Há 100 anos, Lênin, guia e líder do proletariado mundial, parou de pensar

Partido Comunista Argentino

Publicado em Orientación Comunista em 21 de janeiro de 2024

No dia 21 de janeiro deste ano, se completa um século desde que o grande estrategista da revolução mundial passou para a imortalidade, aquele que liderou a primeira revolução socialista no mundo, a Grande Revolução de Outubro, que abriu o caminho para a transição do capitalismo ao socialismo.

Fiel discípulo de Karl Marx e Friedrich Engels, colocou em prática a doutrina do marxismo, fundando o Partido Comunista e o primeiro Estado socialista do mundo; teve uma vida dedicada à luta pela felicidade da humanidade e pela organização da classe trabalhadora mundial; desenvolveu a doutrina científica do marxismo, que ilumina e permite que até hoje a vanguarda esclarecida do proletariado se oriente corretamente em todas as circunstâncias e conduza a classe trabalhadora à luta pela vitória, para enterrar o capitalismo e construir uma sociedade sem classes, sem exploradores ou exploradores, construir uma sociedade socialista, onde todos os bens materiais sejam patrimônio comum da população trabalhadora.

Vladimir Ilyich não se vincula apenas como algo particular ao pensamento revolucionário, Lênin como um grande gênio do pensamento marxista escreveu sobre filosofia, economia, tática e estratégia, sobre temas militares, guerra de guerrilhas, sobre a questão do poder, sobre o Estado, entre tantas outras coisas, mas neste momento da luta de classes em nosso país e no mundo, somado à situação do Movimento Comunista Internacional e à situação de construção de um grande Partido Comunista que nossa classe trabalhadora argentina necessita, é necessário valorizar alguns aspectos de Lênin, como por exemplo, Lenin enquanto agitador e propagandista, como o grande construtor do Partido, como um analista do imperialismo, sobre sua vida de dedicação à revolução e como o grande guia do proletariado mundial.

Lênin, a agitação e propaganda

A agitação e propaganda leninistas são uma arte para construir, formar, consolidar e desenvolver o partido revolucionário. Lênin foi um grande agitador e propagandista.

Em primeiro lugar – cujo aprofundamento ficará para outro artigo – foi a necessidade de unir todas as lutas e grupos revolucionários, através de um grande jornal nacional, que funcione como um organizador da classe trabalhadora, e sobre o qual Lênin insistiu que este trabalho não poderia ser artesanal e que, como consequência do trabalho artesanal, os trabalhadores não adquiriam consciência suficiente do caráter comum de seus interesses.

Lênin propunha que a imprensa também servisse para debater o programa do Partido com a classe trabalhadora, a discussão sobre táticas e estratégias, problemas organizativos, entre outros.

O jornal leninista, como organizador e divulgador das ideias marxistas, tem que ser a expressão fiel do Partido, um jornal que esteja unificado com a luta econômica do proletariado, para que se torne o jornal de toda a classe trabalhadora.

A síntese da propaganda leninista é captada por Liebknecht: estudar, propagandear, organizar.

A construção do Partido e a edição e distribuição do jornal é uma relação dialética, por isso é necessário para ambos, atributos leninistas de organização. O líder proletário nos ensina: “É essencial que os membros ou grupos de membros do Partido se especializem em diferentes aspectos do trabalho partidário: alguns na reprodução da literatura, outros em trazer a literatura do estrangeiro para cá, outros na sua distribuição por toda a Rússia, outros na distribuição pelas cidades, outros em conseguir lugares para reuniões clandestinas, outros na arrecadação de dinheiro, outros na organização de correspondência e informações sobre o movimento, outros em funções de articulação etc., etc. Tal especialização exige, como já sabemos, muito mais firmeza, uma maior capacidade de concentração para encarar o trabalho modesto, humilde, anônimo,exige muito mais heroísmo do que no trabalho habitual nos círculos”.

Lênin ensina que o trabalho propagandístico, a educação política das massas e o trabalho de organização andam de mãos dadas, razão pela qual Vladimir também disse que os comunistas devem chegar à classe trabalhadora como teóricos, agitadores, propagandistas e organizadores. A propaganda, a agitação e a organização são inseparáveis ​​para um leninista. Com relação a isso dizia: “...não há a menor dúvida de que um Partido Comunista que queira verdadeiramente ser a vanguarda, o destacamento avançado da classe revolucionária, do proletariado, e que também queira aprender a dirigir as grandes massas, não só proletária, mas também não proletária, a massa trabalhadora e explorada, é obrigado a saber fazer propaganda, organizar e agitar da forma mais acessível, compreensível, clara e viva, tanto para a rua, como para a fábrica e para a vila.”

