Governo Maduro tenta criar um PCV falso, subordinado a sua política neoliberal

Um congresso fraudulento foi realizado neste domingo (21/5) por militantes do PSUV e funcionários do governo, fazendo-se passar por membros do Partido Comunista. O PCV é atualmente uma das principais forças de oposição à esquerda de Maduro.

Governo Maduro tenta criar um PCV falso, subordinado a sua política neoliberal
Após descumprir o acordo unitário PSUV-PCV firmado em 2018, uma onda de perseguição foi desencadeada pela alta cúpula do partido de Nicolas Maduro contra o PCV. Em 2020, os comunistas lançaram uma chapa em separado para as eleições presidenciais.

Publicado no Tribuna Popular, órgão oficial do Partido Comunista da Venezuela, em 23 de maio de 2023.


CARACAS — O governo de Nicolás Maduro promoveu neste domingo, 21 de maio, um evento fraudulento com objetivo de "construir um falso positivo" e "ignorar os processos legítimos de tomada de decisão no seio do Partido Comunista da Venezuela (PCV) e tentar, por meio de medidas administrativas ou judiciais, colocá-lo a serviço de sua política neoliberal", denunciou na segunda-feira o Secretário-Geral do Comitê Central do PCV, Oscar Figuera.

Um dia antes, a cúpula do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) realizou um falso congresso para promover a intervenção no PCV. Isso marcou uma nova fase de um plano de assalto que começou após o aprofundamento da postura de confrontação e desvinculação do PCV em relação às políticas antioperárias, antipopulares e antinacionais do governo de Maduro, explicou Figuera em comunicado à imprensa.

"A Conferência Nacional de fevereiro de 2018 exigiu um compromisso do candidato Nicolás Maduro. Um acordo unitário foi assinado, mas nunca foi implementado. Os processos de confrontação e desvinculação foram se intensificando e alcançaram um momento importante nas eleições para a Assembleia Nacional de 2020, quando o Partido Comunista exigiu do Governo Nacional a discussão de sua política para poder continuar apoiando-o no terreno eleitoral. Eles se recusaram a discutir a política e, então, o Partido Comunista decidiu impulsionar um processo diferente, um processo de construção de uma alternativa popular e revolucionária", contou o líder do PCV.

Desde então, lembrou Figuera, teve início "uma onda de ataques liderada pelo presidente Nicolás Maduro", levando à censura, cerco midiático e violação dos direitos políticos do PCV.

Nas eleições regionais de 2021, o Partido Comunista da Venezuela foi a organização que teve o maior número de candidaturas injustificadamente invalidadas na Venezuela, diante do silêncio cúmplice das instituições do Estado, como o Conselho Nacional Eleitoral, a Controladoria Geral da República e até mesmo o Tribunal Supremo de Justiça.

Nova fase do plano de assalto

Figuera detalhou que o plano de assalto contra o PCV foi executado em diferentes etapas: "A primeira foi tentar criar condições para que o 16º Congresso Nacional do Partido, organizado em novembro do ano passado, expressasse uma cisão que lhes permitisse atuar, como fizeram com outras organizações, como o Pátria Para Todos ou a Ação Democrática".

"Como isso não foi possível e o Partido Comunista saiu coeso, unido por uma clara política direcionada a impulsionar a luta do povo venezuelano e os processos de reagrupamento das forças genuinamente revolucionárias e populares, eles passaram para a segunda fase", apontou o Secretário-Geral do PCV.

Essa etapa consistiu na formação de "um grupo de mercenários, pessoas pagas, militantes do PSUV e funcionários públicos" que, sob a direção de Diosdado Cabello e com financiamento de recursos do Estado, percorreram o país oferecendo benefícios, cargos, dinheiro, cestas básicas, casas e veículos à militância do PCV, mas foram rejeitados.

Diante do fracasso do grupo criado por Diosdado Cabello para recrutar militantes comunistas, "eles começaram a procurar outras pessoas, e isso é o que se viu ontem: um congresso fraudulento com um mesa cujos membros não militam no Partido Comunista da Venezuela", disse Figuera.

O Secretário-Geral do PCV deu detalhes sobre cada um dos membros da diretoria do falso congresso, destacando conhecidos militantes do PSUV, funcionários do CNE no estado de Monagas e até mesmo um vereador do partido oficialista Somos Venezuela no estado de Barinas.

Por que tentam assaltar o PCV

"Com essa ação, tenta-se impedir que o Partido Comunista continue cumprindo seu papel como força classista a serviço da luta do povo venezuelano e da classe trabalhadora; impedir que o Partido Comunista da Venezuela continue impulsionando a ampla unidade de ação operária para fortalecer os processos de organização e luta do povo venezuelano; impedir que o Partido Comunista continue apostando no reagrupamento das forças revolucionárias", explicou Figuera.

O PCV reconheceu as importantes manifestações de solidariedade recebidas do povo venezuelano, de suas organizações, de intelectuais, de movimentos revolucionários e também de correntes internacionais, dos partidos comunistas e operários a nível mundial.

"A todos eles, o Partido Comunista expressa sua gratidão, compromisso e garantia de que, independentemente do que façam as cúpulas no poder, o Partido Comunista continuará cumprindo seu papel, acompanhando e impulsionando as lutas do povo venezuelano", concluiu.