Jornal O Futuro como indicador da inserção do partido na classe trabalhadora

Dado o peso político e organizativo do jornal para o Partido, acredito que o acompanhamento sistemático de sua distribuição deve ser compreendido como uma ferramenta estratégica para avaliarmos, de forma objetiva, a inserção real do Partido na classe trabalhadora.

Jornal O Futuro como indicador da inserção do partido na classe trabalhadora
Servidores públicos de São Carlos (SP). Foto: Jornal O Futuro.

Por Anônimo | Tribuna de Debates

Por uma métrica nacional para avaliarmos nossos avanços

Após a conferência do Comitê Local de São Paulo, tive a oportunidade de conhecer o trabalho de camaradas de outras células e compreender que algumas limitações — especialmente no que diz respeito ao conhecimento sobre o funcionamento e os avanços do partido — não são experiências isoladas. Muitos camaradas relataram a mesma dificuldade: a sensação de desconhecimento sobre o que está acontecendo no partido como um todo. Esse sentimento ficou evidente tanto nas tribunas quanto no balanço da conferência.

Sem uma base comparativa clara, torna-se difícil avaliar se estamos, de fato, avançando. Por exemplo, durante a nominata do CL-SP, eu não soube dizer se os nomes indicados haviam desempenhado bem suas tarefas no último período. Foi aprovada a elaboração de um boletim local, com o objetivo de compartilhar os avanços das células, o que é um passo importante. Ainda assim, seguiremos sem uma métrica comum que nos permita medir esses avanços de maneira sistemática.

Escrevo esta tribuna com a intenção de propor uma reflexão: podemos utilizar os números de distribuição do jornal O Futuro como um indicador estratégico para mensurar nossos avanços organizativos e políticos.

Como nos orienta a Resolução nº 41 do do XVII Congresso (Extraordinário), “O jornal partidário é o trabalho publicístico mais importante no atual período”; e a Resolução nº 42 reforça que “ele tem como objetivo o diálogo com o povo trabalhador”. Já a Resolução nº 35 vai além da dimensão agitativa e propagandística, ao indicar que “a preparação, organização e efetivação do jornal impresso promove uma rede organizativa e logística entre nossa militância, oferecendo assim uma oportunidade para outras ações que necessitam de uma articulação regional”.

Dado o peso político e organizativo do jornal para o Partido, acredito que o acompanhamento sistemático de sua distribuição deve ser compreendido como uma ferramenta estratégica para avaliarmos, de forma objetiva, a inserção real do Partido na classe trabalhadora.

O jornal O Futuro não é apenas um instrumento de agitação e propaganda — ele é uma peça central da nossa linha política, conforme definido nas resoluções do XVII Congresso Extraordinário. No entanto, mesmo com essa centralidade, temos enfrentado dificuldades para manter sua estrutura de distribuição ativa. Durante a conferência do CL-SP, foi relatado que, mesmo com centenas de militantes na capital, houve dificuldade em destacar três camaradas para a logística de distribuição. Há ainda células que não conseguem vender sequer uma parte dos exemplares que recebem.

Esses desafios mostram que uma ferramenta tão importante para nossa estratégia de enraizamento na classe trabalhadora não pode permanecer sem transparência quanto à sua circulação e ao grau de engajamento da militância com sua distribuição. Sem dados claros, não conseguimos enxergar os gargalos, corrigir rumos ou reconhecer onde a atuação está funcionando. A ausência de transparência impede, inclusive, que o Partido possa cumprir plenamente sua própria linha política.

Por isso, defender o acompanhamento sistemático da distribuição do jornal é também defender a coerência entre nossa linha política e nossa prática cotidiana, bem como fortalecer os mecanismos de organização e inserção do Partido junto ao povo trabalhador.

Proposta de Indicadores

Indicadores Nacionais

1. Impressos vs Vendidos

Um dos indicadores mais simples: acompanhar, mês a mês, quantos jornais foram impressos e foram efetivamente vendidos a nível nacional. Esse dado oferece um panorama geral do alcance e da efetividade de nossa distribuição.

2. Vendas por estado

Saber apenas o total nacional não é suficiente. Precisamos entender como cada estado está contribuindo para os esforços gerais. Isso nos permitirá ajustar ações conforme as realidades e desafios específicos de cada região — sem cair em lógicas federalistas, mas com foco na atuação de acordo com os desafios locais.