O propagandista e agitador leninista não pode deixar de avaliar o resultado do trabalho agitativo e propagandista, porque o sucesso da propaganda e da agitação depende diretamente em saber se palavras ou palavras de ordem surtiram efeito, se serviram para a organização das massas.

Há uma diferença entre o agitador leninista e o propagandista leninista. Lênin ensinou que o propagandista deve fornecer uma riqueza de ideias, muitas, que a princípio serão assimiladas apenas por um círculo relativamente pequeno de pessoas; por outro lado, o agitador, referindo-se ao mesmo problema, deve tomar o exemplo mais significativo e conhecido por quem o ouve e, a partir dele, oferecer às massas apenas uma ideia.

Por fim, Lênin incentivou que os discursos dos agitadores e o material de propaganda do Partido estivessem impregnados de um espírito de combatividade e de ofensiva revolucionária, porque o espírito combativo de agitação e propaganda pressupõe também uma luta até à morte contra a burguesia.

Os militantes comunistas devem entregar-se completamente à causa da revolução socialista, não há tempo para meias medidas, a necessidade de um grande Partido Comunista é real e precisamos de organizadores, propagandistas e agitadores que nas fileiras do PCA irão se forjando e construirão o porvir, o famoso horizonte vermelho, onde flamejará a bandeira emancipatória com a foice e o martelo.

Lênin e o imperialismo

Uma das questões que contribuíram para a vitória dos bolcheviques foi a análise de Lênin sobre o desenvolvimento do capitalismo na Rússia e do imperialismo como a fase superior e última do capitalismo, necessária para delinear os objetivos, a estratégia e as táticas.

Lênin fundamentou que estamos na fase do imperialismo, do capitalismo monopolista e, portanto, o imperialismo é o prelúdio da revolução social do proletariado; este capitalismo, ao contrário do capitalismo pré-monopolista, é um capitalismo parasitário, em decomposição e agonizante.

Vladimir Ilyich apresenta as características econômicas fundamentais do imperialismo, que são: 1) Concentração da produção e do capital, que atingiu um grau de desenvolvimento tão elevado, que cria monopólios, que desempenham um papel decisivo na vida econômica.

2) Fusão do capital bancário com o capital industrial e criação de uma oligarquia financeira com base neste capital financeiro. 3) A exportação de capitais adquire extrema importância em detrimento da exportação de mercadorias. 4) São estabelecidas uniões de monopólios internacionais dos capitalistas que partilham o mundo. 5) Fim da divisão territorial do mundo entre as maiores potências capitalistas. O imperialismo é o capitalismo na sua fase de desenvolvimento, em que se formou o domínio dos monopólios e do capital financeiro, a exportação de capitais adquire grande importância, há o inicio da divisão do mundo por trustes internacionais e o fim da divisão dos territórios entre os principais países capitalistas.

Por outro lado, a advertência de Lênin é extremamente importante, salientando enfaticamente que: “Se as raízes econômicas deste fenômeno (do imperialismo) não forem compreendidas, se a sua importância política e social não for avaliada, não se poderá avançar no campo das soluções das tarefas práticas do movimento comunista.”

A teoria de Lênin sobre o imperialismo, seus estudos como "O desenvolvimento do capitalismo na Rússia" ou "Imperialismo, fase superior do capitalismo", devem servir de guia para os comunistas revolucionários, para delinear uma estratégia e tática adequadas, como serviu ao Partido Bolchevique para traçar uma estratégia revolucionária que quebrou o sistema imperialista em seu elo mais fraco.

É necessário um aprofundamento e um estudo completo de Lênin e do imperialismo, pois, diante da degradação do MCI [Movimento Comunista internacional], há uma grande distorção da obra do grande gênio do marxismo, e a teoria leninista do imperialismo é dogmaticamente reduzida a uma determinação centro-periferia", de "país imperialista - país dependente", chegam-se a análises incorretas como a de que o imperialismo é apenas uma política agressiva e expansionista, mas a teoria de Lênin sobre o imperialismo mostra que o sistema imperialista é um conjunto de elos, que não são necessariamente iguais ou semelhantes, pois também sabemos que a desigualdade entre países é uma característica do capitalismo.

