Lembrar para que não se repita: 50 anos do golpe no Chile
Expressamos, nesta data, toda solidariedade à classe trabalhadora chilena, particularmente aos militantes e organizações políticas que lutaram até o fim contra o pinochetismo.
Redação
11 de setembro de 1973 marca o dia do golpe encabeçado por Augusto Pinochet contra o governo de Salvador Allende, no Chile. Na manhã desta data, há 50 anos, caças da Força Aérea chilena bombardearam o palácio presidencial de La Moneda e puseram fim aos três anos do governo da Unidad Popular, dando início ao sombrio período de 16 anos de uma das mais sangrentas ditaduras militares da América Latina, apoiada pela burguesia chilena e com participação ativa dos Estados Unidos.
O governo da Unidad Popular foi a primeira experiência de um governo democraticamente eleito na América Latina que defendia uma “via ao socialismo”. A coalizão encabeçada pelo Partido Socialista, composta por diversas organizações, como o Partido Comunista do Chile, e com apoio crítico de diferentes setores, incluindo o Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR), compreendia a possibilidade de avançar para uma sociedade socialista por meio de enfrentamentos a partir do Estado burguês. Mesmo com avançadas iniciativas da classe trabalhadora na luta de classes da época, como a organização dos cordões industriais, das Juntas de Abastecimento e Controle de Preços (JAPs) e, alguns elementos de planejamento central, o governo não pôde ir além de seu projeto e foi derrotado estratégica e militarmente.
Expressamos, nesta data, toda solidariedade à classe trabalhadora chilena, particularmente aos militantes e organizações políticas que lutaram até o fim contra o pinochetismo. Mais de mil desaparecidos, 3 mil assassinados, 35 mil torturados e 200 mil exilados foram vítimas da burguesia, que não tolerou nem os mínimos avanços e conquistas da classe trabalhadora durante o governo de Allende. O golpe foi necessário, do ponto de vista da classe dominante, também para fazer do país o “laboratório” dos ataques aos direitos trabalhistas e sociais conquistados durante décadas pelos trabalhadores chilenos, com a privatização massiva dos sistemas de saúde, educação, previdência e produção industrial.
Devemos aprender com a derrota da Unidad Popular. O aspecto central de seus erros foi justamente a questão estratégica - a coalizão e, dentro dela, inclusive o Partido Comunista, não chegaram a conclusões científicas sobre a impossibilidade de uma transição ao socialismo por meio do Estado capitalista. Em vez de mobilizar e disputar a massa dos trabalhadores no sentido da construção de um poder operário e popular, baseado na auto-organização da classe trabalhadora, disseminaram ilusões de classe sobre o que poderia ser feito estando no Poder Executivo da democracia burguesa, inclusive em momentos em que uma parcela da população já clamava pela dissolução imediata do Congresso e pelo armamento popular.
Reafirmar, em um momento de ofensiva da burguesia internacional contra os direitos e as vidas da classe trabalhadora, que a estratégia da revolução socialista, da tomada do Poder de Estado e da ditadura do proletariado seguem atuais é não apenas uma necessidade histórica e uma conclusão correta da análise do capitalismo, mas a maneira mais correta de prestar homenagem às vítimas do golpe de Estado no Chile de 11 de setembro de 1973. É fazendo a autocrítica sobre nossos erros que seremos capazes de reorganizar a classe trabalhadora no rumo da revolução e da construção do socialismo-comunismo.