Há culpados e devem pagar: sobre as enchentes na Espanha
Cidades em Valência, Castilla-La Mancha, Andaluzia, Catalunha e Aragão foram afetadas pela catástrofe, e o estrago já é incalculável. Em Valência, a zona sul e as áreas periféricas ficaram completamente inundadas.
Por PCTE (Partido Comunista dos Trabalhadores da Espanha)
Os números de vítimas deixados pela passagem da DANA [“depressão isolada em níveis”: um fenômeno meteorológico na forma de um sistema de baixa pressão fechado de nível superior (altitude superior a 5 mil metros) com um núcleo de ar muito frio que tem um diâmetro aproximado de 500 a 1.000 km] pelo leste da península são assustadores. Dezenas de cidades na Comunidade Valenciana, Castilla-La Mancha, Andaluzia, Catalunha e Aragão foram afetadas pela catástrofe, e o custo humano e material já é incalculável.
O símbolo do horror tem sido a cidade de Valência, cuja zona sul e as áreas periféricas na margem direita do Rio Turia ficaram completamente inundadas. No momento da escrita desta nota, contabilizam-se mais de 90 mortos, um número indeterminado de desaparecidos e uma quantidade inumerável de pessoas que viram suas vidas devastadas.
Em primeiro lugar, o PCTE deseja transmitir suas condolências às famílias das vítimas fatais, expressar total apoio a todos os afetados e agradecer o trabalho realizado pelos bombeiros e equipes de resgate nas operações de socorro que ainda estão em andamento e nas que ainda estão por começar. Milhares de pessoas demonstram solidariedade e arriscam suas vidas para ajudar, sendo mais um exemplo de que, nos piores momentos, só o povo salva o povo.
Em segundo lugar, o PCTE quer denunciar os responsáveis por essa tragédia. As catástrofes desse tipo podem ter causas naturais, mas suas consequências e intensidade estão fortemente relacionadas com políticas e interesses capitalistas.
A depredação ambiental do capital é um fato. Quando o lucro empresarial é a prioridade em uma sociedade, a gestão do território, dos recursos naturais e do urbanismo se submete à lógica puramente mercantil, onde as vidas e interesses da maioria da população são aspectos secundários.
Além disso, essa mesma lógica prevalece quando se força a classe trabalhadora a permanecer no local de trabalho, apesar dos alertas e avisos de emergência. No momento em que escrevemos esta nota, com o alerta vermelho se expandindo para mais de 10 províncias espanholas, nenhuma autoridade pública fez um chamado para interromper completamente a produção e cessar todos os serviços que não sejam estritamente necessários para atender emergências. Empresários e administrações são culpados por essa situação.
Neste contexto, as acusações mútuas entre as diferentes forças políticas que defendem interesses capitalistas são uma piada de muito mau gosto. São essas forças que, nas diversas administrações, têm constantemente negligenciado sua responsabilidade em trabalhar na prevenção de situações desse tipo. Uma prevenção que deve ser multifacetada e que inclui não apenas o cuidado com o meio ambiente, mas também o planejamento urbanístico, de infraestrutura e de produção.
Afirmamos categoricamente que catástrofes como essa podem ser previstas e prevenidas com antecedência suficiente, utilizando os meios técnico-científicos disponíveis, assim como há recursos materiais para um planejamento urbanístico e de infraestrutura que não coloque a população em risco. Mas, para isso, é condição prévia colocar todos os meios econômicos, tecnológicos e científicos a serviço da maioria, por meio de uma economia centralmente planejada e cientificamente capaz de realizar um uso racional dos recursos e gerenciá-los de forma favorável à maioria trabalhadora.