Lênin nos ensina que todos os países estão inseridos na pirâmide imperialista mundial, com maior ou menor grau de desenvolvimento, com desigualdades, mas todos os países estão num elo da pirâmide, pois todos os países capitalistas na era do imperialismo, que têm um base econômica monopolista, estão na fase imperialista.

A majestosa obra de Lênin evita que os comunistas argentinos caiam no oportunismo e no reducionismo, entendemos que o capitalismo na Argentina está plenamente desenvolvido, a contradição capital/trabalho foi intensificada e predomina em todas as regiões do país e em todos os seus setores econômicos. No nosso país as relações capitalistas estão enraizadas há várias décadas, existe um processo constante de concentração e centralização do capital e onde o capitalismo monopolista está consolidado.

Dentro do sistema imperialista, a economia argentina ocupa o 30º lugar internacionalmente, enquanto na América Latina ocupa o terceiro lugar, atrás apenas do Brasil e México, e na frente de Chile e Colômbia. A Argentina é um exemplo claro de dependência submetida ao imperialismo.

O lugar da Argentina dentro do sistema imperialista é de um país intermediário em que o principal antagonismo é entre capital e trabalho, e que tem bases suficientes para fazer a transição do modo de produção capitalista para o socialismo.

Por esta razão, a proposta de um estágio intermediário entre o capitalismo e o socialismo não é lógica. A nossa principal direção deve ser concentrar as forças da classe trabalhadora e de todos os trabalhadores com o objetivo programático do socialismo, da Revolução Socialista.

É por isso que a tarefa imediata da classe trabalhadora argentina não é a "libertação nacional" nem uma "revolução democrático-burguesa", mas uma revolução socialista que dê lugar a uma sociedade sem explorados ou exploradores, e é por isso que a classe trabalhadora argentina precisa de um partido de vanguarda forte, e esse grande partido que devemos fortalecer é o Partido Comunista Argentino que, sob a orientação das obras de Lênin, se prepara para cumprir o sua tarefa histórica, que nada nem ninguém poderá impedir que se cumpra.

Lênin e o Partido

Há 100 anos da morte do camarada Lênin, é necessário destacar o seu papel como organizador do Partido, a ênfase, a dedicação e a elaboração teórica sobre a necessidade do Partido conquistar o poder. Lênin tinha o atributo de ser o grande guia do proletariado mundial, capaz de fornecer à classe trabalhadora uma ideologia revolucionária, de pôr em prática a doutrina de Marx e Engels e de fundi-la com o movimento operário, de organizar o partido revolucionário e convertê-lo no Estado-Maior unido e monolítico do proletariado, capaz de conduzi-lo à vitória definitiva sobre o capitalismo.

Lênin nos ensina pelo seu exemplo, a seriedade e ênfase na construção partidária, disse: “Dê-nos uma organização de revolucionários e acabaremos com as estruturas da Rússia”, e assim foi, Lênin pensava o Partido, como um partido de quadros, de revolucionários profissionais, especializados e dedicados à sua construção. A vitória bolchevique foi possível porque Lênin e os outros camaradas não dedicaram o seu tempo livre à construção do Partido, dedicaram-lhe toda a vida, porque sabiam que só assim a vitória seria possível. Lênin em “Que fazer?” dizia que o Partido: “deve ser formado, fundamentalmente, por homens que façam da atividade revolucionária a sua profissão”.

Vladimir, o construtor do grande Partido Comunista, nos ensina que o Partido é o partido dos trabalhadores conscientes, dos disciplinados, dos convencidos e atua conforme a situação disponível da luta de classes.

O Partido deve saber agir na mais feroz clandestinidade e na maior liberdade democrático-burguesa, razão pela qual um partido leninista deve preparar-se para qualquer situação, a fim de cumprir o seu papel histórico: o estabelecimento da ditadura do proletariado.

O Partido, segundo Lênin, deve ter a capacidade de dirigir todas as formas de luta que ocorrem em cada lugar particular e, ao mesmo tempo, saber distinguir os graus de consciência da classe trabalhadora e os graus de eficácia das formas de luta.

O Partido é quem prepara a revolução, e hoje a tarefa imediata é nossa, com a orientação teórica de Lênin devemos fortalecer o Partido Comunista Argentino, destacamento de vanguarda do proletariado argentino e coveiro do capitalismo em nosso país, com revolucionários profissionais (propagandistas, agitadores, organizadores, etc.) que dedicam suas vidas à construção do Partido, que estão inseridos na luta de classes, capazes de acender a faísca que incendiará a pradaria e trará a felicidade que a classe trabalhadora argentina ainda não conseguiu alcançar.