Paralisação da UEFS denuncia destruição das universidades baianas

O ataque às universidades estaduais e à carreira pública foi um dos carros chefe do governo Rui Costa (PT), e Jerônimo (PT) mostra que seguirá o mesmo caminho.

Paralisação da UEFS denuncia destruição das universidades baianas
"A luta pela garantia de 7% da receita líquida de impostos (RLI) do governo estadual para o orçamento das universidades, e 1% para a permanência estudantil, já é pauta há mais de dez anos"

Estudantes da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) paralisaram, desde a última terça-feira, as atividades no campus. A greve foi motivada pelo quadro de déficit de professores enfrentado nas universidades estaduais baianas.

A paralisação, protagonizada inicialmente por estudantes de medicina, rapidamente teve adesão de todos os cursos e apoio da Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Feira de Santana (ADUFS).

De acordo com dados apresentados por representantes em assembleia, o problema não é novo, porém tem se agravado cada vez mais, acumulando um déficit em torno de duzentos docentes.

O ataque às universidades estaduais e à carreira pública foi um dos carros chefe do governo Rui Costa (PT), e Jerônimo (PT) mostra que seguirá o mesmo caminho. Os problemas na infraestrutura das salas de aula e laboratórios, os cortes e restrições nas políticas de permanência e assistência estudantil e os problemas no restaurante universitário somam-se ao não cumprimento dos direitos trabalhistas des docentes efetivos e temporários e des técnicos administrativos.

A luta pela garantia de 7% da receita líquida de impostos (RLI) do governo estadual para o orçamento das universidades, e 1% para a permanência estudantil, já é pauta há mais de dez anos dos movimentos docente e estudantil, protagonizados a partir do Fórum das 12. Apesar disso, as mesas de negociação restringem o debate e não avançam em um tema tão importante para a garantia do ensino público baiano. Muitos estudantes de baixa renda não conseguem se manter sem as políticas de permanência, tratadas muitas vezes como esmola, não como direito de todo o corpo estudantil.

Os governos petistas optaram por uma política de conciliação de classes, na qual trabalhadores e estudantes sempre saem perdendo. Jerônimo se vangloria pela entrega de viaturas policiais, que reforça o extermínio da juventude negra e periférica através do aparato militar, mas não avança nas negociações relacionadas aos direitos trabalhistas e garantia das universidades públicas.

A paralisação dos estudantes da UEFS, hoje em seu quarto dia, deixa evidente as consequências das medidas liberais dos governos petistas de restrição de gastos para educação. As universidades deveriam ser um direito para todes jovens e trabalhadores, mas continuam sendo um espaço restrito para aqueles que conseguem passar pelo gargalo do vestibular. O aumento do quadro docente, as lutas contra o sucateamento das universidades e por aumento orçamentário não estão desligadas do questionamento constante do caráter excludente que prevalece nas universidades brasileiras. A luta por uma Universidade Popular mostra justamente os limites que a educação e a produção científica mantêm dentro dessa sociedade capitalista.

As greves e paralisações que brotam da juventude mostram seu vigor para as lutas e toda sua combatividade. O avanço para uma greve estudantil entre as UEBAs será um marco histórico e uma alavanca para enfrentar os desmandos e restrições para a educação pública.