin”, LavraPalavra, 2021), renegam o marxismo-leninismo em sua prática, substituem o centralismo democrático pelo controlismo burocrático, promovem autoproclamações vazias e fogem da crítica e autocrítica como o diabo foge da cruz, recusam-se a convocar um congresso extraordinário (nosso maior espaço de democracia interna e superação da crise ideológica), não condenam a PMAI nem se afirmam abertamente como oposição de esquerda ao governo Lula, aliam-se internacionalmente a partidos chauvinistas e nacionalmente ao social-liberalismo, eleitoralmente ao seu reboque, e recorrem a perseguições e expulsões arbitrárias para expurgar as divergências que inevitavelmente afloram no seio do partido. Está aí a centralidade do debate, que os adeptos da assim chamada terceira via deveriam explicitar.
O aprofundamento da crise vem demonstrando como não se sustentam diante da realidade os apelos centristas à restrição das críticas e da polêmica aos ditos espaços internos, onde no melhor dos casos elas seriam engavetadas, se não reprimidas e expurgadas. Se a prática é o critério da verdade, devemos nos perguntar: quais foram as consequências e os ganhos concretos dos organismos que assumiram esse posicionamento? Na prática, temos visto que as pretensões contraditórias da dita terceira via têm servido apenas aos interesses da fração direitista, de forma a legitimar seus métodos mandonistas, negar a necessidade de um congresso extraordinário e resumir as causas da crise à disputa de egos promovida por um grupelho fracionista e alheio às bases, o que justificaria a expulsão sumária de camaradas que nos últimos anos se dedicaram ativamente à construção do PCB, da UJC e dos coletivos em todo o país. Os mesmos que se dizem “críticos a ambos os lados” e “respeitosos ao posicionamento de todos” decidiram romper nossas relações políticas, encerrando o diálogo e removendo militantes dos nossos antigos canais de comunicação. O cinismo tem sido central na linha adotada pela fração direitista e reproduzida pela terceira via: acusam de fracionismo e liquidacionismo o rio que tudo arrasta, sem dizer o mesmo das margens que o comprimem.
Não apenas os expurgos vêm corroendo nossa unidade prática, mas também o estímulo ao sectarismo e à hostilidade na relação pessoal com os camaradas que aderiram ao manifesto em defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB. Por meio de mentiras e ataques pessoais, temos sido sistematicamente caracterizados como esquerdistas sem trabalhos concretos, fãs de youtubers e militantes manipulados como massa de manobra. Repudiamos esse comportamento profundamente desrespeitoso com camaradas, figuras públicas ou não, que vêm sendo nacionalmente expulsos à toque de caixa; e com as coordenações e organismos inteiros do PCB, da UJC e dos coletivos expurgados à canetada. Em resposta a essas difamações, saudamos o exemplo dado pelo trabalho avançado dos organismos na região, como no Vale do Paraíba, em São Carlos e Campinas, que aderiram ao PCB-RR e seguem crescendo e construindo ocupações, frentes por moradia, batalhas de rima e outros espaços culturais, lutas contra as enchentes e a pulverização de agrotóxicos, manifestações contra as políticas desastrosas do governo Lula, um coletivo de engenharia popular e uma atuação contínua e muito positiva junto ao MST em Valinhos. Contrários ao espírito de seita, defendemos a atuação conjunta dos comunistas nos locais onde nossa unidade de ação ainda for possível.
Os mandonistas temem a realização de um congresso extraordinário, pois sabem que serão derrotados nos debates. Mas a realidade dos últimos acontecimentos mostra que isso já é inevitável. Sem a anuência do antigo PCB, saudamos o manifesto em defesa da Reconstrução Revolucionária, a tribuna de debates, as plenárias que estão sendo realizadas de Norte a Sul, os camaradas nortistas e nordestinos que foram ponta de lança ao aderirem em unidade ao manifesto e todo o processo de construção coletiva do XVII Congresso Extraordinário do PCB, pelas bases, com a participação de toda a militância da UJC e dos coletivos, como o único espaço viável e necessário para a disputa de linhas e a superação da nossa crise. Renunciamos ao pecebismo, ao federalismo, ao sectarismo, ao dimitrovismo e às formas de oportunismo que desde o século passado vêm ofuscando sob hegemonia pequeno-burguesa o nosso horizonte revolucionário. Camaradas, fazemos um chamado para que os comunistas e aproximados na região cerrem fileiras no movimento em defesa da Reconstrução Revolucionária do PCB, e para que as organizações amigas construam ombro a ombro a frente anti-imperialista e anticapitalista que norteará a Revolução Brasileira.
É força, ação, não tem conciliação, partido comunista é pra fazer revolução!
E-mail para contato: [email protected].
Instagram estadual: @pcbrr.sp
Saudações marxistas-leninistas,
PCB-RR de Limeira-Piracicaba-Rio Claro
15 de setembro de 2023