'Krishna, Buda, Jesus ou Ala' (Miguel Abrantes)

As pequenas igrejas não tem nada da lógica capitalista de uma Universal, não existe lucro e o que reina nesse espaço é a caridade aos necessitados do bairro. Os evangélicos de pequena Igreja sabem que as grandes empresas da Fé lucram com isso.

'Krishna, Buda, Jesus ou Ala' (Miguel Abrantes)

Por Miguel Abrantes para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Camaradas essa tribuna eu trago para apresentar alguns fatores que serão importantes para nosso debate sobre religião que se expandiu a partir da tribuna do camarada Felipe Bezerra. 

Primeiramente camaradas é frustrante ver em uma organização em que os militantes são marxistas serem completamente anti-materialistas e ignorarem a dialética da fé brasileira em contradição com o Capitalismo e tentarem resumir evangélicos como extremistas selvagens de direita em que querem o Brasil em um feudo cristão. 

As pequenas igrejas não tem nada da lógica capitalista de uma Universal, não existe lucro e o que reina nesse espaço é a caridade aos necessitados do bairro. Os evangélicos de pequena Igreja sabem que as grandes empresas da Fé lucram com isso e que não tem nada de Deus ali mas então porquê não haver contato conosco? Grande parte dos evangélicos de forma nacional estavam a favor das reformas bases e uma das primeiras ações da Ditadura empresarial-militar foi perseguir pastores que estavam contra o Regime. 

Nas cidades dormitórios da Região Metropolitana do Rio o que mais consegue concentrar trabalhadores em um espaço são as Igrejas e os currais eleitorais mais estratégicos são Igrejas, como não vamos ter nenhum tipo de contato? Alguém tem medo de evangélicos? O que estou tentando fazer aqui não é mostrar um ponto de vista mas a realidade que é escancarada, a revolução óbvio que virá dos trabalhadores mas como vamos envolver todos os grandes nichos? Se em Cuba que é mais próxima da nossa realidade a religião esteve envolvida na revolução porque não vamos nos envolver? Parem de ser um robô do Lenin, na Rússia a Igreja na Rússia era completamente diferente, a construção da fé dos Russos é diferente da brasileira e não envolve questão racial. 

Sobre questão racial irei responder rapidamente o camarada C. Fernandes vulgo robô do Lenin: Camarada, Maioria dos Evangélicos são negros (59%) maioria dos evangélicos são mulheres (58%), não estou negando que tenha negros que são de religião de Matriz Africana mas achar que maioria são de é falta de conhecer a realidade brasileira. E pior se vamos falar sobre ter negros em nossa organização e participação ativa em uma revolução isso vai passar pelo recorte da fé e pode ficar tranquilo, Jesus não é branco e pode ser muito bem visto como uma figura socialista, não existe revolucionários apenas comunistas, Jesus foi um revolucionário da fé. O mais triste de se pensar desse debate é que já existe uma teoria marxista sobre o cristianismo: A teologia da libertação que teve papel super importante na luta contra a ditadura militar e de resistência em diversas regiões no país, diversas Igrejas foram refúgios das lutas dos trabalhadores. 

Portanto a grande questão que deve ser pensada quando se falamos enquanto comunistas sobre religião é se vamos utilizar os espaços religiosos para nossa estratégia revolucionária ou não. Não é contraditório estar nesses espaços e deixo aqui uma belo trecho de uma entrevista de uma Cubana Revolucionária Cristã:

"Não há maior expressão de socialismo do que a obra de Jesus. De um sentimento social, de um sentimento de amor ao próximo, e assim é também o que o socialismo nos ensina. Querer ajudar o outro, acima de tudo, e este é o nosso exemplo de Jesus. Eu sempre digo que Jesus foi um socialista de seu tempo. Às vezes se diz que a religião não deve ser misturada com a política. Mas tudo é político, toda ação tem uma atitude política. Portanto, parece-me que o socialismo e a religião estão muito ligados", diz Claudia Morales Moreno, do Movimento de Estudantes Cristãos.