3. Número de jornais recebidos vs Vendidos por estado

Além de sabermos quanto foi vendido, é importante acompanhar quantos jornais foram efetivamente enviados para cada estado e quantos desses foram distribuídos. Esse indicador permite avaliar o aproveitamento do material recebido, identificar gargalos logísticos e ajustar o planejamento da tiragem e da distribuição com base na capacidade real de escoamento em cada região.

4. Percentual de cidades com pelo menos uma venda (por estado)

É fundamental ir além das capitais. Esse indicador ajuda a mensurar nossa presença no interior do país e pode orientar esforços para interiorizar ainda mais nossa atuação.

Indicadores Locais (Comitês Locais)

1. Total de jornais recebidos vs Vendidos no município

Como a impressão do jornal é centralizada nacionalmente, um dos indicadores mais diretos para os Comitês Locais é a comparação entre a quantidade de exemplares recebidos e a quantidade efetivamente vendida. Esse dado permite um panorama objetivo sobre o desempenho de cada CL na distribuição do jornal e pode servir como ponto de partida para análises internas e definição de metas de avanço.

2. Total de jornais vendidos no município

Esses dados devem alimentar os indicadores nacionais, criando uma base sólida de monitoramento.

3. Total de jornais vendidos por célula

Permite que as células comparem seus desempenhos entre si e possam, a partir disso, propor ações de fortalecimento ou metas mais ambiciosas.

Por que isso importa?

Acompanhando sistematicamente os números de venda do jornal, podemos:

  1. Identificar onde estamos com menor inserção proporcional à população.
  2. Valorizar os bons desempenhos e transformá-los em referência.
  3. Estabelecer metas baseadas em resultados anteriores, mantendo uma política de superação constante.
  4. Criar uma cultura de avaliação com base em dados concretos.

A coleta desses dados é, de fato, desafiadora — mas o processamento é simples. Os ganhos organizativos justificam plenamente o esforço.

Portal O Futuro Online

Vivemos num mundo em que o consumo de notícias se dá, majoritariamente, por meios digitais. Portanto, também devemos acompanhar e compartilhar com a militância o desempenho do portal O Futuro:

  1. Visualizações por matéria e por editoria;
  2. Acessos por cidade e estado;
  3. Números mensais de visitantes e tempo de permanência.

Com o alcance digital de vários camaradas do partido, é provável que estejamos chegando a cidades onde ainda não temos Comitês Locais. Os dados de acesso podem indicar novas regiões para atuação e organização, seja com novos CLs, ações pontuais ou debates locais criando uma comunidade de aproximados.

Distribuição Interna dos Indicadores

O Comitê Central já realiza boletins internos quinzenais. Um deles pode passar a trazer o relatório nacional sobre os indicadores do jornal O Futuro. Já os CLs podem incorporar seus próprios dados locais em seus boletins internos, alimentando um ciclo de monitoramento e aprimoramento constante.

O jornal como bússola organizativa do Partido

Transformar o jornal O Futuro em mais do que um instrumento de agitação e propaganda — tornando-o uma verdadeira bússola organizativa — é, na prática, seguir as orientações aprovadas no XVII Congresso (Extraordinário). As resoluções são claras ao apontar que o jornal ocupa um papel central no atual período, tanto na nossa inserção na classe trabalhadora quanto na estruturação da militância em nível nacional.

Assumir essa tarefa com seriedade significa compreender que acompanhar sistematicamente a distribuição do jornal, seus impactos e sua capilaridade é parte fundamental da consolidação de uma linha política comum, enraizada na realidade concreta dos trabalhadores.

A construção de indicadores a partir da circulação do jornal físico e do desempenho do portal online não é um fim em si, mas sim um instrumento para orientar ações, corrigir rumos, impulsionar avanços e construir, com dados, a força organizada de nosso Partido em cada território.

Sei que hoje já existe uma planilha para a coleta desses dados, mas ela não tem sido preenchida de forma sistemática por grande parte dos Comitês Locais e Células. É compreensível: os dados só ganham valor político quando são utilizados para gerar orientação e ação concreta. Por isso, a publicação periódica de relatórios nacionais e locais é fundamental para evidenciar a importância desses números e, assim, motivar a militância a dar o devido peso à sua atualização.

Além disso, é importante que os Comitês Locais informem, em seus boletins internos, quais células repassaram os dados e quais não repassaram. Essa transparência interna também é parte da construção de uma cultura de responsabilidade política coletiva.

Que essa proposta possa contribuir para o debate, fortalecer nossa prática organizativa e consolidar as orientações do XVII Congresso (Extraordinário) na vida concreta do Partido.