Imperialismo francês, a escolha da guerra contra as necessidades populares!

Com um orçamento de 57,1 bi, as Forças Armadas recebem mais 6,7 bi para 2026, o dobro do previsto na Lei de Programa Militar 2024-2030. Em 2027, ainda, o orçamento da Defesa será o dobro daquele de 2017.

Imperialismo francês, a escolha da guerra contra as necessidades populares!
Reprodução/Foto: Clément Mahoudeau / Archives Agence France-Presse.

Via Partido Comunista Revolucionário da França (PCRF)

“A França deve aceitar perder seus filhos”. Essa frase, pronunciada em 18 de novembro de 2025 por F. Mandon, atual chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, é um claro sinal do que é hoje o imperialismo francês: um regime voltado para a guerra, meio agora privilegiado para garantir a permanência de sua classe capitalista e dar continuidade à política de destruição em massa das conquistas sociais.

A disputa das consciências

Nessa perspectiva, nada é deixado ao acaso, e todos os atores do Estado burguês são mobilizados. Trata-se, antes de tudo, de um bombardeio ideológico e midiático permanente, que busca convencer a opinião pública da iminência de um ataque da Rússia, que, segundo o próprio general Mandon, “se prepara para um confronto no horizonte de 2030 com nossos países”. Busca-se em vão provas concretas de tal preparação contra a principal potência nuclear da Europa, por parte de um Estado imperialista atolado em sua guerra na Ucrânia há quase quatro anos…

A moldagem das consciências é cuidadosamente operada entre a própria juventude, que há dez anos recebe, nos colégios e liceus, horas de propaganda – sob o pretexto da educação cívica – sobre os “valores republicanos” burgueses, é claro, sobre o “espírito de defesa e de patriotismo”, e vê se desenvolver, paralelamente ao SNU (suspenso devido ao seu custo), as chamadas “classes de defesa e segurança global”. Essas iniciativas resultam de uma parceria entre o Ministério das Forças Armadas e o Ministério da Educação Nacional, e têm como objetivo “reforçar o vínculo Exército-Nação”.

Trata-se de uma lavagem cerebral relativamente eficaz, já que um estudo recente, conduzido pela cientista política Anne Muxel, aponta um forte recuo do antimilitarismo entre os jovens. Isso permite que o Exército, em um contexto de aumento do desemprego, se torne um dos maiores recrutadores da França, com cerca de 90 mil candidatos por ano aos seus testes de seleção.

É sobre esse terreno ideológico bem-preparado que Macron pôde avançar com sua proposta, anunciada em 27 de novembro de 2025, de um serviço militar voluntário, chamado de “serviço nacional”: um serviço “puramente militar”, reservado a jovens maiores de idade e limitado a um período de dez meses, com remuneração de 800 euros mensais. Sem surpresa, as reações políticas variaram do apoio explícito da direita, do RN e do belicista Glucksmann, até uma contestação tímida à esquerda, ligada principalmente ao custo da medida (2 bilhões de euros).

Para além dessas nuances, o discurso político-midiático predominante adota a justificativa presidencial e governamental, como ilustra, por exemplo, o Le Monde de 28 de novembro de 2025: “o anúncio do sr. Macron pode ser analisado tanto como a resposta de um país democrático ao belicismo de Vladimir Putin quanto como uma mensagem de solidariedade a seus vizinhos europeus, igualmente colocados à prova”.

Um orçamento para a guerra e a repressão...

O Estado francês, que se apresenta como o braço armado da Europa – sem deixar de servir prioritariamente a seus próprios monopólios –, ajusta seu projeto orçamentário a esse duplo objetivo. Com um orçamento de 57,1 bilhões de euros, as Forças Armadas recebem 6,7 bilhões de euros adicionais para 2026, o dobro do previsto na Lei de Programação Militar 2024-2030. Em 2027, o orçamento da Defesa será o dobro do de 2017, alcançando 64 bilhões de euros e superando, pela primeira vez, o orçamento da Educação Nacional.

Mais uma vez, assiste-se a uma espécie de “união sagrada” no Parlamento em torno do aumento dos gastos militares, lembrando de forma inquietante a de 1914. Vale lembrar que, por exemplo, a LFI votou contra na Assembleia justamente por considerar esses créditos... insuficientes.

Como a militarização não basta para conter os riscos de explosão social entre a juventude e as massas populares sacrificadas, o projeto orçamentário do imperialismo francês também aciona seus mecanismos repressivos, com o aumento dos recursos destinados à polícia (+600 milhões de euros) e ao sistema de justiça (+200 milhões de euros).

E como financiar esses aumentos, se o discurso oficial insiste apenas na redução da dívida pública? A resposta vem da própria ministra das Forças Armadas, C. Vautrin: por meio de “economias forçadas nos demais ministérios, traduzidas em remanejamentos”.

...e para os lucros dos monopólios

A conta a pagar pelas massas populares será, portanto, mais pesada do que nunca, com novos ataques aos serviços públicos – especialmente na saúde, na educação e na cultura – ao movimento associativo, às coletividades territoriais, à proteção social e aos salários (ver nosso artigo sobre o orçamento). Ao mesmo tempo, são preservados – e até reforçados, na versão aprovada pelo Senado em dezembro – os inúmeros benefícios concedidos às empresas.

Segundo relatório do Alto Comissariado à Estratégia e ao Planejamento, esses subsídios somaram 272 bilhões de euros em 2023, sendo 112 bilhões provenientes do Estado. Trata-se de um valor expressivo, especialmente quando comparado ao total do projeto de orçamento de 2026, que é de 501 bilhões de euros.

Vale lembrar, além disso, que a boa saúde dos monopólios franceses e da oligarquia financeira (ver nosso artigo sobre o tema) é, em grande medida, resultado de sucessivos orçamentos de classe aplicados ao longo de várias décadas, especialmente sob o governo do condenado Sarkozy, do socialista Hollande e do “presidente dos ricos”, Macron.

Lutar por nossos direitos sociais é lutar contra a guerra!

As últimas semanas de debate parlamentar sobre os orçamentos da Seguridade Social e do Estado mostram que não se deve esperar nenhuma mudança significativa deste Parlamento, no qual não se levanta uma única voz contra a ditadura de classe exercida por meio das políticas governamentais em curso.

Para a classe trabalhadora explorada e a juventude popular submetida a constantes ataques, a única saída rumo a novas conquistas e à preservação da paz passa pela luta organizada: primeiro nos locais de trabalho e de estudo, depois articulada em escala nacional, elevando-se ao nível de um amplo movimento popular orientado para a perspectiva de uma revolução social libertadora, impulsionada pela construção de um forte Partido Comunista Revolucionário da França.