Governo Ibaneis desocupa a Vila Cobra Coral no DF

A continuidade da política de remoções beneficia a especulação imobiliária, fazendo lucrar ainda mais a burguesia, enquanto trabalhadores são despejados sem direitos.

Governo Ibaneis desocupa a Vila Cobra Coral no DF
Reprodução/Foto: Correio Braziliense

Por Redação

No dia 29 de outubro, a Vila Cobra Coral, no Distrito Federal, foi palco de mais uma ação desastrosa do governo Ibaneis Rocha (MDB). Agentes do DF Legal, acompanhados pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) e o Sistema de Limpeza Urbana (SLU), realizaram a desocupação da comunidade, localizada na 613 Sul, ignorando a história e a luta de seus moradores, muitos dos quais vivem no local há décadas. A justificativa oficial para a operação foi o "combate ao avanço de parcelamento irregular em área pública". Entretanto, o que se viu foi a continuidade de uma política de remoções que beneficia a especulação imobiliária, sem oferecer alternativas reais para os mais vulneráveis.

O caso da Vila Cobra Coral expõe a hipocrisia do governo Ibaneis Rocha. A comunidade existe desde 1970, conforme atestado por documentos que comprovam a cessão da área ao fundador do Centro Espírita Pai Joaquim de Aruanda. Mesmo assim, o governo Ibaneis insiste em desconsiderar as raízes profundas da vila e o direito de seus habitantes à permanência. A área, atualmente conhecida como Parque de Uso Múltiplo da Asa Sul, só começou a ser regularizada em 2010, muito depois de a maioria dessas moradias terem sido erguidas. As autoridades preferem ignorar essa realidade, escolhendo agir em benefício de interesses que não incluem a população pobre e trabalhadora.

As ações do DF Legal não são casos isolados. O órgão tem sido constantemente denunciado por arbitrariedades, desde a apreensão de instrumentos musicais durante o carnaval até a truculência com ambulantes na Rodoviária do Plano Piloto. Cenas de violência, com policiais empurrando trabalhadores e apontando armas, demonstram o caráter repressivo dessas operações, que se alinham a uma política de criminalização da pobreza e exclusão social. A justificativa do DF Legal é sempre a mesma: "manter a ordem", enquanto a real intenção parece ser limpar o centro de Brasília de qualquer indício de trabalhadores que ousam desafiar a lógica do capital.

A política de moradia do governo Ibaneis Rocha é uma farsa que agrava a desigualdade no Distrito Federal. A desocupação da Vila Cobra Coral mostra a falta de compromisso com uma solução habitacional séria e popular. Enquanto isso, milhares de famílias são empurradas para as periferias, onde o acesso a serviços básicos como saúde, educação e transporte é precário ou inexistente. A promessa de programas habitacionais dignos tem se limitado à reafirmação de moradia como mercadoria, beneficiando especuladores e empresas privadas, enquanto a classe trabalhadora continua à mercê de uma política de remoção e violência.

Essa realidade não é exclusividade do Distrito Federal. O cenário nacional também carece de uma política de moradia que não seja moldada pelos interesses do mercado. Programas como o “Minha Casa, Minha Vida” têm falhado em combater o déficit habitacional, pois mantêm a lógica da financeirização e da especulação imobiliária. As ocupações urbanas, com seus laços comunitários e históricos de luta, são sistematicamente atacadas em nome de um suposto progresso urbano, que nada mais faz do que excluir e marginalizar ainda mais a população pobre.

É fundamental combater a segregação socioespacial e garantir que as classes populares possam habitar os centros urbanos, não apenas as periferias. Mais que isso, é necessário construir uma perspectiva que enfrente a propriedade privada em favor de uma sociedade mais justa, onde a terra e o teto sejam direitos garantidos.