'Estética do POVO para o POVO X Estética dos COMUNISTAS para o POVO' (Vini G)

Devemos compreender como a Classe Trabalhadora Brasileira se enxerga enquanto povo, e a partir disso, debater a simbologia da vanguarda proletária brasileira

'Estética do POVO para o POVO X Estética dos COMUNISTAS para o POVO' (Vini G)

Por Vini G para a Tribuna de Debates Preparatória do XVII Congresso Extraordinário.

Não levem em consideração o que foi escrito na chamada, é uma provocação para chamar a atenção ao que estou me propondo a debater com os camaradas.

O pensar a estética brasileira é um assunto que tomou maiores proporções dentro da webesfera comunista brasileira há pelo menos 04 meses, mesmo sendo uma discussão real e de tempos, e que até o momento, pelo menos ao meu ver muito se discutiu sobre a estética comunista brasileira ou estética a ser adotada pelo PCB-RR, como nome e simbologia, e muito pouco sobre a estética que de fato representa o povo brasileiro. O pouco que vi sobre essa discussão foi na Tribuna: "Arte periférica é a arte revolucionária, a inserção no meio dos jovens proletários", de contribuição anônima.

A proposta não é debater desassociando o Movimento Comunista, do Povo Brasileiro, no momento em que ainda estamos estruturando nosso programa, avançando com debates mais do que necessários, diria até “atrasados” (no sentido de serem mais do que urgentes), através das tribunas, plenárias e dentro das células, nossas energias devem ser direcionadas para a construção de uma revolução proletária brasileira a partir de nossa identidade e de se reconhecer como povo brasileiro. Não adianta acharmos legal uma vestimenta escrito “MORTE AO FASCISMO” e/ou “PODER POPULAR”, escrever poemas, músicas e até literatura se utilizando de dialeto marxista, o que também não há problema algum, mas que de imediato a maioria de nós, proletários, não se identificará, está abastado da realidade da maioria de nós o uso desses termos. Não que tenhamos que abandoná-los, pelo contrário, é necessário “dar nome aos bois”, mas será que não estaríamos, do dito popular, “pregando para convertidos”? Quando isso de fato começaria a dialogar com a massa da população?

Escrevo essa tribuna visando discutir com os camaradas que todos nós podemos criar, desenvolver e se representar, dentro do momento histórico presente, a estética brasileira. E quando digo brasileira e não comunista, não as separo, coloco em ponto de observação até onde essa estética não é meramente comunista, e nada mais do que isso. É importante que não esqueçamos das tradições e tudo que o movimento comunista internacional produziu, mas principalmente, não podemos deixar atrás disso o que o proletário que sabe que é explorado, que não descansa, não come bem, não tem lazer e que não é comunista, produz e produziu. Deve-se estar ao lado. Já temos o Maracatu BRASILEIRO, Samba BRASILEIRO, Xaxado BRASILEIRO, Grafite e Picho BRASILEIRO, Mandrake BRASILEIRO e dentre outras formas de nos compreender como brasileiros.

É somente uma introdução ao que acredito ser uma discussão que devemos despender mais energia, em compreender como a Classe Trabalhadora Brasileira se enxerga enquanto povo, e a partir disso, poderemos debater a simbologia da vanguarda proletária brasileira. Deixo aqui alguns exemplos (da música que tenho mais afinidade, mas isso pode se refletir para outros campos e artes) do que podemos ter como norte a estética que devemos discutir no momento: Baiana System, El Efecto, Chico Science & Nação Zumbi, Don L, Milton Nascimento, Criolo, Martinho da Vila, Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Cartola, Tião Carreiro & Pardinho, Clara Nunes, Jorge Ben, Elza Soares… e tanto outros que já conhecemos ou não.